Gestão

A razão de ser

de Dorival Donadão em 6 de agosto de 2014
Dorival Donadão : Artigo: A razão de ser
Dorival Donadão é consultor em gestão e desenvolvimento humano

A frase acima foi citada em um artigo publicado no jornal Valor Econômico, de 15 de maio deste ano, na coluna de Alexandre Hohagen, vice-presidente do Facebook para a América Latina. O foco do artigo é a tentativa de reposicionar o aparente glamour das empresas de tecnologia (Google e Facebook certamente como marcas de ponta nesse quesito) e ressaltar o “trabalho duro” (hardwork) que essas empresas demandam das suas equipes, assim como a quase totalidade das empresas nos tempos atuais. A questão central é o equilíbrio entre o hardwork e o ambiente de trabalho que, esse sim, deve ser saudável, cooperativo e agregador.

Acontece que esse ambiente positivo só será sustentável no tempo se houver a identificação do sentido e da razão desse ambiente com os valores e a cultura organizacional. Em outras palavras, não será o estilo de um ou outro dirigente da empresa que irá garantir a naturalidade e espontaneidade de um ambiente de trabalho motivador e de convivência produtiva.

São os valores e princípios compartilhados entre líderes e liderados que irão, com o tempo, firmar uma base de práticas, atitudes e comportamentos que, no seu conjunto, darão firmeza e sustentação aos traços de uma cultura corporativa singular, capaz de atrair e reter os talentos produtivos.
É claro que, no final do dia, o quadro de resultados e a performance competitiva do negócio terão um peso relevante nessa equação. Mas, como ensinam as empresas vencedoras nos rankings mundiais de atratividade de talentos (como os exemplos já citados – Facebook e Google), não é um lindíssimo e bem estruturado código de regras e de conduta o responsável por esse movimento.

São as relações de confiança e a construção conjunta de um propósito que estão moldando uma nova arquitetura cultural nas organizações vencedoras. Todos os demais requisitos são acessórios e complementares.

A essência é a cultura. E, principalmente, o núcleo de valores que orienta a afirmação prática dessa cultura no dia a dia das relações e do desempenho profissional. Não é um caminho fácil, mas é compensador. Os primeiros passos exigirão a sintonia dos principais dirigentes com uma carta de valores, os enunciados básicos das crenças e dos princípios que o grupo de líderes quer ver, de fato, na realidade do trabalho.

Muitas vezes, esses valores ainda estão no estágio de aspiração e não de práticas reais. Esse é o estágio da cultura pretendida, o desenho de uma expectativa e não da realidade. Não importa. O fundamental é ter a carta de valores como uma bússola para navegação. O próprio caminho irá fortalecendo a dose de realidade, diminuindo o espaço das contradições. Foi assim com as empresas que são reconhecidas hoje pela clareza de sua identidade cultural. E será assim com a sua organização, se houver convicção e empenho nesse caminho.

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