No último ano, a Caliandra Saúde Mental, empresa especializada em soluções de cuidados à saúde mental e treinamento de liderança, registrou 36% de aumento no número de pronto-atendimentos psiquiátricos a profissionais de diferentes idades e níveis hierárquicos. A prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e, independentemente da origem de um sofrimento emocional (que, vale ressaltar, geralmente é multifatorial e complexa), há repercussões no ambiente de trabalho.
Está cada vez mais evidente e urgente a necessidade de as organizações começarem a entender saúde mental do colaborador como parte das estratégias do negócio. Até mesmo o conceito ESG pede isso por meio do “S” de social, que requer das companhias não só atenção às boas práticas relacionadas aos direitos humanos e às relações com a comunidade, mas também o cuidado com seu capital humano, incluindo diversidade, segurança e saúde.
Não dá para negar que, hoje, mais do que nunca, existe um maior número de organizações com ações em prol do bem-estar emocional da equipe. É preciso encarar o tema com o devido respeito, buscando parceiros especializados em saúde mental para garantir a qualidade do cuidado ofertado. Além disso, a compreensão e análise das necessidades da empresa, a cultura e o perfil dos colaboradores são essenciais para a construção e implementação de programas estruturados, contínuos e equilibrados.
Essa construção em parceria, entre a consultoria de saúde mental e a empresa, propicia a elaboração de políticas de saúde mental internas factíveis e fluxos de condução dos casos de adoecimento pelo nível de gravidade e rede de apoio disponibilizada pela empresa. Neste ponto, é indispensável um canal aberto e de prontidão para atendimentos de casos com sofrimento emocional, bem como ações preventivas e de sensibilização sobre o assunto.
Em outras palavras, um repertório de ações de conscientização, prevenção e tratamento devidamente orquestradas e comunicadas. Pode ser, por exemplo, a oferta de teleconsultas psicológicas e psiquiátricas, campanhas de sensibilização, pronto-atendimento para questões emergenciais, palestras sobre prevenção e cuidados, paralelamente à capacitação das lideranças e times de RH para identificar, acolher e orientar alguém com sofrimento emocional. Tem sido, ainda, muito útil a rotina de mapeamento e avaliação da saúde mental da equipe, de forma proativa e com o apoio de soluções de tecnologia. Isso se chama sustentabilidade emocional.
É preciso reforçar que a saúde mental é uma responsabilidade compartilhada entre o indivíduo, a liderança, a organização e a sociedade. Nesse cenário, todos são convidados a se comprometer com iniciativas ou ajustes em prol de uma solução harmônica, pois um aspecto pode influenciar o outro tanto positiva quanto negativamente. É claro que não se espera que as organizações absorvam todos os desafios emocionais enfrentados por seus colaboradores. Mas cabe à empresa posicionar a sustentabilidade emocional como estratégica, oferecer um ambiente corporativo que proteja e promova a saúde de seus profissionais, além de estar preparada para oferecer apoio em casos de sofrimento emocional, principalmente em situações de crise, sejam elas individuais ou coletivas.
Cuidar bem das pessoas sempre foi uma das melhores práticas para reduzir turnover e absenteísmo, enquanto aumenta-se a produtividade, satisfação, atração e retenção dos talentos. A diferença atualmente é que os desafios em saúde mental têm sido mais amplos, sendo um tema circundado por mitos, preconceitos e barreiras de comunicação.
Sendo assim, finalizo com a afirmação de que apostar na sustentabilidade emocional dentro do seu negócio significa apostar nas pessoas e em uma transformação positiva no ambiente de trabalho. A prevenção e o cuidado contínuos certamente retornarão em saúde e produtividade. Você não vai se arrepender.