O distanciamento físico trouxe uma série de desafios, que levou a Braskem a se adaptar rapidamente ao cenário da pandemia. Como ocorreu com a imensa maioria das empresas, o RH também redesenhou as formas de relacionamento com as lideranças e com todos os colaboradores.
A adoção mais fortemente do flex office para todos os integrantes que atuam em áreas administrativas, tornou-se um foco essencial para a Braskem, desde março.
“Esta já era uma prática do nosso dia a dia e, assim, conseguimos garantir a mesma qualidade de atendimento aos clientes e gestão das nossas
operações”, conta Kriscia Galvão, diretora de Pessoas e Organização – Manufacturing & Global Operations.
Nas fábricas da Braskem, as equipes passaram a operar de forma reduzida, garantindo medidas preventivas de higienização e distanciamento social nos ambientes de circulação comuns, bem como cuidados especiais com equipes que trabalham em regimes de turno.
“No contexto de negócios, a operação e o fornecimento de
produtos para o mercado seguem normalmente, sem grandes impactos,
pois nos adaptamos rapidamente ao cenário“.
Parte das soluções da Braskem são utilizadas para produção de itens essenciais para ajudar no combate à covid-19, como os EPIs e embalagens para álcool gel e líquido, além de componentes para respiradores
mecânicos. “Nosso propósito de melhorar a vida das pessoas por meio da
química e do plástico nunca fez tanto sentido”.
A pedido do site da MELHOR, a diretora compartilhou a experiência da companhia para atravessar a pandemia.
Como a Braskem pretende realizar o retorno pós-pandemia?
As medidas de combate à pandemia têm proporcionado ensinamentos
para todos os negócios, e para a Braskem não está sendo diferente. Uma série de práticas que reforçam o lado humano da empresa e a
atuação de uma liderança mais preparada para lidar com incertezas
estão sendo incorporadas ao dia a dia.
Antes mesmo da pandemia de covid-19, já discutíamos o uso de
ferramentas digitais/virtuais para aumentar a produtividade e oferecer
melhores experiências aos nossos stakeholders. O cenário de
adversidades imposto pelo novo coronavírus acelerou esse processo e
hoje já estamos realizando treinamentos e simulados com grupo
operacional de forma virtual. Além disso, as reuniões que antes eram feitas de forma presencial foram intensificadas no ambiente virtual.
Outro exemplo que deve ser seguido no pós-pandemia é o caso das
equipes de Customer Services, que até então atendiam a partir do
nosso escritório em São Paulo (SP). Na quarentena, por meio da
adoção do flex office para todo esse time, o atendimento aos
clientes segue normal, com a mesma agilidade e qualidade.
Apesar do momento triste e delicado para nós como sociedade,
desafios impostos pela covid-19 nos permitem experimentar a
combinação entre a relação de proximidade com nossos clientes, que
é a essência de nossa forma de atuação, com contato por meio de
ferramentas digitais/virtuais. Acreditamos que esta nova combinação
poderá alavancar nossa interação com o mercado, aumentar
produtividade e gerar valor para cadeia.
Há um planejamento do RH no sentido de rever os benefícios dos
colaboradores?
Estamos acompanhando com muita atenção todos os impactos
deste período atípico no dia a dia dos nossos integrantes. Criamos a
plataforma virtual #CuidandoDaGente — um espaço na nossa
intranet com o objetivo de compartilhar iniciativas e dicas para
cuidar do bem-estar físico, mental e social.
Por meio desta plataforma, apoiamos o trabalho remoto e o aprimoramento profissional a partir do compartilhamento de ferramentas que podem facilitar a rotina de trabalho, de informação sobre como liderar equipes, por exemplo, e de treinamento com foco em áreas como Tecnologias Digitais, Mindset Ágil e Inteligência Emocional, entre outros.
Além disso, implementamos dentro da plataforma o programa de apoio
emocional que tem como objetivo dar suporte aos integrantes e seus
familiares de forma preventiva, ou caso precisem de um apoio
específico neste momento de pandemia.
Como as lideranças estão sendo preparadas para lidar com questões
subjetivas que podem despontar em membros da equipe?
A saúde emocional dos nossos integrantes é tema de muita
relevância para nós, desde antes do período de pandemia.
Sempre estivemos atentos às necessidades individuais, buscando ao
máximo a convivência harmônica em um ambiente saudável, criativo e
inovador.
Fortalecemos a estratégia de comunicação com a alta liderança, trazendo por meio de lives o acolhimento necessário para as
pessoas, bem como visão integrada de todas as medidas que estão
sendo adotadas pela Braskem. Começamos esse processo pelo CEO e
vice-presidentes da empresa e a ação envolveu diretores, gerentes,
grupo operacional e integrantes das áreas administrativas.
Também iniciamos um processo de “check-in”, tanto para integrantes
que estão trabalhando nas nossas plantas, como para os que estão em
flex office. O objetivo é estimular cada vez mais um ambiente de
diálogo no qual o integrante se sinta à vontade para contar como tem
sido a sua rotina de trabalho, como está se sentido emocionalmente,
como tem aproveitado os momentos fora do ambiente profissional.
Essa iniciativa contribui para a humanização das relações de trabalho,
cria um processo mais empático dentro do ambiente corporativo e faz
com que os integrantes se sintam ainda mais valorizados, confiantes e com
mais autoestima. Além disso, é mais uma alternativa para garantir o nível
de atenção e concentração que precisamos nas tarefas diárias e,
consequentemente, a segurança de todos, principalmente nas nossas
operações.
Visando entender e aprofundar a relação destes aspectos com o ambiente de trabalho, desenvolvemos, ainda, o “Termômetro do Bem
Estar”, uma ferramenta no modelo “pulse” que tem como objetivo aferir
a energia e sentimentos de nossos integrantes que estão trabalhando
em flex office ou nas plantas.
Os resultados trazem sinalização sobre nível de ansiedade, equilíbrio
entre vida pessoal e profissional e se as pessoas se sentem produtivas e
com foco e concentração necessários para o trabalho.
Cada vez mais percebemos a necessidade de desenvolver nossos líderes
para estas novas competências. Já implementamos ferramentas de
apoio e outras estão sendo elaboradas para quando tivermos normalização de atividades.
Do ponto de vista de recrutamento e seleção, o que o
isolamento social e o “novo normal” trazem de mudanças nesses
processos?
Uma das principais características dos nossos processos seletivos
é justamente trazer adaptabilidade necessária para conhecer a
essência das pessoas. No nosso programa de estágio, por exemplo, a
porta de entrada para a companhia, além dos processos que garantem
que haja diversidade, em que o responsável pela escolha não tem acesso
a informações como origem, faculdade e idade dos candidatos, nós
também utilizamos a tecnologia para que os candidatos e a empresa
possam se conhecer e descobrir se há sinergia entre ambos.
As etapas principais já são feitas à distância (processo de inscrição,
testes interativos de conhecimento relacionados aos temas da Braskem e
entrevistas por vídeo). Apenas as duas últimas etapas são
presenciais (dinâmicas em grupo e bate-papo com os líderes). E estamos
avaliando um formato diferente, respeitando as medidas preventivas
para garantir a segurança e a saúde de todos os envolvidos.
Sobre a inclusão de novos integrantes sem a possibilidade de um contato
presencial, o desafio é grande. Teremos que aprender a criar vínculos e
estabelecer a relação de confiança a distância.
Nossos líderes estão sensibilizados e no programa de novas
competências este tema está sendo contemplado. Além disso, novas tecnologias e fortalecimento do “onboarding”, adequado
a cada realidade, estão sendo praticadas.
Depois desses meses de isolamento social, home office,
modificações forçadas no modus operandi, o que fica de lição ou reflexão para o RH?
O isolamento social tem proporcionado ensinamentos para todos nós,
tanto como sociedade, quanto para os negócios. Enxergamos ainda mais valor nas relações humanas e na importância da proximidade, mesmo que virtualmente, para o desenvolvimento de todos, seja no âmbito pessoal ou profissional.
Nossa área de Pessoas, de uma forma geral, já estava em plena
transformação. Com todos os desafios impostos pela pandemia, muitas
práticas vão surgir ou serão repensadas. Ao mesmo tempo em que temos
um cenário de adversidades, temos também um período para testar o que
funciona melhor no ambiente virtual e o que funciona mais
presencialmente — aprendizado que pode potencializar nossas relações.
A Braskem é uma empresa inovadora, à frente do seu tempo e, em
algumas questões, como o flex office, o cenário atual apenas nos ajudou
validar iniciativas e processos nos quais já acreditávamos.
Vocês estão considerando a permanência desse modelo de
trabalho?
O flex office entrou na nossa rotina há cerca de dois anos como
parte do BeUX (Be = seja, U = Você e X experiência = seja você
mesmo e curta esta experiência aqui conosco), nossa Proposta de Valor
que representa nosso compromisso com os integrantes. Nesta plataforma, elencamos sete pilares fundamentais, que funcionam como uma diretriz para a evolução de nossas práticas e processos.
Ainda é cedo para avaliar se o trabalho remoto será adotado de forma
permanente. Mas, com certeza, esta experiência seguirá cada vez mais
presente em nosso dia a dia, em linha com as crenças que já tínhamos e
que foram validadas nessa fase. [Inês Pereira]