Recentemente fiz um curso on-line em que o historiador e professor Leandro Karnal disse que a mudança é difícil, mas que não mudar é fatal, e a necessidade de mudança constante, que hoje é imposta de alguma maneira a toda a humanidade, está diretamente relacionada ao processo de aprendizagem contínuo, o conhecido conceito de long life learning (LLL). Isso porque, quanto mais estivermos abertos a aprender coisas diferentes e diversificadas, maior será a nossa capacidade de sair da nossa zona de conforto e de nos adaptar ao novo.

E como podemos aprender? O aprendizado contínuo está única e exclusivamente associado ao aprendizado considerado formal, em instituições de ensino? A resposta a essa pergunta é claramente “não”. São inúmeras as possibilidades de aprendizagem atualmente, que contemplam não somente a sala de aula, mas também a leitura de livros, artigos e reportagens, pesquisas na internet, assistir a documentários, programas diversos e a palestras, participação em workshops e treinamentos, entre outros. Na verdade, pode-se dizer que a lista de alternativas é imensa.

Adquirir conhecimento

Quando penso na minha própria experiência, duas formas de aprendizagem das quais particularmente gosto muito, e que venho valorizando ainda mais nos últimos anos, são: o conhecimento que adquirimos no dia a dia, trabalhando – o famoso training on the job –, e aquele que obtemos conversando e nos relacionando com as pessoas.

Confesso que foram várias as vezes em que conversas informais com pessoas de diferentes áreas e senioridade me possibilitaram reflexões muito produtivas e insights valiosos. Trocar experiências, provocar debates construtivos sobre um determinado tema, demonstrar curiosidade em saber a opinião do outro, estar aberto a quebrar paradigmas e resistências, pôr em xeque seus próprios vieses são ferramentas extraordinárias em um processo contínuo de aprendizado e autodesenvolvimento.

Conexões para aprendizado

Quanto maior for o nosso rol de conexões, interagindo com pessoas pertencentes a grupos distintos, seja em termos de idade, gênero, situação socioeconômica, profissão, nacionalidade, entre tantas outras dimensões, maior será a nossa exposição ao diferente, potencializando uma mente disruptiva. Essa diversidade e pluralidade fomentam a criatividade e a adaptação ao contexto em que estamos inseridos atualmente.

Vejo essa dinâmica como uma espécie de mentoria diária, que está ao alcance de cada um de nós. E, por falar em mentoria, tenho participado de um programa de mentoria colaborativa há alguns meses, e venho percebendo que muitas das falas que compartilho com minhas mentoradas são lições que eu mesma preciso ouvir (novamente!) em voz alta e (re)aplicá-las na minha vida, reforçando um processo de evolução e transformação pessoal e profissional.

Se pararmos para refletir, qual deve ser a resposta à pergunta: “O quão automaticamente temos vivido, ignorando o universo de possibilidades de aprendizagem que está diante de nós, ou mesmo não utilizando o nosso tempo de maneira inteligente, com o foco em nosso desenvolvimento?” O fundamental é enxergar todas as oportunidades que temos em nosso dia a dia, para aprender algo novo e aproveitá-lo ao máximo. Isso depende única e exclusivamente do próprio indivíduo e, nesse contexto, o tão falado protagonismo desponta como peça-chave no processo de aprendizado contínuo.

Leandro Karnal diz que o protagonismo pressupõe desafiar a consciência e incluir-se na resposta. Em outras palavras, ser protagonista significa ser sócio majoritário da própria vida e entender que o ser humano não é determinado, mas, sim, determinante. Para desenvolver uma mentalidade de aprendizado contínuo, ter essa atitude é fundamental.

Acesso à informação

Mas não basta ter a proatividade de buscar dados diversos, acreditando que, quanto mais informações acessadas, mais conhecimento teremos. Se não transformarmos essas informações em habilidades e atitudes, por meio do esforço, da prática constante e da obtenção de novos hábitos, não vamos adquirir conhecimento, e muito menos mudar e evoluir. O aprendizado contínuo pressupõe transpiração eterna!

Por isso, deixo um convite a todos: aproveitem o tempo para fazer algo a seu favor, mantenham o foco na tarefa em questão e se dediquem de corpo e alma a ela, sem distrações. Enxerguem em seu dia a dia a quantidade de oportunidades que vocês têm para aprender algo novo e se transformar, e usem e abusem, no bom sentido, é claro, da interação com as pessoas. Demonstrem abertura para ouvir a história do outro e compartilhar a sua experiência, para repensar suas crenças, para explorar outros pontos de vista. As possibilidades de aprendizado são infinitas e eternas. Relacionar-se com pessoas é algo acessível e extremamente rico e, se bem aproveitado, nos tornará melhores seres humanos, mais adaptáveis e abertos a mudanças.