Gestão

Ainda longe do ideal

Pesquisa mostra que a maioria dos líderes defende transparência das informações dentro das organizações, mas...

de Redação em 7 de agosto de 2018

O que é preciso para uma empresa ser transparente? Aliás, esse tema tem sido discutido em sua organização? Mas
o que vem a ser transparência? Além da noção básica de ser uma qualidade do que é transparente, ou seja, do
que se pode ver através, há um sentido mais figurado e apropriado para o mundo corporativo. Nesse caso, trata-se de uma alusão a uma característica de uma pessoa ou organização que não oculta nada, que não tem nada a esconder.

E foi a partir desse conceito que Cristina Panella, consultora sênior da BMI Blue Management Institute, empresa do Grupo White Fox que também controla a Nexialistas Consultoria em Desenvolvimento e Treinamento, resolveu fazer uma pesquisa sobre o tema nas corporações. Doutora em sociologia com ênfase em comunicação pela École des
Hautes Études en Sciences Sociales, mestre em formação à pesquisa (E.H.E.S.S.) e mestre em antropologia social pela Université René Descartes – Sorbonne, Cristina encontrou dados bem interessantes.

A pesquisa levantou que, quando o assunto é direito à informação clara e transparente, 95,8% dos líderes acreditam que o direito de ser informado e de ter acesso à informação é importante tanto na empresa quanto na sociedade em geral, mas, em contrapartida, apenas 19,8% responderam que a empresa é totalmente transparente, com informações e processos acessíveis a todos.

Para uma empresa ser transparente, a comunicação é essencial. As regras do jogo devem ser compartilhadas de forma objetiva e madura.

“Quando perguntados se em uma empresa mais transparente todos os colaboradores são mais engajados, 95,8% disseram que sim.”

Frases colhidas durante a realização da pesquisa apontam alguns motivos para que a transparência seja uma preocupação. “Quanto mais os funcionários estão informados e mais alinhados com os desafios da empresa, mais eles estarão comprometidos para vencerem juntos as barreiras”, explica o consultor de negócios e carreira Alberto Roitman.

Outro importante fator que está diretamente ligado à transparência, de acordo com os dados da pesquisa, é o engajamento. Ela é apontada como condição essencial para o engajamento dos colaboradores. Pelo menos essa é a opinião de quase todos os líderes entrevistados. Quando perguntados se em uma empresa mais transparente todos os colaboradores são mais engajados, 95,8% disseram que sim. “Entendo que as palavras mais simples e exemplos aplicados ao cotidiano são promissores e o entendimento, a disseminação e o engajamento das pessoas serão mais promissores”, destacou um dos entrevistados.

As opiniões ficam um pouco divergentes quando o assunto é a relação da transparência com a cidadania dos profissionais. Uma parcela significativa (46,5%) acredita que transparência e cidadania pertencem a diferentes esferas, com pequena ou nenhuma influência de uma sobre a outra. Mas, para a maioria (53,5%), a transparência
nas empresas contribui decisivamente para o exercício da cidadania dos colaboradores.

Outra questão muito importante para a maioria dos entrevistados diz respeito a ter processos bem definidos. O levantamento mostra que 87,3% acreditam que a modelagem dos processos internos contribui para a transparência da empresa.

A liderança é muito importante para a disseminação da cultura de transparência nas empresas. Para 45% dos entrevistados, isso pode ser feito por meio de canais de comunicação. Já 26% acreditam que o mais importante é a liderança ser o modelo a ser seguido. E outros 20% acham que a liderança deve ser ativa, promotora e garantidora dos processos de transparência. Para Roitman, “a liderança deve estar mais próxima de suas equipes, sendo mais humilde, se desprendendo da hierarquia e deixando de lado a máxima de que ‘informação é poder’”.

Mas mesmo com a maioria valorizando a transparência para a saúde da empresa, apenas 19,8% dos líderes responderam que a empresa é totalmente transparente, com informações e processos acessíveis a todos. Outros 57,7% acreditam que a transparência na empresa obedece a níveis de acessos distintos e para 22,5% não há uma
política clara de transparência de informações ou processos.

Conteúdo publicado na versão impressa da Revista Melhor RH, edição de Maio/2018

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