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“Pessoas no centro”: discurso bonito ou prática real?

Rodrigo Dib reflete sobre o contraste entre o discurso corporativo e a prática real de colocar pessoas no centro, e reforça que cultura se constrói no cotidiano, não no PowerPoint

de Rodrigo Dib em 2 de julho de 2025
Pessoas no centro Foto: gerada por IA

Nos últimos anos, tornou-se comum ver empresas afirmando que colocam as pessoas no centro. Está nas apresentações institucionais, nos manuais de cultura, nos discursos dos CEOs. Mas a pergunta que realmente importa é: quem faz isso na prática?

Falar de empatia, escuta ativa e valorização do ser humano virou parte do vocabulário empresarial. Mas viver isso exige muito mais do que diretrizes de RH ou campanhas internas. Exige líderes coerentes, humanos e presentes.

O que realmente significa colocar as pessoas no centro? É algo que se constrói longe dos holofotes. Acontece quando um líder interrompe sua rotina para ouvir com atenção genuína, sem protocolos. Quando abre espaço para o contraditório, sem punições. Quando oferece apoio sem buscar visibilidade.

Colocar pessoas no centro é:

● Dedicar tempo real para escutar;

● Praticar empatia sem julgamento;

● Exercitar lateralidade – olhar para todos de forma horizontal, e não apenas por hierarquia;

● Tomar decisões considerando o impacto humano;

● Estar verdadeiramente presente – inclusive emocionalmente.

Gente feliz, cultura viva

Essas atitudes não aparecem no relatório anual. Mas são elas que constroem cultura viva, não decorativa. Colocar pessoas no centro é aceitar a individualidade. Se alguém está passando por um problema pessoal, é natural que naquele dia sua performance seja menor. Isso faz parte da vida. Se uma pessoa trabalha em um ambiente onde sente que não pode ser ela mesma, que precisa esconder seus gostos, valores ou identidade, dificilmente vai entregar o seu melhor. Gente feliz não é só mais produtiva – é mais criativa, mais colaborativa e mais saudável.

Colocar pessoas no centro é também criar políticas flexíveis individualizadas. Para a vida de uma pessoa pode encaixar trabalhar em home office mas para outra não e, hoje, as empresas criam políticas de flexibilidade que valem para 100% dos funcionários. Oras, isso é colocar as pessoas no centro mesmo?

O papel dos líderes na prática

📊 Segundo o relatório Gallup State of the Global Workplace 2024, 70% da variação no engajamento de um time depende diretamente do líder imediato. Ou seja: não adianta a empresa dizer que valoriza as pessoas se os líderes não vivem isso diariamente.

O papel do RH é essencial, mas ele não consegue fazer tudo sozinho. Ele pode (e deve) ser protagonista na criação de políticas, programas e ações de cultura. Mas se os líderes da organização não forem agentes ativos dessa cultura, tudo vira apenas um movimento de fachada.

RH não faz milagre sozinho

Cultura não é o que está no mural. É o que acontece quando ninguém está olhando. Empresas que realmente desejam colocar as pessoas no centro precisam atrair, desenvolver e promover líderes que pensem e ajam assim de forma nativa. Não basta seguir cartilhas ou repetir slogans.

É preciso ter gente que se importa de verdade. Que entenda que liderar é, antes de tudo, um ato humano – não apenas técnico ou político. 🗣️ E você? Tem visto mais discursos ou mais práticas quando o assunto é “pessoas no centro”? Compartilhe nos comentários iniciativas reais que conhece. Vamos espalhar bons exemplos.

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Rodrigo Dib

Superintendente Institucional do Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE e especialista em empregabilidade jovem