Numa época em que valores como igualdade de gênero e respeito à diversidade têm sido finalmente assimilados pela vida em sociedade, o dia a dia corporativo vem cada vez mais assumindo a responsabilidade por promover um ambiente saudável e acolhedor para pessoas de diversos espectros de sexualidade e identidades de gênero. Uma das formas de fazer isso acontecer é com o uso da linguagem inclusiva, que, quando compreendida e bem desenvolvida internamente, pode ajudar, e muito, as empresas a se desenvolverem em vários aspectos possíveis.
Isso acontece porque uma empresa que promove uma comunicação não discriminatória contribui na produção de um ambiente no qual a pessoa colaboradora se sente mais à vontade de expressar sua diversidade. As pessoas são mais livres, felizes, criativas e proativas quando respeitadas em suas múltiplas individualidades. Este entendimento é crucial para as empresas que querem se adequar às demandas das novas gerações.
Mas do que se trata esta linguagem inclusiva? Em suma, trata-se de uma maneira de se comunicar na qual todas as pessoas envolvidas consigam transmitir a mensagem de maneira não discriminatória. No uso corrente da língua portuguesa, por exemplo, costuma-se usar o masculino para se referir a um amplo conjunto de pessoas, ocultando mulheres ou pessoas que não atendem aos padrões de binaridade de gênero.
Um caso em que podemos ver a aplicação desta perspectiva é ao referir-se ao time, de um modo geral, fala-se em “os colaboradores da empresa”. Numa visão assumida pela linguagem inclusiva, há a alternativa de virar essa chave e falar em “os colaboradores e as colaboradoras da empresa” ou, ainda melhor, em “as pessoas colaboradoras”. Afinal, não há razão para levarmos à frente a ideia defasada de que o masculino é sinônimo de universal. Fazemos este exercício ao longo deste texto para provar que o uso de uma linguagem não discriminatória não altera em nada a fluidez da comunicação, como muitos pensam.
Evitar termos masculinos cria ambiente mais acolhedor
Este é apenas um exemplo de como podemos encontrar brechas na língua e aproveitar a riqueza e complexidade da linguagem ao nosso favor quando o objetivo é promover uma comunicação ampla, irrestrita e não discriminatória. Ao invés de falarmos em “os funcionários da agência”, podemos aproveitar os vários sinônimos e termos que indicam conjuntos disponíveis na língua portuguesa e falar em “o time da agência”.
Técnicas como sublimar o masculino enquanto indicador de padronização, lançar mão de termos mais gerais e genéricos, dentre outras, podem facilitar na hora de falar com todos e todas, sem restrições. Uma linguagem inclusiva e não excludente deixa as pessoas mais livres para serem elas mesmas, pois a comunicação influencia no desenvolvimento cognitivo das pessoas, alterando a forma como elas se veem no mundo. Sentindo-se acolhidas e parte de um time que as respeitam, a cultura corporativa se fortalece e as pessoas colaboradoras se sentem mais à vontade para criar e inovar dentro das empresas.
Acredito que todo o mercado de trabalho deva se esforçar nesta direção, fortalecendo grupos de diversidade, produzindo cartilhas, e-books e guias com linguagem leve e acessível para tratar destas questões. Criar um ambiente acolhedor, no qual nenhuma pessoa se sentirá ofendida ou menosprezada, é extremamente essencial para a qualidade do ambiente, seja ele pessoal ou profissional, e a forma como nos expressamos é o primeiro passo para promover essa melhoria, afinal, tudo começa com a língua.