No início desta semana, durante as tardes de segunda e terça-feira, aconteceu o 5° Fórum Melhor RH Tech, promovido pela Plataforma Melhor RH e pelo CECOM – Centro de Estudos da Comunicação, de forma on-line e gratuita, pelo Youtube, Facebook e parcialmente pelo LinkedIn da plataforma. Nos seis painéis do primeiro dia, líderes de RH e especialistas em tecnologias para o ecossistema de recursos humanos mostraram a importância de combinar as mais recentes ferramentas à escuta ativa dos colaboradores e à atenção às necessidades individuais desses profissionais. A personalização das soluções, bem como o caráter ágil trazido pelas tecnologias à gestão de pessoas estiveram em foco durante toda a tarde de segunda-feira, com a Inteligência Artificial no destaque.
O cenário ainda é desafiador para a adesão de tecnologias avançadas: “A maioria ainda não entende o básico das principais ferramentas”, iniciou Márcio Cardial, Publisher da Plataforma Melhor Rh e Diretor do CECOM. Cardial citou um estudo do Instituto Reuters e da Universidade de Oxford estimando que entre 20% e 30% da população mundial nem conhece o ChatGPT ou qualquer outra ferramenta de inteligência artificial. “E muitos daqueles que conhecem o seu potencial não têm a alfabetização adequada para utilizá-los da melhor maneira possível”, completou.
No primeiro painel do dia, “Não é magia, é tecnologia – Como implementar a análise preditiva na rotina do RH“, participaram do debate Thais Camargo, Diretora de Gestão, Gente e Cultura na It’sSeg; Leandro Figueira Neto, Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo Marista, e Marcelo Nóbrega, Founder da AmpplIA.edu.
Thais mencionou a importância dessa análise na assertividade das políticas de pessoas, principalmente no cuidado com o colaborador, direcionando soluções sob medida para as populações organizacionais. “Olhando tudo o que acontece dentro do resultado da política de gestão de saúde, consigo ter uma análise para que eu possa de fato administrar a promoção de uma saúde mais direcionada e não fazer tudo para todo mundo. Eu consigo agrupar a minha população entendendo quais são os meus grupos de risco”, ponderou.
Figueira lembrou a importância das estratégias de people analytics nos processos de sucessão, promoção e também para identificar o potencial de lideranças. “Podemos trabalhar para escolher novos líderes, para fazer promoções, para identificar influenciadores na organização, para remover preconceitos nas avaliações de desempenho”, destacou o executivo, certo de que essas análises, cada vez mais personalizadas, são, hoje, o coração das tomadas de decisões.
Às empresas que ainda engatinham em analytics, Nóbrega aconselha como iniciar o processo, lembrando os resultados que já são obtidos pelo RH a partir de planilhas e dados muitas vezes pulverizados coletados pelo setor e que podem ser otimizados. As novas tecnologias chegam para agilizar o cruzamento de informações e ampliar os insights, entende o executivo, que recomenda iniciar as ações de people analytics enfocando problemas menores, pertinentes a alguma área de negócios, e então expandir o cruzamento como prática habitual para as questões gerais da empresa.
Já o painel “Professor GPT – Como incorporar a IA na educação corporativa“, mostrou que é indispensável o uso de inteligência artificial nas ações de T&D das companhias. Um dos participantes, Richard Uchoa, CEO da Revvo, foi categórico nessa afirmação, esclarecendo, também, sobre o temor comum dos colaboradores em relação à automação representada pela ferramenta. “A IA vai substituir seres humanos? Não, serão seres humanos que não usam IA sendo substituídos por outros que usam IA”, explicou, enfatizando a necessidade de um letramento digital sob medida.
Também participante do painel, Claudio Francisco, Diretor de Desenvolvimento de Sistemas na Dimep Sistemas, explicou como sua empresa está utilizando IA no atendimento aos clientes e na análise preditiva da jornada de colaboradores das companhias atendidas pela Dimep. “A adoção do usuário foi muito rápida”, contou o executivo, sobre a solução ser mais simples do que parece, conferindo agilidade às aplicações.
E não se trata só de elevar a produtividade ou a análise da jornada dos funcionários com IA, completou Bruno Falcão, Diretor de Negócios na SOU Educação, também presente ao painel. Do ponto de vista de uma educação digital, “trata-se de melhorar o atendimento também na perspectiva dos clientes”, argumentou Falcão.
No painel “Papo estranho – O aprendizado da cultura online entre diferentes gerações“, Peterson Coli, CEO da Ideale Treinamentos, Elizabeth Rodrigues, Diretora de RH & CSR na Lesaffre, e Michelly Costa, Gerente Sênior de RH na Ticket Edenred, discutiram a clareza sobre as diferentes necessidades de aprendizado digital na empresa.
Coli destacou que é preciso diferenciar treinamentos obrigatórios do aprendizado de habilidades para o futuro, para ter em mente o formato mais assertivo nos treinamentos. Também destacou que é preciso focar no aprendizado requerido: “A gente tem uma ânsia de passar conhecimento”, observou, uma vez que, muitas vezes, basta ensinar apenas aquilo que o colaborador precisa aprender para desempenhar uma simples função.
