Marca

Branding bem construído

Seja na carreira ou na empresa, reputação é algo que demanda intencionalidade, compromisso e transparência, passando, só depois, pela autoridade e pelo reconhecimento

de Jussara Goyano em 27 de julho de 2023

Nunca a questão da reputação pessoal, profissional ou empresarial ganhou tanta evidência como nestes tempos de redes sociais, “cancelamentos” e posicionamentos requeridos frente a questões socioambientais. A verdade, no entanto, é que não existe mais a separação entre on e off-line quando este é o tema. No caso das pessoas físicas nem divisão entre marca pessoal e profissional existiria mais. O desafio da construção da reputação teria se tornado um ciclo estendido a ambos os espectros da vida e com olhos nas demandas do mercado.

Um levantamento realizado pelo site ZipRecruiter no início deste ano destacou que, para mais de 90% das companhias, as habilidades socioemocionais (soft skills) se equiparam às competências técnicas (hard skills) em termos de importância na avaliação de um candidato. As companhias vem escolhendo a dedo seus talentos, com base, justamente, naquilo que é positivamente contínuo ao longo de toda a sua carreira e que, no fim, diz respeito ao seu caráter e posicionamento diante de desafios pessoais, profissionais e questões da sociedade como um todo.

Renata Zveibel, especialista em Branding Pessoal: soft skills são fundamentais

Daí a importância, segundo a consultora e especialista em branding pessoal Renata Zveibel, de se destacar as soft skills no processo de construção da reputação pessoal e profissional. “Essas habilidades fornecem contribuições valiosas para a construção de sua marca, são ativos pessoais”, entende a especialista.

Esses ativos seriam o diferencial, por exemplo, quando se lança um olhar sobre as carreiras fluidas, que passam por transição entre duas ou mais áreas de conhecimento: quando a técnica requisitada se modifica, as soft skills permanecem destacadas, indicando o potencial de desenvolvimento daquele profissional frente aos desafios de uma nova área de atuação.

Segundo a especialista, vale refletir sobre como elas podem ser aprimoradas ao longo de toda a trajetória, balanceadas com os conhecimentos profissionais necessários. Para Renata, o desenvolvimento e a valorização das soft skills podem e devem ser intencionais, mas passam pela autenticidade, dando luz a conquistas verdadeiras nesse sentido, e que, de fato, sejam vivenciadas pelo indivíduo.

A autoridade e o reconhecimento, entende a consultora, são consequências diretas de uma técnica consistente, somada a um perfil igualmente consistente em termos de habilidades pessoais, ambos desenvolvidos de maneira genuína. Premiações e certificações seriam um incremento à credibilidade profissional.

Quando as empresas se destacam

Luis Grottera, da Rosenberg, Grottera Business & