Eugenio Mussak é professor da FIA, consultor e autor |
Entre o povo das escolas de samba, é comum que se diga que o carnaval de um ano começa a ser preparado assim que se sai da avenida no ano anterior. Conheço algumas pessoas envolvidas com essa festa, e posso afirmar que não se trata de exagero. Mal encerra a apuração dos quesitos avaliados e, nas escolas, após aquele período cujos acontecimentos oscilam entre comemoração da vitória e a tristeza do rebaixamento, começa a nova fase, o próximo tema, o carnaval do ano que vem.
Para os apaixonados, a preparação, que dura um ano, tem mais significado que o desfile em si, quando a escola ocupa a avenida por pouco mais de uma hora. O que interessa é a meta, o movimento, o comprometimento com a causa da arte e do espetáculo. Por sua força, esse moto-perpétuo do carnaval acaba sendo usado como metáfora para outros acontecimentos cíclicos. Um deles é a preparação de um congresso. Com o CONARH não é diferente. A avaliação dos acontecimentos durante uma edição começa mal a cortina desce e, festejando os acertos e lambendo as feridas dos erros, a turma de idealistas que empresta horas de seus dias para a preparação deste, que é o segundo maior congresso em sua área no mundo, se põe a trabalhar. Neste agosto de 2014 há motivos extras para a excitação. Trata-se da 40a edição do CONARH, será realizado logo após a Copa do Mundo em nosso país, e um pouco antes da eleição para presidente, governadores e legisladores. Entre a festa esportiva e o ato cívico, estaremos lá, discutindo o futuro da gestão de pessoas e das empresas onde elas trabalham.
E haja discussão… Quarenta eventos, entre palestras, painéis, cases, pesquisas não vão deixar em paz a inteligência dos participantes. Pode parecer forte essa expressão, mas é esse mesmo o objetivo. Se um congresso não desafia o lugar comum, não valeu. Se não provocou certa indignação e questionou o conforto em que, de forma natural, imperceptível, todos nos colocamos, não atingiu seu objetivo.
Certa vez escrevi aqui na MELHOR que um professor havia me dito que a função de um congresso é colocar fermento na inteligência dos participantes. Continuo acreditando nessa analogia. Desde que comecei a participar de congressos, e lá se vão várias décadas, não paro de me surpreender com o tamanho da oportunidade de aprendizado em um tempo tão curto.
E isso acontece porque, diferente de uma escola, em um congresso a relação entre o conteúdo do evento e o tempo em que ele ocorrerá merece um respeito imenso, bem acima da média. O mix de temas, a experiência dos convidados a falar, sua representatividade e capacidade didática, nada pode ser ignorado. Imensos detalhes… e pode parecer estranho, mas a próxima edição já começou. A agenda do próximo ano esteve sendo escrita durante a realização desta. Como disse Drummond certa vez, referindo-se a cada um de nós: “Estamos sempre nos inventando, e o duro é que nunca ficará pronta, de nós, uma edição convincente”. Pois que seja…