Primeiro e segundo dias do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas – CONARH – de 2022, principal evento do setor, em sua 48ª edição, abordaram discussões sobre futuro do trabalho e da gestão de pessoas, passando pela humanização dos RHs, com um olhar mais empático e empoderamento através de soft skills essenciais, além da atenção a questões ESG. Exposição anexa ao evento exibe estandes e arenas com as tendências em destaque para o segmento – soluções de People Analytics, gestão unificada de benefícios flexíveis, mobilidade corporativa, gamificação, programas de educação corporativa e apoio financeiro aos colaboradores, entre outros.
Nesta primeira edição presencial pós-COVID, formato do evento escolhido foi o híbrido, ao menos para as apresentações: nas palestras simultâneas vários palcos oferecem programações no mesmo ambiente, mesclando palestrantes presentes e a distância, no telão, enquanto congressistas escolhem a apresentação a ser ouvida, sintonizando-a com equipamento fornecido pela organização. Mesas redondas na plateia favorecem o networking e o clima de retomada dos contatos sociais no pós-pandemia.
Futuro tangível
Destaque entre as palestras magnas do evento, futurista norte-americana destacada pela revista Forbes, Elatia Abate, abordou um futuro tangível para o RH, incorporando tendências e tecnologias, mas levando em conta utilização de recursos já disponíveis na empresa e sobretudo um olhar humano e singular para a equipe, sem modelos pré-estabelecidos.
A executiva, membro do Conselho da Organização das Nações Unidas para o tema, propõe a “autodestruição criativa” e a “resiliência regenerativa” de líderes e gestores, para que se apropriem das discussões relevantes ao negócio e à gestão das equipes nas empresas de maneira disruptiva. Para Elatia, a adaptação a um mundo menos dualista (que adota o “e”, em vez de “ou”, para conectar conceitos e estratégias hoje considerados opostos nos negócios ) requer esse esforço criativo e uma liderança exponencial.
Simultâneas
Presente em um dos palcos simultâneos, o futurista brasileiro Carlos Piazza lembra que “futuro é uma co-criação”. Lembra também que todos estavam acostumados a seguir uma certa ordem, o que a pandemia desconstruiu rapidamente. Sobre essa desconstrução, “o sucesso não acontece se você se prende à execução e não se entrega à criação”, diz Piazza.
Fernanda Magalhães, Agile Expert na Knowledge 21, em outro palco, comenta em relação ao emprego de mais agilidade e modernização ao setor. “Está claro que estamos falando de mindset”, ressalta a executiva. Para modificá-lo, “é preciso levar em conta o cenário inserido, que tem o seu valor”, completa. A transformação, ela diz, depende de olhar para dentro de cada organização, cada uma em sua cultura.
Outro palestrante, o consultor Eduardo Carmello, da Entheusiasmos, lembra que “cultura sempre é mais forte que o talento”, sendo muito importante considerar o que se diz, o que se pratica e como se processa a interação e o conflito que possam existir entre essas ocorrências.
Em um dos palcos, Genesson Honorato, Gerente de Diversidade e Employer Branding da OLX, lembrou que um olhar aguçado sobre tendências pode auxiliar as organizações: “Mais de 70% das profissões do futuro ainda não existem. Como nós que fazemos o desenho organizacional estamos atentos a isso?”
Lideranças humanizadas e mundo Bani
Sob o conceito de mundo Bani, com fragilidade (B – Brittleness); ansiedade (A – Anxiety); não linearidade (N – Nonlinearity) e incompreensibilidade (I – Incomprehensibility), o futurista norte-americano Jamais Cascios propõe um antídoto para cada letra do acrônimo, na construção de novas lideranças, em palestra do CONARH 2022. São eles, pela ordem: Resiliência, Empatia, Improvisação, Intuição.
Com ênfase à improvisação e à intuição, ele ressalta que “o pensamento de que as regras são maiores do que as consequências amplifica o caos”. “É preciso preparar-se para o inesperado e reconhecer a humanidade”, entende Cascio.
No foco em humanização das lideranças e gestão de pessoas, outro palestrante, Scott Cawood, CEO da WorldatWork, ressalta que não podemos deixar de dar escolhas para as pessoas e entender o que realmente importa, sob pena de nunca termos 100% do engajamento. “Não gosto de políticas, mas de orientações”, revela, certo de que, ainda assim, elas devem fazer sentido para a empresa, para a experiência do colaborador e do cliente.
Novas mentalidades
Em uma das Arenas, a empresa TOTVS trouxe palestra do especialista Edney Souza, da Digital House Brasil, sobre as novas mentalidades presentes na dinâmica comportamental das organizações e que moldarão as carreiras em 2031. A modalidade UX (user experience – focada na experiência do usuário das mais diversas plataformas e mídias, do colaborador e do consumidor) é uma delas, como contribuição de novas profissões surgidas no universo da tecnologia mas com foco na estratégia dos negócios. Já a mentalidade storytelling surge da necessidade de conectar pessoas, ou empresas e seus clientes. Outra mentalidade é a data driven, que direciona os indivíduos à orientação constante por dados.
Segundo Souza, a capacitação de equipes para o futuro das carreiras já deve levar em conta essas orientações, com atenção às profissões emergentes, sobretudo em tecnologia.
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A Plataforma Melhor RH está presente no evento, que acontece de 18 a 20 de abril, no São Paulo Expo, na Imigrantes, São Paulo, Capital.