Entrevista

A “operação quarentena” da Algar Tech

O diretor de Gente da companhia conta como vem mantendo a comunicação com as equipes remotas de modo a preservar a saúde do negócio

A Algar Tech, assim como praticamente todas as empresas do mundo, foi diretamente afetada e levada a repensar a atuação com o agravamento do novo coronavírus. De que forma a companhia se reorganizou para enfrentar a pandemia? E conseguir, ao mesmo tempo, proteger os colaboradores e manter o motor da Algar funcionando como sempre?

“A pandemia impactou nosso negócio, o de nossos clientes e fornecedores”, resume Júlio César Emmert, diretor de Gente da Algar Tech.

Inicialmente, no quebra-cabeças conduzido por Emmert, metade da equipe foi mandada para casa, de forma preventiva, para então serem feitos todos os ajustes na transição para home office. O resultado é que mais de 70% dos 11 mil associados, como são chamados os colaboradores, estão em trabalho remoto.

Do mesmo modo, assim que a crise começou, a equipe de Emmert passou a monitorar a situação de perto e a seguir as orientações das autoridades públicas de saúde. Também foi preciso ampliar alguns dos benefícios concedidos aos associados, adaptar e criar novas soluções, reforçar o atendimento digital, a comunicação com associados e clientes.

“Tudo isso, enquanto tomávamos todas as medidas possíveis para preservar a saúde do nosso negócio e para nos colocarmos à disposição dos stakeholders, como parceiros neste momento de crise”, diz.

Aliás, a saúde da Algar, por sinal, vai bem. A companhia continua contratando e foi reconhecida entre as melhores empresas para as mulheres trabalharem no Brasil, em 2020. Premiadas na categoria de empresas de grande porte no ranking do GPTW Mulher, da consultoria global Great Place to Work.

A “operação quarentena” da Algar Tech no enfrentamento do novo coronavírus foi o tema da entrevista que o diretor concedeu à MELHOR. E que você acompanha, a seguir.

“No ‘novo normal’, vamos fomentar ainda mais o anywhere office”, afirma Júlio César Emmert, diretor de Gente da Algar Tech.

Como foi a reorganização das rotinas em função da quarentena?

Com o home office em vigor, foi preciso reorganizar as rotinas, mas sem perder nossa essência. Os supervisores seguem falando todos os dias com os atendentes, mantivemos sessões de coaching, feedbacks. E em alguns casos tornamos as interações mais frequentes. Temos organizado lives para conversar com nossos associados e entender as principais dúvidas, criamos uma assistente virtual, a Sara, para dar suporte sobre o novo coronavírus aos colaboradores e temos reuniões diárias da diretoria para entender as principais dores do momento e como resolvê-las de forma mais rápida.

Repensamos uma série de processos, desde a aprovação de documentos até a aquisição de talentos, de modo a tornar tudo adaptado para ser feito de forma remota, virtual.

O que os líderes estão fazendo para manter seus times coesos, especialmente se parte dos funcionários estiver no esquema de home office?

Acima de tudo, a essência do nosso trabalho e da forma como trabalhamos segue a mesma, nós já usamos muita tecnologia para acompanhar a performance operacional dos negócios e os indicadores de resultado.

Todas as práticas da liderança que antes aconteciam nos sites foram mantidas, mas são feitas à distância. Para manter o engajamento e o nível de serviço do nosso negócio, sabemos que é preciso preservar a saúde e integridade das pessoas que são parte da operação. Essa tem sido nossa prioridade desde o início.

Por outro lado, no dia a dia, fizemos questão de manter as conversas com os associados e introduzimos lives e soluções internas para tirar dúvidas porque sabemos que, se os times não estiverem engajados e os atendentes não estiverem seguros, o próprio atendimento será afetado. O desafio é recriar, a distância, o ambiente colaborativo de trabalho, compartilhando dicas, boas práticas, trocando experiências e com ações motivacionais para este novo momento.

O RH está oferecendo algum tipo de treinamento e/ou suporte para a liderança nesse período?

Sim, uma das primeiras ações foi chamar todas as lideranças para conversar, em lives especiais para isso, e discutir o momento que estávamos vivendo e como seria a gestão a distância a partir de então. Trouxemos para eles dicas não apenas sobre como gerir o time, mas também sobre como cuidar de sua saúde psicológica e da equipe.

Além disso, nossa área de Talentos Humanos tem acompanhado todos os processos durante a pandemia, desde a criação e participação do comitê de crise da COVID-19 até as conversas com as equipes para identificar as principais necessidades e desafios no dia a dia.