Michelly concordou, afirmando que isso é a base do aprendizado e que não é uma questão de gerações, mas de objetivos. “É um cuidado enorme que a gente tem que tomar”, enfatiza a executiva, em relação a reforçar esteriótipos. “Tudo tem a ver com ganho, vantagem que se obtém com o uso de determinada tecnologia”, ressalta, sobre o aprendizado no uso de ferramentas digitais, relacionando demandas de aprendizagem e funções, independentemente da questão geracional.
Elizabeth lembrou o papel social das empresas, em proporcionar acesso equitativo às ferramentas digitais e ao aprendizado digital, com a obrigação de prever e moldar o futuro do trabalho. Caso contrário, afirma a executiva, “a empresa também não terá o profissional qualificado que ela precisa”.
No painel “De olho em você – As vantagens de plataformas de monitoramento de desempenho“, Távira Magalhães, CHRO na Sólides Tecnologia, falou sobre as métricas possíveis com novas ferramentas de mensuração do desempenho, com destaque para o ROI (retorno sobre investimento) das contratações sobre os negócios, retratando o impacto dos novos contratados na produtividade, permitindo mensurar a assertividade na aquisição de novos talentos. Abordou a importância das metas quantitativas e também qualitativas. “A avaliação do desempenho é apenas uma face da gestão de desempenho”, ressaltou Távira.
Maria Alice Jovinski, Gerente Associada de People Experience na epharma, lembrou, para além das possibilidades digitais, da responsabilidade individual sobre o desempenho: “em que eu, no próximo trimestre, posso estar me desenvolvendo?”, questionou a executiva, mencionando a pergunta que, acredita, todos devem fazer, chamando para si mesmo(a) a responsabilidade sobre resultados.
Cassiano Machado Silva, Sócio na Growth Desenvolvimento de Pessoas e Organizações, destacou, nesse sentido, a importância da contextualização das metas. “É preciso entender o que está ligado ao meu trabalho, a um propósito da empresa”, explicou.
No painel “Flexibilidade como diferencial – A era de benefícios corporativos na palma da mão“, a discussão sobre a nova era de benefícios corporativos flexíveis abordou a personalização possível com as novas soluções do setor e até a análise preditiva possível a partir de dados gerados em suas aplicações, impactando o engajamento dos colaboradores.
Jussara Goyano, Editora na Plataforma Melhor RH, procurou estabelecer o cenário para o debate, citando levantamento do Instituto Gallup sobre prejuízo mundial pelo desengajamento corporativo, da ordem de 8 trilhões de dólares, além do fato de haver preferência majoritária por benefícios flexíveis entre os trabalhadores e de bons pacotes de benefícios serem decisivos na retenção e aquisição de talentos na atualidade.
Fernando Sollak, Diretor de Relações Humanas na TOTVS, abordou a necessidade de soluções personalizadas, alinhadas com a realidade dos colaboradores. “Para um jovem, ainda sem família, certos benefícios podem não fazer sentido”, exemplificou.
O executivo vê a necessidade de um investimento consistente em benefícios além dos tradicionais (férias, plano de saúde, transportes etc.) para que a empresa possa ter, hoje, engajamento e retenção satisfatórios de colaboradores, além de competitividade nos processos de recrutamento e seleção. E, claro, sob a interface de uma tecnologia ágil que facilite o acesso pela gestão e pelos usuários na empresa, até mesmo no caso de benefícios tradicionais.
Para Rodolfo Araújo, Vice-presidente da United Minds na América Latina, a palavra-chave deste momento dos benefícios é VALOR. “Assim como a empresa busca agregar valor para o seu acionista, seu consumidor, também atua, hoje, na perspectiva de geração de valor para o colaborador”, contextualiza Araújo.
No painel “Blade Runner no processo seletivo – As novas funções que já estão moldando o futuro do trabalho“, Christian Pedrosa, CEO da DigAÍ, Daniele Theodorovicz, Diretora de Pessoas & Cultura na Arlequim Technologies, e Felipe Jun, C-level em Produtos, Tecnologia, Experiência e Processos na Cia de Talentos, compartilharam suas análises sobre como apoiar as equipes no upskilling tecnológico.
Daniele comentou a necessidade de identificar as posições que exigem um perfil tecnológico, visando um recrutamento assertivo, além de propor um alinhamento cultural, colocando o tema da tecnologia no centro das estratégias. Também é preciso “democratizar a melhor experiência digital” nas empresas, destacou a executiva.
Na seleção de estagiários, Jun desenha um novo perfil profissional e um novo olhar sobre as atividades: “essa pessoa precisa vir entendendo por que está fazendo aquilo e não somente saber fazer”, destacou, certo de que, hoje, é preciso massa crítica ao passo que uma ferramenta robusta realiza o trabalho operacional.
Pedrosa, por sua vez, acrescentou à discussão a perspectiva da Inteligência Artificial no recrutamento, de maneira a ajudar o candidato e não só o recrutador, otimizando currículos e trazendo diferenciais que possam ser positivos durante a seleção, entre outras possibilidades.
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Dia1 (4/11)
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