Como costumo dizer, as pessoas são as empresas e as empresas são as pessoas, em todos os segmentos sejam eles quais forem. No mundo do trabalho tudo se resume as relações humanas, por isso a importância de saber lidar com elas.
Entretanto, quando estamos diante de profissões muito técnicas e somos especialistas (experts) podemos criar armadilhas, incluindo acharmos que conhecemos e dominamos tudo. Assim, deixamos de ouvir e conhecer outras perspectivas e visões; que é a base para a reflexão, para as trocas e os aprendizados. Vale ressaltar que a criação em conjunto gera muita riqueza e possibilidades nos processos e projetos em geral.
Além dos aspectos técnicos-operacionais, as suas atualizações permanentes etc., é importante saber olhar para outros cenários, incluindo o mergulho para dentro de si, bem como se permitir aprendizados com todos aqueles que nos cercam e conosco trocam sejam eles clientes, fornecedores, parceiros, liderados, líderes etc.
Quando falamos de liderança, dada a necessidade implícita desta função de lidar com outras pessoas, é importante compreender que, além do técnico, dever-se-á incluir a gestão diária, inclusive emocionalmente com pessoas; e para isso acontecer é mandatório que o indivíduo que ocupe esta posição tenha o foco no seu próprio autoconhecimento e desenvolvimento. Aqui cabe frisar que isso serve para homens, mulheres, enfim todos os gêneros indistintamente. Somente conhecendo bem a si mesmo, evoluindo, uma pessoa pode ter um olhar melhor para o outro, inclusive para apoiá-lo e desenvolvê-lo.
A maturidade emocional também inclui a capacidade de se ter uma avaliação de suas próprias ações e as consequências decorrentes, responsabilizando-se.
Outro ponto a destacar é que o profissional deve buscar o autoconhecimento para ver o que pode aprender a mais e se desenvolver, bem como estar firme e com clareza sobre as potencialidades que já possui. Tudo isso contribui para criar potência aos objetivos a serem perseguidos e trazer leveza para si próprio e para os que com essa pessoa interagem.
Segundo uma pesquisa conduzida pela psicóloga organizacional Tasha Eurich, que entrevistou 5.000 pessoas nos Estados Unidos, revelou que apenas 15% sentiam que se conheciam bem. Ou seja, um número bem pequeno.
Observo pessoas com inúmeros problemas não resolvidos, com traumas graves gerindo outras pessoas, sem procurar se trabalhar e fazendo da vida de outros um verdadeiro inferno. Quantos já viram pessoas do mercado, referindo-se aos seus líderes como demônios, loucos, psicopatas, pessoas sem caráter etc.
Um questionamento que devemos nos fazer: Será que os profissionais estão preparados, para além de olharem o retorno financeiro de suas empresas, verem também as pessoas de uma maneira mais humanizada e diferente do que vem ocorrendo?
Por que se diz do que vem acontecendo? Porque sabemos do alto índice de profissionais com transtornos de ansiedade, depressão, pânico, burnout e até cometimento de suicídio. Muitos ambientes são um verdadeiro barril de pólvora, com práticas de não compliance, muita exigência, pouca compaixão e falta de compreensão.
Precisa-se urgentemente de lideranças fazendo a diferença em todos os setores, em que essas pessoas como tais, além de ganhar dinheiro por meio da prestação de um bom serviço, impactem o seu entorno de maneira saudável e positiva.
Vale destacar que uma pesquisa realizada pelo Talenses Group apontou que 90% (87,9% das mulheres e 86,2% dos homens) dos respondentes afirmaram que já tiveram líderes tóxicos. O estudo contou com 590 entrevistados, sendo eles 20% diretores, VPs e presidentes, 31% gerentes, 27% coordenadores, especialistas e supervisores e 22% analistas, assistentes, estagiários e trainees.
Os segmentos técnicos são áreas que muito geralmente tem foco em atender uma necessidade, dar uma solução ou criar algo, deveriam buscar compreender os seus stakeholders. Compreender que, porque são muito bons no que fazem, não significa dizer que sejam o centro do mundo, precisam aprender a se comunicar melhor, relacionar-se melhor e ajustar suas tomadas de decisão ouvindo opiniões diferentes tendo uma visão estratégica.
Destaco um trecho do livro Empresas Humanizadas, ficando aqui a dica para mais uma boa reflexão relacionada ao aspecto de que ter ganhos /lucros é preciso, porém com a mesma importância é a necessidade de olhar para si, para as pessoas, que em verdade, fazem tudo acontecer, sem elas, nada é possível.
“Acreditamos que o negócio é bom, porque ele cria valor; é ético, porque se baseia na troca voluntária; é nobre, porque pode elevar a existência; e é heroico, porque tira as pessoas da pobreza e cria prosperidade. Muito do bem está sendo feito atualmente “inconscientemente” simplesmente criando produtos e serviços que as pessoas valorizam, criando postos de trabalho e gerando lucros. No entanto, o negócio também pode ser feito muito mais conscientemente, com um propósito mais elevado e criação de valor ótimo para todos os stakeholders, enquanto cria culturas que aprimoram o desenvolvimento humano. Conforme as pessoas, especialmente líderes, tornam-se mais conscientes, somos capazes de criar tipos de empresas empreendedora que ajudarão a resolver nossos problemas mais graves e elevarão a humanidade para satisfazer nosso potencial ilimitado como espécie”.
Para aqueles que já estão se direcionando para o autoconhecimento ou para aqueles que ainda não estão, porém, começaram a sentir necessidade de olhar mais para si e seu entorno, digo com toda a segurança: vocês se darão um dos maiores presentes que poderiam se dar na vida!
O meu depoimento pessoal é que, desde que mergulhei no meu autoconhecimento, vivo com maior alinhamento com o que hoje sou e acredito, meus valores, necessidades, em contato com pessoas que realmente agregam e me fazem muito bem, de maneira a me propiciar uma vida muito mais leve, feliz e com um sentido que me nutre e traz o que preciso.
Que todos que leram este texto despertem mais e mais para o autoconhecimento e desenvolvimento. O mundo precisa de pessoas mais conscientes e que se responsabilizem por suas ações cientes que essas afetam não somente a si próprias, mas também aos outros.