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Quando a pesquisa direciona a comunicação interna para mudanças reais

Nos cases de HDI Seguros e Novelis, a escuta estruturada mostrou como pesquisa e comunicação interna, juntas, podem fortalecer a cultura, engajar equipes e gerar transformações concretas

de Priscila Perez em 14 de agosto de 2025
Pesquisa e comunicação interna3

Com o mundo cada vez mais acelerado e cheio de demandas complexas, entender o que move as pessoas, sobretudo em tempos de mudança, não é mais opcional. O que inspira os colaboradores? O que realmente os motiva? Essas respostas são tão potentes que, além de impactar o engajamento das equipes, podem definir o futuro de uma empresa. E é justamente por isso que, hoje, não basta somente coletar opiniões – é preciso investigar mais a fundo para compreender os porquês que explicam o clima e a qualidade dos relacionamentos internos. Não à toa, a pesquisa se tornou um recurso muito estratégico dentro da comunicação interna por ser capaz de revelar padrões, apontar prioridades e guiar decisões que dão mais sentido à cultura.

Mais do que medir percepções, pesquisas bem conduzidas apontam caminhos e permitem ajustar a comunicação com precisão. Foi assim que o Grupo HDI Seguros e a Novelis se destacaram na categoria Pesquisa do Prêmio Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores (PEMCC). Na HDI, o “Esverdeômetro” surgiu em meio a uma fusão para mapear sentimentos e guiar ações em tempo real. Já na Novelis, referência em laminados de alumínio e reciclagem, o diagnóstico dedicado ao público operacional abriu espaço para entender, de forma mais próxima, a realidade das fábricas e centros de coleta. Em ambos os casos, a escuta estruturada foi o ponto de partida para mudanças bem concretas, deixando claro que toda e qualquer pesquisa só é eficaz quando realmente sai do papel.

HDI Seguros – O Esverdeômetro como bússola na integração

Na HDI Seguros, a combinação entre pesquisa e comunicação interna entrou em ação em um momento bastante complexo, que exigia atenção redobrada à voz de quem estava no centro das mudanças. Em meio à fusão com a SOMPO e Liberty Seguros, o grupo precisava não só integrar culturas e alinhar expectativas – o que, por si só, já era desafiador –, mas manter o engajamento em dia, o que não poderia ser feito no escuro.

Foi nesse contexto que nasceu o Esverdeômetro, uma ferramenta que foi além da pesquisa de clima, criada para traduzir sentimentos, captar percepções e orientar decisões quase em tempo real.  E o que, à princípio, poderia parecer apenas um termômetro virou, na prática, uma bússola. “Com base nessa pesquisa, foi possível criar planos de ações e ações diretas do nosso time de Talentos”, confirma Anderson Almeida, gerente de Comunicação Interna da organização.

Pesquisa e comunicação interna
Anderson Almeida, do Grupo HDI

Como o Esverdeômetro conquistou os colaboradores

Isso, segundo ele, foi fundamental para que a integração fosse guiada não apenas por metas de negócio, mas também pelo que as pessoas viviam e sentiam no dia a dia. Para chegar a esse ponto, no entanto, o Esverdeômetro precisava, antes de tudo, ser reconhecido como um espaço seguro de escuta. A escolha da ferramenta considerou o sigilo e a credibilidade das respostas, garantindo que todos participassem sem receio de se expor. Ao mesmo tempo, era necessário despertar interesse e engajar o colaborador a participar da pesquisa – o que, tratando-se de comunicação interna, costuma ser um desafio, já que nem sempre as pessoas percebem o impacto que suas opiniões podem gerar.

O primeiro passo foi escolher um nome capaz de quebrar essa barreira inicial e despertar a curiosidade dos colaboradores, fortalecendo o vínculo com a marca. Símbolo do grupo, a cor verde completava o conceito ao remeter à ideia de crescimento e criar uma ligação imediata com a empresa. A pesquisa tornou-se, então, facilmente reconhecível, algo bastante estratégico, já que a imagem, ao evocar a marca, reforçava sentimentos como pertencimento e engajamento. “O nome Esverdeômetro veio da soma de fatores: a cor que representa uma de nossas marcas, o verde, mais o objetivo de trazer no nome a função de medir a temperatura do clima internamente.

Liderança como aliada na comunicação interna

Com isso, surgiu o Esverdeômetro, que traz o conceito de quanto mais verde o nosso termômetro, melhor”, explica. Anderson lembra que a identidade gerou estranhamento no início, mas, com o tempo, se integrou tão bem ao dia a dia da empresa que virou símbolo de orgulho interno. “Após as duas primeiras edições, o nome pegou e hoje faz parte da nossa cultura. Arrisco a dizer que não tenha um colaborador que não conheça o Esverdeômetro”, afirma.

Em seguida, coube à liderança mobilizar os times em torno do projeto, em um movimento constantemente reforçado pela comunicação interna por meio de seus diferentes canais. Para o porta-voz do Grupo HDI Seguros, três fatores foram determinantes para o sucesso: o canal da liderança, a comunicação multicanal e um plano de ação efetivo. Na prática, os líderes assumiram um papel ativo, recebendo orientações claras sobre a importância de ouvir e cuidar do e-NPS (employee Net Promoter Score, que mede o nível de satisfação dos colaboradores).

Ações como a live mensal com o CEO e mensagens adaptadas para diferentes públicos ajudaram a manter o convite vivo, chegando por diversos caminhos e em diferentes tons. E, ao mesmo tempo, cada resposta gerava desdobramentos concretos na organização, reforçando a percepção de que a opinião de todos importa. “Nosso plano de ação mostrava, de forma concreta, o que estava sendo feito com as respostas coletadas pela pesquisa”, conta Anderson.

Resultados e impacto na rotina

Ao final do processo, ficou evidente – com base na pesquisa e no apoio da comunicação interna – que a voz do colaborador é, e continua sendo, peça-chave para a evolução da empresa. E a alta adesão comprova a efetividade do modelo: taxa média de participação de 71% nos últimos 12 meses, chegando a 76% na edição mais recente.

Mas os números contam apenas parte da história. O impacto real veio das mudanças implementadas após a análise das respostas, como ajustes de ergonomia, melhorias em equipamentos e avanços em tecnologia. “O Esverdeômetro é analisado mensalmente e rapidamente é proposto um plano de ação para atender aos apontamentos mais frequentes”, reforça Anderson. Um exemplo marcante foi a alteração no short Friday: antes, o horário era fixo às sextas-feiras; agora, é flexível, atendendo a uma demanda clara dos colaboradores. Mudanças assim reforçam que escutar é só o começo.

Novelis – Diagnóstico para ouvir quem está na linha de frente

Na Novelis, a comunicação interna fez uso da pesquisa instigada por uma pergunta muito pertinente à organização: como entender, de verdade, quem está na linha de frente? A resposta viria a partir da escuta atenta, nos moldes do diagnóstico realizado em 2021, que envolveu todos os colaboradores e revelou pontos de melhoria nos canais e no fluxo de informações. Ao aprofundar esse olhar para o grupo operacional, a empresa deu início a um movimento inédito, que exigiu sensibilidade para lidar com diferentes realidades, rotinas e formas de acesso à comunicação. “Decidimos voltar o olhar de forma mais focada para o público operacional por entendermos a importância e a representatividade desse grupo dentro da nossa organização”, destaca Bruna Varella, gerente de Comunicação Interna da Novelis.

Desafios para se comunicar com a operação

De fato, o desafio era significativo. Como grande parte desses profissionais atua em turnos, nas fábricas ou unidades de coleta, trata-se de um contexto com ritmo próprio e formas distintas de receber as mensagens internas. Ao contrário do público administrativo, que tem acesso diário a computadores, muitos desses colaboradores têm pouco ou nenhum contato com canais digitais no dia a dia, mesmo quando a ferramenta está disponível.

Pesquisa e comunicação interna
Bruna Varella, da Novelis

Por isso, era fundamental compreender rotina, hábitos, preferências e percepções para, então, ajustar o tom e o alcance da comunicação – e, convenhamos, por mais que ela seja pensada para alcançar a todos, ajustes se fazem necessários devido às particularidades de cada grupo. “Isso nos mostrou que era necessário estar mais próximos, entendendo a rotina e os momentos em que a comunicação realmente chega até essas pessoas”, pontua Bruna.

A liderança como ponte de confiança

A partir dessa percepção, a pesquisa ganhou, também, um caráter de aproximação, permitindo que a comunicação interna fosse ajustada para ser, de fato, mais eficaz. “É uma forma de reconhecer as necessidades distintas de cada grupo e de buscar soluções mais assertivas para todos”, complementa. Segundo Bruna, em vez de criar canais exclusivos – o que poderia segmentar a comunicação –, a escolha foi potencializar o papel da liderança como comunicadora e ampliar a presença da marca nas redes sociais. Frequência, proximidade e efetividade viraram as diretrizes. “Essa abordagem tem contribuído para que mais pessoas se sintam incluídas e bem-informadas, independentemente do ambiente em que atuam”, reforça.

