Ernest Shackleton foi um explorador britânico do início do século 20, que tinha tudo
para ser apenas mais um homem esquecido pela história, entre os muitos que desafiaram os
limites conhecidos da Terra. Abandonando a carreira médica de seu respeitado pai, Shackleton
escolheu o mar e ingressou na marinha mercante britânica. No entanto, sua jornada alcançaria
a imortalidade por meio da notável Expedição Imperial Transatlântica, que começou em agosto
de 1914.
A missão da expedição era audaciosa: realizar a inédita travessia a pé do continente
antártico. Mas o que inicialmente parecia uma aventura grandiosa logo se tornaria uma batalha
feroz pela sobrevivência. O barco afundou, a comunicação com o mundo exterior foi perdida,
os suprimentos escaparam e o frio implacável se tornou o inimigo mais temido. No entanto, ao
final, Shackleton e seus 27 homens conseguiram vencer todas as adversidades e retornar à
civilização após 22 meses de luta incansável.
Essa história de fracasso transformada em triunfo é um exemplo extraordinário de
resiliência humana, de capacidade de adaptação e superação. Assim como Shackleton e sua
equipe enfrentaram condições extremas e incertezas inimagináveis, os profissionais de hoje
estão diante de um mundo igualmente desafiador, moldado por mudanças tecnológicas
vertiginosas e pela crescente influência da inteligência artificial.
Uma pesquisa recente da edX, uma plataforma americana de educação on-line, revelou
que 49% das competências da força de trabalho atual não serão relevantes daqui a dois anos,
em grande parte devido ao avanço da inteligência artificial. Isso significa que, assim como
Shackleton teve que se adaptar às situações adversas na Antártida, os líderes e gestores de
recursos humanos precisam desenvolver as habilidades dos profissionais do futuro.
O Fórum Econômico Mundial de 2023 alertou para a necessidade de desenvolvermos
“competências humanas” – aquelas que a inteligência artificial não pode replicar facilmente.
Estas incluem criatividade, empatia, pensamento crítico, resolução de problemas complexos e
habilidades interpessoais. São essas competências que ancoram os profissionais em um mundo
caracterizado por incertezas e acontecimentos imprevisíveis (estes conhecidos como “cisnes
negros”, termo cunhado pelo escritor Nassim Taleb).
Além disso, 47% dos entrevistados na pesquisa da edX acreditam que os profissionais
não estão preparados para o futuro do trabalho. Isso destaca a necessidade urgente de investir
em programas de desenvolvimento de competências que preparem os colaboradores para
enfrentar desafios desconhecidos.
Em resumo, a história de Ernest Shackleton nos lembra que a resiliência, a adaptação e
a busca por competências humanas essenciais são fundamentais para enfrentarmos o mundo
volátil e imprevisível em que vivemos. Assim como Shackleton encontrou o caminho de volta
à civilização, os profissionais do futuro também podem triunfar sobre os desafios, se cultivarem
e desenvolverem as habilidades que a inteligência artificial nunca poderá substituir.