Reconhecidos por seus pares no seleto ecossistema de recursos humanos, 43 líderes de RH do Sudeste brasileiro foram agraciados em setembro com o Prêmio Melhor RH Sudeste, promovido pela Plataforma Melhor RH. Em um cenário pós-pandêmico de incertezas, novos modelos de trabalho, digitalização acelerada e necessidade de cuidado constante com os colaboradores, os ganhadores traçam o perfil do profissional de excelência, apto a lidar com o contexto que se apresenta e provocar as transformações necessárias e o constante desenvolvimento de suas equipes.
Olho no colaborador
Para Soraya Bahde, People & Transformation Director da Alelo, o segredo é o foco no colaborador, alinhado à consciência social das companhias, o que torna profissionais e empresas referências para as próximas gerações. “A exemplo de como trabalhamos na Alelo, os profissionais de RH precisam ter um olhar muito centrado nas pessoas, suas necessidades e expectativas, além da contribuição social que uma empresa consciente traz com sua atuação”, afirma a executiva.
Sob esses aspectos, “acredito que um profissional de RH de excelência cria experiências que geram crescimento pessoal e profissional, bem-estar e propósito para os integrantes da organização, apoiando para que ela entregue resultados sustentáveis e deixe um legado”, diz Soraya.
Já Carlos Toledo, diretor Executivo de Pessoas e Cultura da Seguradora Zurich, entende que os profissionais de RH ganharam importância estratégica dentro das empresas. “Eles são fundamentais para a construção de equipes de alta performance e alinhadas à cultura da organização”, ressalta.
Unir estratégia e o perfil correto se torna, nesse sentido, para Toledo, um diferencial: “Compreender as demandas dos colaboradores a fundo e alinhá-las à estratégia da empresa, promovendo o crescimento mútuo, é com certeza, um talento que faz um profissional da RH de excelência”.
Mari Stela Ribeiro, gerente de Experiência de RH para Américas e de Serviços de RH para América do Sul na Schneider Eletric, defende que “um RH de excelência é aquele que se preocupa com a experiência dos funcionários em cada um dos seus processos, independentemente de qual seja”.
Segundo a executiva, “quando olhamos desta forma, conseguimos enxergar a necessidade humana dos funcionários, o que nos permite facilitar os processos, reduzindo suas complexidades, permitindo a rápida solução ao colaborador, permitindo que ele se foque em suas entregas diárias no business“.
Alinhamento ao negócio
“Acredito bastante que o profissional contemporâneo que trabalha a agenda de Pessoas tem de viver intensamente toda a organização, transitando com fluidez nas mais diversas áreas, aprendendo o negócio e compreendendo de maneira holística o que compõe o dia-a-dia de seus colaboradores”, entende, por sua vez, Ricardo Burgos vice-presidente de Capital Humano da UnitedHealth Group Brasil. “Deve ainda trabalhar fortemente a conexão de propósito entre a Empresa e suas Pessoas, focando na transformação positiva do ambiente de trabalho, na humanização desta relação e consequentemente, gerando maior e mútuo valor”.
Sheila Ceglio, diretora de Recursos Humanos da Pfizer, partilha da mesma opinião. “Um profissional de RH de excelência tem que ser parte do negócio, estar conectado e aberto a ouvir várias perspectivas internas e externas para liderar o diálogo e conectá-las às estratégias da organização”, entende a executiva.
Lideranças trazendo o melhor à tona
Érica Baldini, Human Resources Sr. Director da Whirlpool, destaca que a peça fundamental de qualquer organização são as pessoas, e cuidar delas é uma tarefa complexa. “Mas ao mesmo tempo gratificante”, reconhece. Permitir que essas pessoas possam exercer o que são de melhor em suas funções seria, para Érica, um dos trunfos do profissional de RH de excelência. Sempre com atenção à diversidade e à inclusão.
“Na Whirlpool, por exemplo, adotamos um Modelo de Liderança com a intenção de apoiar gestores e colaboradores, para desenvolver nossos talentos. Acreditamos que todo colaborador é um líder”, conta a executiva. “Não importa onde você trabalhe na Companhia ou qual a sua função, se estamos liderando a nós mesmos ou liderando um time, se estamos liderando projetos ou processos. Construir e desenvolver habilidades de liderança permite que cada um explore o que há de melhor em si.”
