Cada vez mais, as organizações são solicitadas a assumir um compromisso com a promoção da cidadania, do bem-estar e da satisfação dos indivíduos na sociedade. Elas têm um papel fundamental na produção de boas condições de trabalho e práticas de responsabilidade social, riquezas que elevam o nível e a qualidade de vida de um país. Dessa forma, não podem deixar de tomar como referência os princípios da ética e terem como horizonte o bem comum, a perspectiva de uma vida feliz.
Terezinha Azerêdo Rios é doutora em Educação e diretora da Oficina de Pergunta / Crédito: Divulgação |
Vida feliz é a possibilidade de viver plenamente o direito de acesso aos bens de toda natureza produzidos pela sociedade e de participação na construção de novos bens e direitos. Se a realização do bem comum é a finalidade dos indivíduos em sociedade, o trabalho de todos deve ser orientado nesse sentido.
Por isso, o trabalho competente é o que faz bem. É aquele em que o profissional mobiliza todas as dimensões de sua ação para proporcionar algo bom para si mesmo, para aqueles com quem partilha o trabalho e para a sociedade.
Se nos voltarmos para a história dos indivíduos que se destacam ou destacaram como líderes ou para a história das organizações bem sucedidas, encontramos a presença do questionamento reflexivo e crítico, próprio da filosofia, como estimulador dos processos na direção do objetivo fundamental que é a construção do bem comum.
Concordo com Eugenio Mussak quando ele afirma no livro Liderança em foco que liderança não é cargo. E com Mario Sergio Cortella, coautor da mesma obra, que a liderança é uma autoridade que se constrói pelo exemplo e pelo respeito.
É nessa medida que deve ser ressaltado o componente ético da liderança. Falar em respeito nos remete ao princípio básico da ética. Assim, o respeito que se destaca no líder não é apenas o que se encontra na sua relação com os que o cercam em seu contexto particular, mas no contexto mais amplo da sociedade na qual vive.
Colaborar na construção da felicidade é a tarefa que está apontada como propósito das organizações cidadãs. Portanto, não é no trabalho isolado ou apenas na construção de um código que elas trazem a ética para seu espaço. É no cotidiano das ações e relações que os princípios devem se concretizar. Esse é o grande desafio das sociedades. Hoje, no Brasil, temos de nos dispor a enfrentá-lo, vendo além do que o olhar imediato e ideológico nos faz conhecer, realizando uma reflexão crítica.
É preciso lembrar que existem algumas resistências – o exercício de reflexão ainda não é algo habitual num mundo que busca receitas fáceis! Mas é no esforço sério e coletivo que está a possibilidade de caminhar para uma sociedade mais democrática e solidária.
Essa sociedade não está pronta. E seguramente nunca estará. Por isso, devemos nos empenhar em construí-la cotidianamente, pondo em movimento a utopia – não algo que não pode existir e sim que ainda não existe – em todos os nossos espaços profissionais.