BlogaRH

A luta pelo empoderamento feminino continua, mas já temos o que comemorar

A participação feminina em cargos de liderança vem crescendo desde 2019, e a tendência é de que represente 20% em 2024

de Camila Nakata em 21 de março de 2024
Freepik.com

Atualmente,  17% dos cargos de presidência em empresas são ocupados por mulheres no Brasil. O dado é do Panorama Mulheres 2023, um estudo realizado pela Talenses Group em parceria com o Insper. A participação feminina em cargos de liderança vem crescendo desde 2019, segundo o levantamento, e a tendência é de que represente 20% em 2024.

A expectativa otimista é, por si só, um grande motivo para comemorar. Porém, não podemos deixar de lado os enormes desafios que ainda fazem parte da jornada feminina no mercado de trabalho. E uma das questões mais relevantes é a equidade salarial. 

Um importante movimento governamental, a lei 14.611, prevê o preenchimento obrigatório, por parte das empresas, do Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios. As companhias que não atenderem aos quesitos ou não preencherem o documento dentro do prazo serão penalizadas. As empresas que apresentarem salários discrepantes, considerando a comparação entre cargos, funções e experiências, terão a oportunidade de regularizar as diferenças. 

A determinação do governo reforça a pertinência de medidas capazes de viabilizar um mercado de trabalho mais justo para todos, e traz pontos complementares sob a ótica da responsabilidade corporativa sustentável. 

Além de salários justos e oportunidades iguais de crescimento e ascensão, as profissionais querem mais ações de apoio e valorização dentro do ambiente corporativo e que extrapolem os muros da empresa. Por terem uma jornada naturalmente sobrecarregada, que inclui carreira, família e casa, tendem a ser mais interessadas em iniciativas que promovem a saúde mental e física, políticas de trabalho flexível e equilíbrio entre vida profissional e pessoal. 

Podemos até comparar a evolução histórica das mulheres com a evolução da própria sociedade, com novos formatos de família e formação das novas gerações, por que não? Nós aprendemos a quebrar barreiras estruturais e culturais para ganhar o direito ao voto, à estabilidade trabalhista quando gestante, a ter licença maternidade e aposentadoria – o que agora são garantias constitucionais fundamentais. E queremos ir além. 

A mulher moderna já entendeu o seu potencial, sabe os seus direitos e demonstra um maior interesse pelo fortalecimento da sua atuação como cidadã, mãe, trabalhadora e representante da sua comunidade. Prova disso é o aumento gradativo da bancada feminina no Congresso Nacional, que nunca teve tanta participação de mulheres como agora. Somente na Câmara dos Deputados, o número de mulheres saltou de 77 eleitas em 2018 para 91 em 2022. Foi um ganho real de mais de 18% de parlamentares mulheres. 

No mundo corporativo, percebemos uma busca cada vez maior pela inclusão das mulheres nos processos de recrutamento para cargos diversos, incluindo posições tradicionalmente masculinas, como motoristas de veículos pesados, segurança e bombeiras-civis. Esse movimento pode ser interpretado como uma resposta às exigências da sociedade por mais diversidade e inovação nas estratégias de contratação. 

Iniciativas corporativas como programas internos de capacitação com foco no fortalecimento da equidade, autoconhecimento, reconhecimento e capacitação geram oportunidades para o público feminino, que ganham em promoções e movimentações de carreira. 

Empresas socialmente responsáveis ainda ampliam o seu compromisso dentro dessa temática promovendo iniciativas de equidade racial, que incluem ações de conscientização sobre racismo, capacitação de pessoas negras e inserção no mercado de trabalho. Há ainda exemplos muito positivos de parcerias que promovem a inclusão e capacitação tecnológica de mulheres jovens de baixa renda para que ampliem suas possibilidades de crescimento profissional. 

Capacitar mulheres para geração de renda com desenvolvimento profissional e empoderamento impulsiona a qualidade de vida de toda a família, principalmente se essa força feminina for o arrimo da casa. Também é papel do poder privado promover meios para que as pessoas possam incrementar e tirar do papel planos importantes em suas vidas pessoal e profissional.

Instituições como a Aliança Empreendedora e Rede Mulher Empreendedora, que capacitam e apoiam a geração de renda de microempreendedores, oferecem cursos gratuitos de gestão de negócios e capacitação para mulheres, em parceria com várias empresas privadas. 

A luta pelo empoderamento feminino continua e ainda há um longo caminho a percorrer. Seguimos buscando mais espaço no mercado corporativo, mais respeito e valorização em todas as outras áreas e, sobretudo, no fim da cultura que visualiza a mulher como submissa ao homem, tanto no lar quanto no ambiente de trabalho.

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail


Camila Nakata

Gerente de Relações Institucionais na Pluxee no Brasil. Formada em Direito pela Universidade Anhembi Morumbi, a executiva já atuou com direito do consumidor, direito civil, direito processual civil e acompanhamento processual. Há 5 anos na empresa, a advogada trabalha com relações governamentais, institucionais, gestão de associados e projetos de leis.