Motivar líderes, promovendo engajamento e trato humanizado são diferenciais do profissional de RH para Fernando Medeiros, Vice-Presidente Sênior de Talento e Cultura da Accor. Ele define o executivo de excelência como alguém que é “um especialista em cultura e em orquestrar a adesão de lideranças à sua agenda, construindo líderes com perfil humano e engajador”.
Além disso, deve “ter experiência nos principais macroprocessos de RH, conhecer profundamente o negócio da empresa, ser orientado em promover o desenvolvimento das pessoas e de organização fortalecendo os diferenciais competitivos do negócio”, entende Medeiros.
Olho nas tendências e conexão com o mercado
Para Alexandre Gregory, diretor de Recursos Humanos da Premier Pet, o profissional de RH de excelência é alguém que combina um repertório em todos os subsistemas de RH, mas que consegue conciliar as necessidades da empresa e das pessoas, gerando crescimento para todos.
“É alguém que de modo geral é antenado com as tendências, com capacidade de gerir mudanças e atuar em cenários adversos e com forte skill de comunicação .
Em resumo, alguém empático que é propositivo na agenda das organizações e trabalha fortemente na humanização e nas relações internamente e com a sociedade”, define o executivo.
Uma área próxima da liderança e dos gestores, atenta às necessidades dos colaboradores e ao impacto para os clientes – assim deve ser o RH de excelência para Simone Beier, diretora de RH da Cargill. “Precisamos estar conectados com o mercado, buscando soluções para apoiar a estratégia da empresa e preparar as pessoas para o futuro próximo”, revela Simone.
Para ela, a eficiência dos processos de RH gera resultado e tranquilidade para líderes e colaboradores, liberando tempo e recursos para “desenvolver estratégias de employeer branding para buscar novos talentos e desenvolvimento e reskilling para o futuro da organização”.
Leitura de cenários e tendências é uma habilidade requerida para a excelência também segundo Marcelo Carvalho, vice-presidente de Pessoas & Organização, Imprensa, Marketing e Comunicação da Braskem.
“Um profissional de gestão de pessoas deve ter algumas características importantes: capacidade intuitiva de saber o que fazer na hora certa, capacidade de leitura de contexto para entender o mundo externo e tendências e saber aplicá-lo na empresa”, destaca o executivo. E preconiza, ainda, “coerência e integridade entre a fala e a prática”.
Quem também prega essa convergência é Salim Khouri Neto, Líder Global de Cultura, Gestão de Talentos e Desenvolvimento de Liderança da Vale. “Antes de qualquer coisa é necessário coerência entre aquilo que fazemos e os nossos valores”, prioriza.
Para o executivo, o profissional tem que acreditar no potencial das pessoas e na importância da diversidade de pensamentos para construção de organizações sustentáveis. “Precisa ir muito além do técnico e dos conhecimentos de gestão de pessoas, é necessário muito controle emocional para permear esse mundo em constante transformação”, observa. “Resiliência, criatividade, escuta ativa, capacidade de influenciar: as capabillities comportamentais são a chave para a excelência.”
Outra liderança premiada, a Chief Human Resources Officer da OLX Brasil, Christiane Berlinck, também acredita que o profissional de RH de excelência deve conectar-se às tendências. “Deve se preocupar em destravar o potencial das pessoas, inspirando cada uma delas. Deve ser um profissional atento às mudanças de negócio e da sociedade para propor soluções de talentos que façam sentido para as organizações e para as pessoas.
Antecipar necessidades, modificar sociedades
“Um profissional de RH de excelência continua sendo aquele que consegue entender e antecipar as necessidades do negócio e traduzi-las em estratégias para atrair, cuidar, desenvolver e engajar pessoas”, afirma Renato Rovina, diretor de RH do Banco BNP Paribas. Isso entendendo também suas necessidades, desejos e anseios, ressalta Rovina. “Fazer a combinação do que a empresa precisa à frente das necessidades do mercado de trabalho é fundamental.”
Beatriz Sairafi, diretora de RH para Brasil e América Latina na Accenture, acrescenta, ainda, que o profissional de excelência em recursos humanos deve ser um “agente de transformação dos ambientes de trabalho, não só para criar uma empresa melhor, mas, sim, uma sociedade melhor, mais diversa e inclusiva”.