Gosto de dizer que o que mais delimita o crescimento de um negócio é a sua liderança. Isso tem um porquê: a empresa é tão boa quanto o seu time, e o time é tão bom quanto a sua liderança. Algumas pessoas têm o entendimento de que a empresa cresce e, então, todo mundo é puxado. Isso é um equívoco. Quando a liderança cresce, puxa todo mundo com ela. Claro que o contrário também vale: se os líderes não evoluem, a empresa para.
Quis trazer esse pensamento para dar a medida do quanto é importante rever o papel do líder daqui para frente.
Nada como antes
A essa altura, já digerimos o fato de que nada será como antes. De certa forma, a pandemia nos ensinou a lidar com a transformação e o sentido de urgência. A inquietude da Geração Z reforça esse desafio.
Você já deve ter ouvido em algum momento a expressão “show, don’t tell”, ou seja, “eu não quero ouvir você falar sobre o que acredita, eu quero ver você mostrar o que faz”. Vamos supor que a sua empresa assume um discurso pela equidade de gênero, mas a maioria dos colaboradores é masculina. Ou, discursa a favor da diversidade e forma equipes homogêneas.
A Geração Z não se contenta com o marketing vazio. Ela busca um sentido maior para o que faz, quer trabalhar em empresas que pensam além do lucro. Não aceita mais a situação de comando e controle, quer ter autonomia e novas propostas no trabalho.
É uma virada de chave que vai depender da evolução da consciência da liderança ou ela ficará presa a modelos que hoje já não funcionam, e estão sendo questionados. Isso dá trabalho e envolve dedicação, educação, treinamento e, em alguma medida, desconstrução.
Mudanças são necessárias
Você conhece a frase que diz: “não deixe a nostalgia te impedir de seguir em frente”? A gente costuma ser tão apegado ao passado e ao que construiu, que pode acabar ficando para trás. Isso vale para a empresa como um todo e para o líder de RH, que muitas vezes pensa “foi sempre assim que eu conduzi a minha equipe, não vou mudar nem trazer diversidade”.
Para não ficar só no discurso, na nossa empresa, por exemplo, quase 40% do time são mulheres. Isso faz com que precisemos conversar constantemente com o time masculino, para que o nosso viés sempre esteja mudando e não tenhamos aquele olhar masculinista tão arraigado.
Acredito fortemente na ideia da mentoria que cria questionamento e tira o sujeito da zona de conforto. Se o líder é homem, escolhe uma mentora, mulher, para dar um choque de realidade, sempre que necessário. Só assim, ele conseguirá evoluir, evitando comportamentos machistas, por exemplo.
Tomada de consciência na liderança
Essa tomada de consciência torna mais possível a construção de um ambiente acolhedor, menos tóxico e mais estimulante, que gere sentimento de pertencimento.
Se a liderança conseguir fazer as pessoas se sentirem seguras e confortáveis para falar e tomar iniciativas, pode se olhar no espelho e reconhecer um trabalho de valor.
O grande desafio será construir uma cultura em que as pessoas trabalhem não apenas pelo salário, mas também para evoluir e sair dali melhores do que entraram. E que a empresa beba da fonte de cada colaborador, de modo que o negócio não fique parado no tempo e evolua a partir das pessoas que lá estão.
Daí a importância de praticar o desapego ao passado, que impede de trabalhar no presente para construir o futuro. Deixar o olhar diferente se somar ao seu para criar um novo olhar, mais completo e empático, sobre os problemas. É do que o mundo sobrevivente da pandemia mais precisa.