Como gestora da área de Gente & Gestão na Unisoma, comecei 2020 com alguns desafios para o time: promover cada vez mais a equidade de gênero – não apenas na quantidade de homens e mulheres, porque isso já é equilibrado, mas em oportunidades e reconhecimento genuíno entre pares; e driblar o perfil predominante de colaboradores mais introspectivos (comum em ambientes tecnológicos), conseguindo mais engajamento, expressão e motivação.
Nem bem começamos o ano e tudo mudou. O home office decretado “da noite pro dia” por conta da pandemia. Esse não foi um ponto de dúvida, porque de fato a integridade física da equipe era prioridade. O interessante foi perceber que as ações tomadas ao longo do ano, focando nas necessidades das pessoas, obedeciam aos preceitos trazidos por Maslow. Tudo regado a muita criatividade por conta da nova situação do trabalho à distância.
Fisiológicas
Como todos já possuíam seu laptop, tivemos grande facilidade em colocar o time 100% em home office. Na sequência, tivemos um olhar para as demais necessidades fisiológicas, que em nosso contexto trazia um reflexo direto com a ergonomia para o trabalho. Liberamos então a retirada de vários itens do escritório como cadeiras, suportes de laptops e pés, além de itens de produtividade e conforto como teclado, fone e o segundo monitor. A organização do tempo e das demandas, também estão relacionadas às necessidades fisiológicas, então solicitamos aos times que fizessem seus acordos de horários, ritos, rotinas e comunicação.
Segurança
Dada a instabilidade do momento, criamos a sala de crise (composta pela alta liderança) para acompanhar mais de perto os movimentos externos que geravam impactos internos. Com o objetivo de passar mais segurança a todos, intensificamos nossas comunicações. Prezando pela transparência, que é um de nossos valores, as informações e indicadores, que antes eram exibidos em nossa TV Corporativa, precisavam de um novo canal de comunicação. O resultado foi muito positivo, pois acabamos criando três frentes de comunicação por e-mail, cada um com seu objetivo próprio (notícias, status e indicadores), garantindo a proximidade mesmo com a distância física. As reuniões de apresentação de quartil, que tem o propósito de compartilhar com todos os movimentos que acontecem na empresa, foram mantidas com o novo formato virtual.
Social
Começamos também a trabalhar ações de integração e reconhecimento. Tivemos ao final de maio um mini workshop com o tema Mudança e Transição. A intenção foi levar os colaboradores a perceberem os motivos que deixaram a todos tão incomodados com a mudança repentina e abrupta de rotina, causado pelo início da pandemia. Tomar consciência das fases que envolvem mudança e transição, ajudou a dar uma melhor noção do que viria pela frente e a melhorar a adaptação.
Estima
Paralelamente, nosso informativo interno também foi ganhando novas editorias que traziam mensagens de reconhecimento, tanto para as equipes, quanto individualmente. Implantamos também a hora do café online, no qual os encontros casuais e as trocas proporcionam o “estar presente”. Essas ações reforçam o aspecto social que precisou se reinventar diante do isolamento físico.
Em comemoração ao Dia do Amigo, promovemos a troca de mensagens entre as pessoas com a criação de cartões virtuais. Muitos participaram, o que foi para nós uma grata surpresa, pois contribuiu com o engajamento, reconhecimento e fortalecimento do nosso ambiente, permeado por boas energias e o sentimento de gratidão.
Realizações Pessoais
Partimos também para ações de acolhimento mais individual. Oferecemos algumas sessões de plantão psicológico e fechamos parceria com a clínica para os interessados que quisessem continuar com os atendimentos. No Dia do Trabalhador, todos receberam um vale-presente e na comemoração de cada aniversário, enviamos para a casa dos aniversariantes um bolo feito especialmente pela Rosana, que é quem cuida do nosso espaço e alimentação dentro do escritório.
Promovemos também um segundo mini workshop com o tema Leis Biográficas – o que as crises nos ensinam. Este teve o propósito de conscientizar os participantes a entender, através da teoria dos setênios, como ocorre o processo de desenvolvimento humano, considerando desafios, motivações e crises.
As metas do ano foram concluídas com sucesso
Enfim, posso dizer que as metas do começo do ano foram atendidas, pois tivemos provas de que, mesmo a equipe tendo esse perfil mais introspectivo, ela sabe muito bem se motivar, engajar e fazer reconhecimento. Quanto à meta da equidade de gêneros, podemos dizer que foi conquistada de forma mais ampla, pois tivemos valorização tanto do trabalho profissional, quanto do trabalho pessoal, que por várias vezes foram reconhecidos em conversas nas reuniões (auxílio às crianças com os deveres escolares, distribuição dos afazeres da casa, cuidados com os filhos, pets e plantas).
Não tenho dúvidas de que tudo que estamos vivendo está trazendo grandes aprendizados. Se num primeiro momento a ideia era levar a dinâmica do escritório para dentro de casa, logo percebemos que isso seria uma falsa realidade. A dificuldade em dividir o espaço com todos os integrantes da família e as demais obrigações pessoais que se acumularam, com certeza nos exigiu a desenvolver paciência, tolerância e criatividade, diminuindo a auto cobrança, afinal por mais que desejemos controlar e planejar as situações, as grandes mudanças que tivemos com a chegada da pandemia evidenciou que não controlamos nada. A situação nos convida a redescobrir como individualmente iremos lidar com os novos parâmetros de rotina, dedicação, produtividade, concentração etc.
Sempre fomos uma empresa bastante compreensiva em relação aos desafios e dificuldades de cada um, e para mim o que ficará da pandemia é o reconhecimento sobre o quanto nosso ambiente de trabalho é muito justo e humano.