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As empresas e o jovem trabalhador

Para inovar e combater desemprego, empresas precisam absorver jovens por meio de programas de estágio e aprendizagem

Em um país com tantas carências como infelizmente é o caso do Brasil, há muita dificuldade para definir as prioridades que nos ajudam a amenizar esse quadro que trava o desenvolvimento sustentável. No entanto, não há dúvida que deve ser incluído na lista de ações prioritárias o combate ao desemprego, em geral, e ao do jovem, em particular.

Os números referentes a esse assunto são assustadores. Convivemos com uma taxa de desemprego de 14%, segundo o IBGE, o que significa 13,5 milhões de pessoas sem emprego formal. Quando se trata de jovens, os dados são ainda mais preocupantes: entre 18 e 24 anos de idade, a taxa de desemprego é de 29,7%, ou seja, um em cada três brasileiros dessa faixa está sem trabalho formal.

Dois fatores ajudam a piorar esse cenário. O primeiro deles é que a pandemia do novo coronavírus atingiu em cheio o mundo do trabalho e aponta para uma piora maior à frente; o outro é que o Brasil tem um contingente de 32 milhões de trabalhadores informais.

Estamos, portanto, diante de uma realidade que exige de todos nós ações imediatas para que esse sério problema não cresça ainda mais. Nesse sentido, entre outras tantas medidas, cabe às empresas papel fundamental. Elas precisam se mobilizar para absorver ao menos parte desses jovens trabalhadores sem ocupação.

Não se trata de uma iniciativa meramente filantrópica: as empresas também têm muito a ganhar com a absorção de mão de obra jovem, de grande importância para trazer “oxigênio” aos negócios os quais, por sua vez, precisam como nunca de inovação para se manterem competitivos.

Felizmente, temos constatado no nosso trabalho no CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), que possibilita a integração de adolescentes e jovens ao mundo do trabalho, uma crescente conscientização das empresas em relação a esse quadro. No entanto, nossa experiência mostra também que as companhias se ressentem muitas vezes de falta de orientação e de soluções criativas que as ajudem a encontrar, contratar e manter essa mão de obra jovem.

Os dados do CIEE revelam que há quantidade e qualidade de sobra para que as empresas tenham sucesso nessa empreitada. Apenas no CIEE existem 4,6 milhões de jovens cadastrados que sonham com uma vaga de emprego. Para a absorção de uma fatia expressiva desses trabalhadores, temos programas de aprendizagem e de estágio e, além disso, foi criado recentemente o programa Jovem Talento CIEE.

De olho na necessidade de se adequar a uma realidade trazida por estes tempos de incerteza econômica, essa nova alternativa para os empresários associa a necessidade de racionalizar custos com a demanda por mão de obra cada vez mais qualificada.

A aceitação desta inovação por parte das empresas tem sido animadora. Elas enxergam as vantagens de contratar jovens do Ensino Médio, que fazem 6 horas por dia de estágio, incluindo nesse período uma hora para capacitação. Além disso, passam a contar em seus quadros com estudantes interessados em várias áreas, como Administração, Ciências Contábeis e Tecnologia de Informação, entre várias outras, que terão oportunidades para se capacitar em habilidades pessoais e profissionais, como por exemplo trabalhar nos programas do pacote Office, fazer planilhas elaboradas ou produzir peças de comunicação, entre várias outras.

Dessa forma, as empresas passam a contar com jovens que estarão cada vez mais preparados para atender às necessidades de companhias de diferentes setores de atuação. Essas companhias estão se mobilizando e com isso unindo o útil ao agradável: conseguem recrutar jovens com as habilidades necessárias para o crescimento dos negócios e ajudam a amenizar o sério problema social causado pelo desemprego, já que a maioria desses trabalhadores é fonte importante (quando não a maior) de renda para suas famílias.

Ajuda-se, assim, a formar um círculo virtuoso. Aos poucos, em trabalho conjunto com as empresas, vamos criando um quadro que evita deixar os jovens sem renda e, mais importante, sem esperança. Não há como fortalecer de verdade um país quando os jovens ficam em segundo plano.

É uma situação inadmissível, que precisa ser revertida o mais rapidamente possível. Ânimo e criatividade não faltam para que isso aconteça. Contando com a atuação de todas as partes envolvidas, estamos dando nossa parcela de colaboração para que esse importante objetivo seja alcançado.

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Humberto Casagrande

CEO do CIEE

Humberto Casagrande é CEO do CIEE. É engenheiro de Produção pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR e Mestre em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP. Acumula ampla experiência no mercado financeiro, tendo sido conselheiro da Bolsa de Valores de São Paulo – BOVESPA. Atuou como diretor de diversas instituições bancárias como Sudameris, Fator, Citibank e Banespa. É ex-presidente e fundador da APIMEC Nacional – Associação Brasileira dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais.