Os recentes movimentos antirracistas em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil, acenderam os refletores para diversas marcas. As ações, no entanto, não mudam a realidade da baixa representatividade de negros nas empresas.
Na prática, os negros estão pouco presentes em cargos de suporte, média e alta gestão. É o que revela levantamento da VAGAS.com. De acordo com o levantamento, os negros representam 8,9% dos cargos de nível pleno ante 13% dos brancos e 12% dos amarelos.
No cargo de direção é onde se constata a diferença mais acentuada: 0,7% das posições são ocupadas por negros enquanto os brancos, amarelos e indígenas aparecem com 2%, cada.
Os negros só são maioria frente às demais raças em posições operacionais (47,6%) e técnicas (11,4%).
“São dados extremamente alarmantes e que comprovam a clara presença do racismo no mercado de trabalho. Os números mostram que esse público é totalmente discriminado, tendo mais espaço em cargos operacionais. Essa discrepância fica ainda mais notória quando analisamos o nível de graduação de todas as raças, comprovando que há uma clara distinção de oportunidades para os negros, especialmente em posições de suporte e gestão”, explica Renan Batistela, integrante do comitê de Diversidade & Inclusão da VAGAS.com.
Em outros níveis hierárquicos, os negros também têm participação menor em relação aos outros grupos. É verificado em níveis de suporte à gestão como júnior (6,3% X 8% amarelos e 7% brancos), pleno (8,9% X 13% brancos e 12% amarelos) e sênior (3,5% X 6% brancos e amarelos, cada). Em cargos de alta e média gestão, a desigualdade racial continua escancarada: supervisão/ coordenação (8,3% X 12% amarelos, 11% brancos e 10% indígenas) e gerentes (3,4% X 7% brancos e 6% amarelos).
Os dados declarados de grau de instrução reforçam a discriminação com os negros no mercado de trabalho.
De acordo com o levantamento, os negros ocupam as maiores participações em formação concluída em quase todas as faixas de ensino (fundamental, médio, profissionalizante e superior), exceto em pós-graduação.
“Detectamos que há um racismo estrutural, velado, que prejudica a justa inserção da população negra no mercado de trabalho”, finaliza Renan.
O levantamento foi realizado em agosto deste ano considerando o nível de cargo cadastrado pelos usuários da VAGAS.com.br e que preencheram o campo de declaração racial, ferramenta disponível na plataforma desde abril deste ano.