Tudo foi estruturado a partir dos achados da pesquisa, que revelaram caminhos para amplificar o alcance e a efetividade da comunicação interna. Um deles foi a confirmação do papel central da liderança de média gestão na conexão com o público operacional. “Independentemente da posição, o líder, especialmente da média gestão, é um dos principais aliados na comunicação com os profissionais da linha de frente”, afirma Bruna. Por estarem mais próximos da operação e no contato diário com os colaboradores, esses líderes se tornam o canal mais confiável e próximo. “São eles que ajudam a dar sentido às mensagens institucionais, que compartilham tanto boas notícias quanto assuntos mais críticos de forma próxima e confiável”, completa.

Também vieram à tona oportunidades para tornar as mensagens mais objetivas, adaptar a linguagem e ampliar a presença nos canais mais utilizados por esse grupo. A partir disso, a Novelis criou um WhatsApp corporativo para a operação, lançou um perfil no Instagram com conteúdo mais leve e reforçou a comunicação via líderes. “Promovemos uma capacitação específica com foco nesse papel e estruturamos um canal direto com a liderança, com conteúdos estratégicos já prontos para serem compartilhados”, conta Bruna.

Pesquisa e comunicação interna

Bastidores da escuta

Agora, imagine colocar essa pesquisa para “rodar” sabendo que poderia haver resistência à participação. Assim como ocorreu na HDI Seguros, seria preciso engajar o público e fazê-lo se sentir o mais à vontade possível para falar abertamente. Não à toa, a etapa de escuta exigiu algumas adaptações, especialmente no formato e na abordagem. Bruna lembra que era necessário respeitar a rotina e a disponibilidade dos profissionais para que a pesquisa não fosse um peso, mas sim algo natural.

Nesse sentido, a participação ativa dos gestores também foi decisiva para reforçar a importância desse processo todo. Esse cuidado, segundo Bruna, ajudou a derrubar barreiras e garantir respostas que refletissem a realidade. “Também utilizamos exemplos práticos e situações do dia a dia para facilitar o entendimento dos temas abordados”, explica a porta-voz. Ao todo, foram 11 entrevistas com a alta liderança, 24 grupos focais com média gestão e encontros com horistas das duas fábricas e dos centros de coleta. “Foi, de fato, uma pesquisa construída com escuta genuína, com o objetivo principal de compreender melhor esse público, identificar oportunidades melhoria e fortalecer ainda mais nossa comunicação.”

Parceria estratégica com a Clima Comunicação

A realização desse diagnóstico contou com a parceria estratégica da Clima Comunicação, que já havia conduzido o levantamento de 2021. Essa continuidade foi decisiva para conectar dados, perceber evoluções e entender o que ainda precisava avançar. “O projeto mais recente, voltado exclusivamente para os colaboradores operacionais, mostrou o quanto essa escuta qualificada e próxima faz diferença”, avalia Leonardo Wollinger, diretor de criação e conteúdo da Clima. Ao longo do processo, agência e empresa trabalharam lado a lado, garantindo que cada ação fosse conectada à cultura e às necessidades reais do público.

Segundo Leonardo, o diferencial dessa parceria foi a liberdade para atuar de forma colaborativa, com troca constante e imersão no contexto da empresa. “Quando diferentes áreas e parceiros trabalham juntos, a comunicação ganha profundidade e sentido”, reforça o porta-voz da agência.

Esse alinhamento permitiu que a pesquisa fosse além de um simples levantamento de percepções, tornando-se um processo vivo, com desdobramentos práticos. “Um projeto bem executado entrega resultado, mas, quando há essa atuação conjunta, ele vai além. Gera vínculo, fortalece a cultura e faz as pessoas se sentirem parte da empresa”, destaca Leonardo.

Pesquisa como forma de cuidar

Ao final, a Novelis não apenas ajustou canais e formatos, mas consolidou um modelo de escuta contínua que coloca a comunicação interna como elemento estratégico da cultura organizacional. E empresas que compreenderem isso tendem a sair na frente. “O futuro passa por criar experiências reais de conexão entre as pessoas e o que a empresa acredita. E isso só acontece quando a comunicação deixa de ser uma função e passa a ser uma forma de cuidar”, finaliza Leonardo Wollinger.


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