
A sustentabilidade social começa quando as empresas deixam de “habitar” territórios e passam a pertencer a eles. Para Jéssica Trevisam, gestora do Instituto Motiva, essa mudança de mentalidade tem sido a base do crescimento da companhia. “Já ficou para trás o tempo em que as empresas apenas operavam no território. Hoje, é preciso pertencer. Pertencer significa assumir responsabilidades e construir relações de confiança reais, dentro e fora da organização.”
Na Motiva, o pertencimento é cultivado pelo Programa de Voluntariado, que mobiliza colaboradores em ações de educação e cultura. “Acreditamos que conhecimento e cultura são pontes que aproximam pessoas e ampliam horizontes. Quando nossos voluntários levam livros e histórias para comunidades, eles semeiam possibilidades e transformam realidades”, explica. Atualmente, 3 mil colaboradores participam de mais de 80 ações anuais, envolvendo leitura, mentoria e atividades comunitárias.
Jéssica destaca que o engajamento nasce do exemplo das lideranças. “Quando o líder veste a camisa do voluntariado, ele inspira os times. A cultura do cuidado se multiplica e o impacto social deixa de ser uma iniciativa pontual para se tornar um movimento coletivo.”
Investimento social com propósito e escala
O Instituto Motiva pretende investir R$ 1 bilhão até 2035 em iniciativas de transformação social. “Mais do que uma meta financeira, é um pacto com o futuro”, afirma Jéssica. O plano é estruturado em três eixos: Soluções Sustentáveis, Redução das Desigualdades e Qualidade de Vida.
“Soluções Sustentáveis impulsionam inovação ambiental e urbana. Redução das Desigualdades amplia o acesso à cultura e educação. E Qualidade de Vida apoia saúde e esporte, estimulando hábitos saudáveis e bem-estar coletivo”, detalha.
Segundo Jéssica, o grande diferencial está no modelo de atuação. “Não chegamos com projetos prontos. Começamos ouvindo. Fazemos diagnósticos territoriais, mapeamos atores locais e construímos planos personalizados para cada comunidade. Nenhum investimento é suficiente se for isolado. Por isso, trabalhamos em rede, unindo forças com parceiros e instituições.”
A força das parcerias e da liderança engajada
Jéssica explica que a cultura de voluntariado cresceu ao lado da participação das lideranças. “Hoje, temos diretores, gestores e equipes atuando juntos em plantios, mutirões e ações sociais. Quando a alta liderança se envolve, o engajamento é imediato. Criamos até projetos específicos, como o plantio de hortas comunitárias conduzido por líderes da companhia, para mostrar que sustentabilidade também é sobre colocar a mão na terra.”
Ela destaca ainda que o voluntariado desperta talentos e reconstrói trajetórias. “Já tivemos colaboradores que começaram em funções operacionais e, por causa do desempenho em ações sociais, foram promovidos. O impacto do bem é multiplicador: quando alguém doa tempo e energia, ganha propósito, reconhecimento e sentido.”
Comunicação que conecta e dá sentido

Para Cristina Iglecio, sócia da kubix estratégia e comunicação, o impacto social começa pela narrativa que une propósito, pessoas e reputação. “Durante muito tempo, a comunicação interna foi vista como custo. Hoje, é uma das maiores forças de engajamento e transformação cultural”, afirma.
Ela observa que o employer branding precisa refletir o que realmente acontece dentro das organizações. “Se o ambiente interno não for saudável e verdadeiro, nenhuma campanha sustenta a imagem da empresa. Em tempos de redes sociais, a coerência virou ativo estratégico”. Cristina reforça que as ações sociais externas só têm credibilidade quando estão alinhadas ao clima interno. “Não adianta falar de sustentabilidade lá fora se, dentro de casa, não existe diálogo e confiança.”
Sustentabilidade que nasce da cultura corporativa

A Votorantim Cimentos é um exemplo dessa coerência entre discurso e prática. Priscila Quaresma, gerente de Comunicação Interna da empresa, explica que a sustentabilidade está presente tanto na estratégia de negócio quanto na cultura organizacional. “Temos a nossa Casa Estratégica 2030, que define os rumos da companhia e incorpora a sustentabilidade como tema transversal. Todos os colaboradores entendem como suas atividades se conectam com os objetivos de longo prazo.”
A executiva destaca que o princípio de legado positivo está enraizado desde a fundação da companhia. “Faz parte da nossa história. A sustentabilidade não é um projeto paralelo, é uma forma de fazer negócios. Nossas equipes vivem isso todos os dias, seja no uso de combustíveis alternativos, na gestão ambiental ou nas ações de diversidade e inclusão.”
Orgulho de pertencer e impacto nas comunidades
O orgulho de trabalhar em uma empresa que contribui para o desenvolvimento social tem sido um dos maiores motores de engajamento, na visão da gerente de Comunicação. “Quando o colaborador percebe que sua atuação tem um impacto real na comunidade, ele cria um vínculo emocional com a empresa”, explica Priscila. Esse vínculo fortalece a marca empregadora e atrai novos talentos. “Queremos ser um bom lugar para todas as pessoas trabalharem. Isso é bom para o negócio e para a sociedade.”
Ela ressalta que a Votorantim Cimentos tem compromissos públicos para aumentar a participação de mulheres e pessoas negras em cargos de liderança. “Diversidade é estratégia. Quando refletimos a sociedade dentro das nossas fábricas, fortalecemos a inovação e a competitividade.”
Construir o futuro depende de cooperação
O impacto social e o ecossistema de cooperação são, hoje, pilares que conectam propósito e resultado. “Fazer o bem de forma estruturada e colaborativa é o caminho mais eficiente para gerar transformações duradouras”, conclui Cristina. Jéssica complementa: “Quando trabalhamos juntos, multiplicamos possibilidades. Nenhum investimento, por maior que seja, faz diferença sozinho.”
Os temas e reflexões desta reportagem também foram foco no 4º Fórum Melhor RH ESG e Comunicação, que reuniu executivos e especialistas de todo o País para debater como a cooperação e o investimento social estão redefinindo o papel das empresas na construção de um futuro mais humano, responsável e inclusivo.
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