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Colaboradores como ativos financeiros: por que o RH precisa estar ao lado do CFO

Mais do que discurso, enxergar pessoas como investimento exige métricas, integração entre áreas e uma nova lógica de gestão para gerar valor real ao negócio

de Eduardo Ricci em 1 de outubro de 2025
colaboradores como ativos financeiros

A forma como uma empresa enxerga seus colaboradores ainda define, em grande medida, o seu potencial competitivo. Durante décadas, o discurso corporativo de que “pessoas são o maior ativo de uma organização” se repetiu em apresentações, reuniões e relatórios anuais — mas raramente se traduziu em práticas concretas que elevassem o capital humano à categoria de ativo estratégico.

De custo a investimento estratégico

A maioria das companhias ainda registra salários, encargos e benefícios apenas na aba de despesas, mesmo quando os dados provam que o retorno gerado pelas pessoas pode ser mensurado — e altamente relevante. Durante muito tempo, o valor de uma empresa foi calculado pelos ativos tangíveis, como estrutura física, estoque ou patrimônio. No entanto, em mercados orientados por conhecimento, relacionamento e tecnologia, o verdadeiro diferencial está nas pessoas.

“Por que continuamos tratando colaboradores como custo operacional, quando na verdade são um dos ativos mais estratégicos?”

O impacto do engajamento na produtividade

O engajamento dos profissionais em todo o mundo caiu de 23% para 21% em 2024, segundo o relatório anual State of the Global Workplace, da Gallup. Essa queda representa uma perda estimada de US$ 438 bilhões (R$ 2,4 trilhões) em produtividade para a economia mundial. Em contraponto, um levantamento da Deloitte aponta que organizações com alto nível de maturidade em gestão de pessoas registram até 37% mais produtividade por colaborador.

“Organizações maduras em gestão de pessoas chegam a ter 37% mais produtividade por colaborador, segundo a Deloitte.”

CFO e RH: parceria decisiva para resultados

O desafio está em como traduzir isso para o dia a dia das decisões corporativas, principalmente em um ambiente econômico que ainda pressiona por eficiência e cortes. É nesse contexto que a parceria entre CFOs e lideranças de RH ganha protagonismo. É na integração entre gestão financeira e gestão de pessoas que se habilita uma visão mais sofisticada do valor gerado por cada colaborador — e do impacto que uma política bem desenhada pode trazer.

Benefícios, personalização e engajamento contínuo

Cada vez mais é preponderante que o RH não se limite apenas ao Recrutamento e Seleção (R&S) e atue na transformação dos colaboradores em verdadeiros ativos financeiros. Isso passa por programas de desenvolvimento e capacitação para aprimorar habilidades, maximizando produtividade e inovação.

Uma gestão de talentos que retém key people reduz turnover, evita custos de recontratação e fortalece o engajamento. Essa cultura organizacional gera economia, melhora a performance e cria um ciclo virtuoso de mais investimentos em pessoas.

Segundo a McKinsey, organizações com equipes altamente engajadas apresentam até 23% mais rentabilidade que seus concorrentes. Entre os caminhos mais eficazes está a personalização da experiência do colaborador, especialmente via benefícios flexíveis.

“Cada real investido em inteligência de benefícios retorna como eficiência e diferencial competitivo.”

Indicadores de valor humano e métricas inovadoras

Ferramentas como antecipação salarial sem juros, carteiras digitais integradas e programas de educação financeira devolvem liquidez ao trabalhador e reduzem o estresse associado ao orçamento pessoal. O impacto é direto: mais foco, produtividade e estabilidade.

A mudança de mentalidade também exige novos indicadores. O ROI de benefícios é apenas a superfície. Empresas avançadas avaliam métricas como retorno sobre bem-estar financeiro, produtividade líquida por equipe, valor por ponto percentual de retenção e até engajamento como ativo patrimonial. Esses dados não apenas alimentam dashboards de RH — eles moldam decisões de orçamento, expansão e até valuation.

Empresas resilientes em tempos de crise

Mais do que uma visão cultural, considerar os colaboradores como ativos financeiros é uma estratégia clara de sustentabilidade e crescimento. Em momentos de crise, são essas empresas — quando RH e CFO atuam lado a lado — que se destacam. Em vez de cortar investimentos em gente e anunciar layoffs, elas reequilibram recursos, mantêm seus talentos conectados ao propósito e protegem o valor do negócio.

Pessoas como diferencial competitivo

Nenhum algoritmo, automação ou inteligência artificial será capaz de gerar diferencial competitivo sozinho. A verdadeira inovação acontece nas conexões humanas, nas ideias compartilhadas e na capacidade de criar.

Quando as pessoas deixam de ser vistas como custo e passam a ser tratadas como o ativo mais estratégico da empresa, nasce a vantagem competitiva sustentável.

O futuro dos investimentos empresariais

No fim, a conta é simples. Se você está tentando decidir onde investir seu próximo milhão — em máquinas ou em pessoas — pergunte qual desses ativos continuará gerando valor diante da próxima disrupção. A resposta pode valer o futuro do seu negócio.

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Eduardo Ricci

Eduardo Ricci é CFO da Biz, empresa de infraestrutura tecnológica para serviços financeiros e benefícios flexíveis. Com uma carreira sólida desde 2005, Ricci acumula ampla experiência em tesouraria bancária, ALM, conciliação, serviços financeiros e meios de pagamento.