A vida em home office vai mudar a vida dos estagiários? A atual legislação sobre esse tema não é clara sobre a possibilidade de um jovem cumprir sua jornada de estágio de casa, todo o tempo. Mas deverá sofrer modificações, até em função da pandemia, para garantir uma tranquilidade legal para todas as partes envolvidas. Essa é a avaliação de Débora Nascimento, diretora-geral do Grupo Capacitare.
“A pandemia e o isolamento nos levaram a experimentar essa novidade nos programas de estágio de todo o país. Muitos jovens e seus gestores se adaptaram fácil e até reportam que nunca tiveram tanta interação e contato entre si, nem quando estavam sentados a poucos metros um dos outros”, diz ela. Esse seria um bom indicativo de que, a distância, o processo funciona. Mas obviamente existem alguns percalços ou obstáculos a serem vencidos.
Obstáculos no estágio em home office
Por exemplo, muitos jovens, apesar de terem a tecnologia como aliada e natural no seu dia a dia, enfrentam o desafio de trabalhar em um ambiente (em casa) que não está preparado para isso. Em alguns casos, faltam ferramenta e o silêncio. “Em outros, o contato com outras áreas, aquele workplace bacana que ansiavam viver como novos profissionais entrando no mercado”, ilustra Débora. E esses empecilhos acabam criando nesses profissionais a decepção de terem de estagiar em um cenário que não é aquele tão sonhado.
Leia mais: o home office veio para ficar
Ela acredita que o caminho mais provável para equacionar essa questão será alternar idas à empresa e trabalhos remotos. “Para os estagiários, talvez isso demore a acontecer, pois a lei de estágio não é clara quanto ao home office para eles. O home office, agora, está liberado por força da excepcionalidade que estamos vivendo, mas torço que nossos legisladores reflitam que essa é uma possibilidade que precisa ser oferecida também para os estagiários, claro que com toda segurança, suporte e supervisão das empresas e gestores”, avalia.
Os cuidados no onboarding dos estagiários em um modelo 100% virtual
Para Débora, quando se fala em cuidados com o acolhimento, com o onboarding desses jovens numa empresa, em uma época de home office, a primeira coisa a ser levada em conta é ouvir esse jovem profissional. “Compreender como ele entende que pode render e performar com qualidade nesse ambiente virtual. Quais recursos ele precisa?”, exemplifica.
Outro ponto importante é definir um rotina e plano de trabalho. Além dele, também é preciso estabelecer um canal contínuo de trocas, para que ele se sinta seguro em tirar duvidas e contribuir com o time. “E, por fim, ser claro e transparente. Entender que o que é básico para a gente num ambiente corporativo, mesmo que de relacionamento virtual, para ele pode ser uma grande novidade! Lembre-se de quando você começou e as inúmeras dúvidas que tinha. Nem saber como atender o telefone da empresa a gente sabia! Então, volte no tempo, se faça aprendiz de novo, e reveja tudo que você precisa orientá-lo nessa fase de carreira e de vida”, aconselha Débora.