A implementação de um programa de saúde mental pode ser uma ferramenta importante para a empresa lidar adequadamente não apenas com problemas de transtornos de comportamento, mas também com casos mais simples. A Organização Mundial da Saúde (OMS) projeta que, até 2020, das 10 principais causas para afastamento do trabalho, seis serão doenças mentais, com a depressão em primeiro lugar.
No Grupo Algar, que atua nos setores de TI e telecomunicações, serviços, agronegócios e turismo, o cuidado com a saúde mental faz parte do Programa de Desenvolvimento Individual da Saúde, em atividade desde 2003 com ações também voltadas para a parte física, clínica e fisiológica dos funcionários. De acordo com Cícero Penha, vice-presidente corporativo de Talentos Humanos do grupo, a atenção na dimensão psicológica vai além do corpo executivo e já realizou mais de 1,6 mil atendimentos, entre os10 mil colaboradores. Ele explica que um profissional recebe os funcionários diretamente, sem necessidade de pedido do RH ou autorização da gerência, para evitar qualquer desconforto. “A psicóloga faz uma análise dos casos que se apresentam e, depois, pode encaminhar para tratamento com psicólogos externos ou psiquiatra.”
Na opinião do executivo, é uma necessidade da empresa ter pessoas sadias para desenvolver atividades produtivas e criativas. “É preciso que a gestão de pessoas leve em consideração a existência de um ambiente sadio. Você consegue mais produtividade com um modelo aberto, transparente e mais humano”, afirma Penha. O médico Rodolfo Milani, consultor da Aon Hewitt, afirma que as ações podem ser pontuais, com visitas de psicólogos, nutricionistas e educadores físicos ao ambiente de trabalho, ou chegar a programas de assistência integrada. “Nesse caso, o atendimento é sigiloso e o colaborador pode ser encaminhado a um psicólogo, psiquiatra, assistência social ou até consultoria para uma abordagem jurídica, se for o caso. Há a possibilidade de fazer algum tipo de psicoterapia breve, para problemas mais pontuais e imediatos, ou para um tratamento mais prolongado”, comenta.
Os casos de transtornos de comportamento mais graves não são os mais encontrados nas empresas, segundo ele. Ainda assim, Milani orienta que as companhias estejam atentas a alterações bruscas de produtividade, temperamento e nos laços sociais dos colaboradores, assim como desleixo na aparência pessoal. “Podem ser sinais de algum problema relacionado à saúde mental. É fundamental manter um canal de comunicação aberto entre o colaborador e seu gestor. A recomendação é abordar a situação rapidamente, ouvir o que ele tem a dizer e manter a empatia em relação ao colaborador, enquanto se agiliza uma solução para o problema.”