Manter o bem-estar emocional em dia
Saúde

Manter o bem-estar emocional em dia

Para cuidar da saúde emocional dos funcionários, empresa incentiva conversas sobre sentimentos durante a pandemia

Em meio à pandemia, como cuidar para que a saúde mental dos colaboradores fique em dia? Uma saída é ouvir o que cada funcionário tem a dizer sobre o que sente. Ao menos foi esse o caminho adotado pela multinacional Takasago.

Empresa de aromas e fragrâncias, com operação em 26 países, a Takasago deu início a um projeto com foco na saúde mental e emocional de seus mais de 100 colaboradores, realizando quatro encontros virtuais com a participação de pessoas em seus postos de trabalho em também de quem está atuando em regime de home office. E o tema dessas conversas? Sentimentos.

A preocupação não é à toa. Uma pesquisa da Universidade do Arizona, nos EUA, estima que entre um terço e metade da população exposta a uma pandemia pode vir a sofrer algum problema psicológico. No ambiente de trabalho, isso pode se traduzir, além do prejuízo à saúde da pessoa, em queda de produtividade. E não saber lidar com as emoções e sentimentos nas relações no trabalho acabam gerando mais erros cometidos por um profissional do que por incompetência técnica dele.

Além disso, a falta de um acompanhameto de como está a saúde a emocional do colaborador pode, em alguns casos, ajudar a agravar um quadro já existente e desencadear a Síndrome de Burnout. Aliás, a síndrome já foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS) e deve entrar em vigor a partir de janeiro de 2022.

Encontros para compartilhar sentimentos

Voltando a falar dos cuidados com a saúde mental dos colaboradores na Takasago: um dos encontros virtuais de destaque com os funcionários foi o “Taka – Tamo Junto (TMJ)”. Ele teve o formato de palestra, sendo enriquecido por experiências baseadas em técnicas e estudos realizados em todo o mundo, possibilitando aos colaboradores a sensação de liberdade para compartilharem seus sentimentos e emoções e para trabalharem questões ligadas à Inteligência Emocional com leveza e reciprocidade.

Patrícia Karam, da Takasago, reforça que as equipes são orientadas às experiências sensoriais
Patrícia Karam, da Takasago: equipes orientadas às experiências sensoriais

“O DNA japonês valoriza muito o respeito pelas pessoas. Nosso core business, que envolve fragrâncias e aromas, já faz com que as equipes sejam muito orientadas às experiências sensoriais e, principalmente neste momento, nada é mais importante do que estimular também outras sensações, que envolvem as emoções de cada um e como time”, conta Patrícia Karam, gerente de recursos humanos da Takasago. Nesse trabalho com os colaboradores, foram conectados os três pilares da empresa, denominados 3Ts: trust (confiança); teamwork (trabalho em equipe); e technology (tecnologia).

Virgina Planet, uma das fundadoras da House of Feelings (HoF), consultoria especializada em auxiliar empresas com os sentimentos de seus colaboradores, explica que com Inteligência Emocional é possível gerenciar nossas próprias emoções, bem como responder aos sentimentos dos outros.

Veja mais: o poder da Inteligência Emocional

Ela explica que, para ser emocionalmente inteligente, a pessoa precisa reconhecer o que sente. “Dessa maneira, as tomadas de decisão acabam sendo mais assertivas, o clima organizacional fica mais leve e a própria organização sai ganhando com níveis mais altos de produtividade”, afirma. Também fundadora da HoF, que implementou o projeto na multinacional japonsa, Lisia Prado reforça a necessidade do cuidado necessário, em situações como estas, ao conversar sobre assuntos não tão comuns.

Virgina Planet e Lisia Prado, da House of Feelings: importância da Inteligência Emcional
Virgina Planet e Lisia Prado, da House of Feelings: importância da Inteligência Emocional

Pesquisa mostra que 74% dos empresários ouvidos afirmaram que pretendiam incorporar o bem-estar à estratégia geral de benefício

Expandir o foco para o bem-estar emocional

Falar de emoções e sentimentos é uma das facetas para cuidar de um tema que vem ganhando mais destaque: o bem-estar emocional – ainda mais em um período de isolamento ou distanciamento social. Mais do que nunca, também é papel das empresas ter atenção quanto à saúde mental dos empregados. É o que avalia a diretora da área médica da consultoria Willis Towers Watson, Walderez Tuma Fogarolli.

Ela conta que alguns pacotes de benefícios corporativos já incluem o estímulo para a prática da yoga ou oferecem a opção de reembolso para casos de consultas com psicólogos. “Muitas empresas têm buscado soluções para seus funcionários, negociando reembolso para terapia online com as operadoras. Este é um momento de ajuste em algumas situações, mas certamente essa é uma tendência que veio para ficar”, explica.

De acordo com a pesquisa Benefit trends, realizada no ano passado pela Willis Towers Watson, 30% das empresas afirmavam estar expandindo o foco e atenção para bem-estar emocional e 74% dos empresários ouvidos afirmaram que pretendiam incorporar o bem-estar (considerando fatores como financeiro, saúde física, bem-estar emocional e estresse) à estratégia geral de benefício.

Para quem está trabalhando de forma remota, é preciso estipular regras a fim de evitar desentendimentos e estresse desnecessários. “A conversa precisa ser clara. Uma frase enviada por e-mail pode ser interpretada de várias maneiras e existe a tensão de alguns quanto a manutenção do emprego diante da situação de crise”, afirma Walderez.

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail