A Black Friday está chegando, e com ela a expectativa de muitas empresas do e-commerce de aquecer suas vendas.
Porém, um dado que anualmente passa despercebido é que o varejo que adere ao evento perde, todos os anos, um público de consumidores expressivo por não investirem em ferramentas de acessibilidade que permitam que pessoas com deficiência possam comprar em suas páginas na internet.
E não são poucas pessoas. Segundo dados do IBGE, cerca de 45 milhões de pessoas têm alguma deficiência no Brasil, sendo 35,5 milhões pessoas com deficiência visual. Não há dúvidas de que investir em acessibilidade é uma questão social de grande importância. Mas, em outro aspecto, esse incentivo também tem impacto nos negócios.
“É uma estratégia de negócio e possibilita atingir um público muito maior garantindo às empresas uma vantagem estratégica sobre os seus concorrentes”, explica Jaques Haber, ativista pela inclusão e acessibilidade e diretor de Impacto da Equalweb, startup de acessibilidade digital de origem israelense.
Acessibilidade fideliza o consumidor
Oferecer plataformas acessíveis fideliza o consumidor PCD, fazendo com que se sinta acolhido. Com isso, ele passa a dar preferência à marca no momento da compra, o que se mantém mesmo fora de épocas de promoções, como a Black Friday. O psicólogo Clairton Thomazi, que é cego, destaca que a acessibilidade é a condição para se tornar cliente de uma determinada marca.
“A minha dificuldade de locomoção física leva minha rede de consumo automaticamente para a internet. A aquisição de passagens aéreas, utensílios domésticos e eletrônicos, produtos culturais e cursos é feita majoritariamente em sites. Muitas empresas onde eu gostaria de adquirir produtos e serviços, contudo, não oferecem plataformas acessíveis. Se a empresa não fornecer ferramentas de acessibilidade eu vou para o concorrente. É simples assim. A acessibilidade é condição para eu retornar ao fornecedor”, explica Thomazi.
Andrea Schwarz, CEO da IIgual e conselheira de EqualWeb, destaca que o consumo via internet traz maior autonomia para PCDs, e investir em acessibilidade fideliza esse público consumidor. “É um meio pelo qual pessoas com deficiência podem alcançar a sua inclusão enquanto consumidores e, sobretudo, enquanto cidadãos. Fidelizar um cliente com deficiência significa ganhar um defensor da marca e conquistar com ele todo o seu grupo familiar e social junto”, destaca Schwarz.
Investir na contratação de PCDs também é essencial
Fora do comercio online, empresas que vêm incentivando a inclusão de PCDs em seus quadros de funcionários também têm vantagem sobre as demais. Isso porque o consumidor de hoje está mais engajado com empresas que prezam pela diversidade e a inclusão, conforme bem apontado por Carol Prado, Head de Comunicação da Intel Brasil & Canadá, durante o Fórum Melhor RH de Diversidade e Inclusão, promovido pela Plataforma Melhor RH.
E isso não se limita aos consumidores, mas também ao quadro de colaboradores. A geração atual tem preferência por trabalhar em empresas engajadas com essa pauta. Ou seja, quem não se atualizar, ficará para trás. “O tema diversidade e inclusão se tornou uma questão de sobrevivência para a empresa. Aquelas que não adotarem políticas em direção a isso, vão ter menos lucro, podendo até ir à falência”, disse Carol Prado, em sua participação no fórum.
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