Mesmo a distância, temos feito sessões de coaching, mantivemos as trocas durante os feedbacks e trabalhamos de perto com os gestores por meio de guias e orientações para monitorar questões psicológicas e físicas dos associados, replicar o ambiente de cooperação que tínhamos no site. Também conseguimos firmar algumas parcerias com instituições que oferecem treinamentos online aos líderes.

Qual vem sendo o maior desafio do RH para atravessar a pandemia?

Uma das questões mais imediatas foi manter a comunicação alinhada com todos os colaboradores, para garantir que o nível de serviço siga o mesmo. Uma das nossas prioridades é preservar a saúde das pessoas enquanto mantemos a produção e qualidade dos nossos serviços. A área de Talentos Humanos tem um papel muito importante para transmitir segurança e informar tudo que está sendo feito dentro da empresa, para todos os níveis da organização.

Outro grande desafio é atrair nossa pessoas com as competências que precisaremos para o “novo normal” e receber os novos associados de modo a fazê-los sentir-se parte da Tech mesmo à distância.

Contudo, precisamos conseguir manter em andamento todos os processos que já estávamos trabalhando ligados a transformação cultural. Se por um lado perdemos um pouco aquele contato diário que tínhamos na atividade presencial, por outro conseguimos aproveitar o momento para intensificar a digitalização das relações com nossos associados e tornar nosso negócio ainda mais inovador.

Do ponto de vista da saúde mental, há algum projeto ou ações pontuais em andamento?

A saúde dos nossos associados foi uma prioridade desde o início, tanto a física como a mental. Além de buscar transmitir o máximo de tranquilidade para os colaboradores através de uma comunicação clara e prestativa, ampliamos alguns benefícios que já eram concedidos pelo Grupo Algar. Abrimos o serviço de assistência psicológica e médica à distância (Psicologia Viva e Dr+ Saúde, respectivamente), a todos os associados, com profissionais à disposição 24h por dia para toda a equipe.

Igualmente, estamos divulgando ferramentas e canais no Instagram que oferecem lives de exercícios físicos, o que ajuda também na saúde mental. Tivemos uma adesão muito relevante às ferramentas, com um aumento de mais de 200% no uso dessas soluções após o agravamento da pandemia. Fora isso, os gestores mantêm diariamente contato com os associados para, não só apoiar as atividades, como também monitorar como está a saúde física e mental da equipe.

Com a realidade do Covid-19, novas necessidades devem ter surgido por parte dos colaboradores. Pode comentar o que mudou em termos de benefícios?

Temos acompanhado desde o princípio as necessidades dos associados e buscado ao máximo adaptar benefícios às condições atuais de trabalho. Um exemplo é a ampliação dos canais de atendimento médico e psicológico à distância que comentei acima. Outro aspecto é a flexibilidade: no caso de atendentes que passaram a trabalhar de casa, deixamos de fornecer vale-transporte e, em troca, passamos a oferecer uma ajuda de custo para as despesas do home office.

Ao mesmo tempo, outra ação buscando o bem-estar das nossas pessoas foi aderir, junto com o Instituto Algar, a uma iniciativa para levantamento de fundos para a distribuição de cestas-básicas e kits de higiene para famílias em risco alimentar. Essa iniciativa está aberta também para que nossos associados indiquem famílias nessa situação de modo a sentirem-se ajudando também a comunidade.

Temos, atualmente, um parceiro que oferece crédito aos nossos associados com juros reduzidos, porém não observamos, no momento, um aumento expressivo nos pedidos.

Como estão se preparando para a volta pós-pandemia? O que deverá mudar daqui para frente?

O que temos feito diariamente dentro da Algar Tech é trabalhar como se a situação atual fosse permanente. Claro que isso tudo vai passar e muitas das transformações não seguirão nessa mesma intensidade, mas acreditamos fortemente que teremos um “novo normal”, em que vamos fomentar ainda mais o anywhere office e em que precisaremos adaptar nossas soluções para pessoas trabalhando fora dos nossos sites.

Enfim, neste momento, estamos estudando o impacto que essa pandemia terá em cada indústria, analisando como a forma dos consumidores se relacionarem com elas será alterada e planejando como nós, enquanto prestadores de serviço, poderemos ajudar. Já temos uma equipe trabalhando num planejamento pós-coronavírus, mas acreditamos que muitas transformações do período atual seguirão, em menor ou maior escala. [Inês Pereira]

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