As demissões em massa promovidas recentemente por startups brasileiras chamaram a atenção. Empresas de segmentos variados anunciaram cortes em torno de 20% no número de colaboradores para contornar os efeitos de um ambiente macroeconômico desfavorável. Em meio à inflação galopante e às sucessivas altas de taxas de juros, o clima de aversão a riscos impacta significativamente essa classe de companhias enxutas e voltadas para o crescimento rápido.
Embora seja uma decisão compreensível do ponto de vista de negócios, demitir nunca é uma tarefa fácil. A demissão impacta diretamente as vidas de pessoas, que depositam uma boa dose de seu esforço, seu tempo e suas esperanças naquele emprego. Por isso, qualquer anúncio de desligamento – seja numeroso ou não – deve ser feito de maneira cautelosa e humanizada, prezando pelo respeito e pela transparência.
Por falar em transparência, gostaria de jogar luz para o alinhamento necessário entre organização e colaboradores em toda a jornada. O boom das startups na última década, capitaneado pelas fintechs, chacoalhou o mercado de trabalho em vários aspectos e colocou em perspectiva a importância do propósito dentro das organizações e de uma aplicação prática dos valores organizacionais no dia a dia, além do discurso.
Quando se fala de startups é comum associá-las a ambientes descontraídos (que têm escritórios descolados, com mesas de pingue e geladeiras de bebidas), a um clima organizacional inclusivo e a uma forte sensação de pertencimento. De fato, elas representaram avanços importantes nas relações profissionais, mas será que essa é uma carreira para todos?
Empresas para diferentes estilos
Como consultor de carreira e de desenvolvimento profissional, penso que não. Pessoas são diferentes, têm estilos diferentes, trajetórias diferentes e querem coisas diferentes a depender de seu momento de vida. Não é possível supor que todas busquem o mesmo estilo de empresas, por mais atraente que seja a proposta de fazer parte de companhias ambiciosas, disruptivas e cujo futuro é promissor.
Como qualquer negócio, startups oferecem prós e contras. O lado positivo é a oportunidade de trabalhar em ambientes dinâmicos e inovadores, que oferecem autonomia e a possibilidade de ascensão profissional rápida; o lado negativo envolve a ausência de processos, o que pode gerar ansiedade e frustração, possíveis cargas horárias elásticas e uma sensação menor de estabilidade em comparação com empresas maiores e mais estabelecidas.
Refletir sobre esses pontos é fundamental para a tomada de decisão consciente, sem expectativas exageradas ou desconectadas. Não existe escolha melhor ou pior nesse caso; existe a que combina mais com cada perfil, considerando vantagens e desvantagens.