BlogaRH

Barack Obama e a inquietação da geração Z

Uma das principais preocupações não só dos americanos, mas do mundo todo, é a forma como os nascidos depois dos anos 2000 encaram o trabalho 

de Bruno Martins em 31 de agosto de 2023
Shutterstock

               As preocupações dos trabalhadores americanos são o tema do documentário chamado “Trabalho”, disponível na Netflix, série produzida e narrada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Em quatro episódios, ele aborda como as diversas classes sociais movimentam a economia da maior potência global e traz para debate o que é considerado como o modelo de trabalho ideal desta geração e das futuras.  Pai de duas filhas adolescentes (Natasha, de 22 anos e Malia, de 24), ele ainda cita no documentário – baseado no livro homônimo do jornalista Studs Terkel – uma das principais preocupações que não é só dos americanos, mas do mundo todo: a forma como aqueles nascidos depois dos anos 2000, conhecidos como a geração Z, encaram o trabalho. 

            É neste ponto que está um dos maiores desafios do mercado de trabalho brasileiro. Com praticamente quase todos os setores e indústrias empenhadas em colocar em prática e acelerar o processo de transformação digital, os talentos mais jovens – principalmente a geração Z – fazem parte de um grupo de profissionais que já nasceu conectado e que facilmente utiliza a tecnologia no cotidiano. 

            Como eles vêm sendo considerados prioridades e um alicerce para esse processo de digitalização das empresas, surgem alguns desafios que é como incorporá-los às organizações até nos setores menos atraentes para eles. Nesse sentido, as maneiras mais tradicionais para atração de talentos não estão funcionando mais. A principal forma de chamar a atenção deles passa obrigatoriamente pelas redes sociais. Nesse ambiente digital por onde eles transitam facilmente, as empresas podem investir em uma boa prática de boa comunicação dos valores e cultura organizacionais de forma que possa atrair o olhar e a atenção desse público mais jovem. Em busca de novidades, faz sentido para eles saberem se a organização tem uma cultura moderna, atualizada e se está digitalizada. Como esperam que a empresa tenha uma “alma digital”, o uso de tecnologia diferenciadas e disruptivas faz com que esse profissional seja atraído. 

            Por ser uma geração que está preocupada com questões sociais, sempre discutindo direitos das minorias e que consideram o que a empresa realmente faz pelas pessoas e pela sociedade, um outro fator importante para eles diz respeito às políticas de inclusão e diversidade corporativas. Uma empresa deve entender que o talento pode estar em qualquer lugar, independente da forma, raça, identidade de gênero, religião, política, etc. Vale lembrar que contratar pessoas diversas é sinônimo de competitividade.   

            Além disso, a organização também precisa ter uma trilha de aprendizado. Antes, a empresa era o lugar onde as pessoas apenas trabalhavam fisicamente, e hoje é o lugar onde elas aprendem. A empresa que permite que os jovens aprimorem o conhecimento e aprendam todo dia tem um grande diferencial. Como eles buscam mais do que salário, outras ações mais rápidas e efetivas para captar esses jovens profissionais também podem ser implementadas, tais como: benefícios flexíveis, mobilidade, home office, trabalhar com novidade, aprendizado contínuo, clareza sobre onde chegar, autonomia, diversidade, cultura de feedback e reconhecimento. 

            Em suma, a inquietação da geração Z está mudando a forma como as empresas estão atraindo e retendo talentos. Muitas organizações estão tendo que se moldar a eles, e não eles ao que está sendo oferecido pelo mercado. Como esses jovens não pensam apenas numa relação trabalho versus dinheiro, os empregadores têm que priorizar aspectos culturais, sociais e até ambientais. Dessa forma, só conseguirá efetivamente ter essa conexão, a empresa que mostrar que sabe as dores e as expectativas da geração Z e que permita que ele seja um protagonista da própria carreira.  

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail


Bruno Martins

É CEO na Trilha Carreira Interativa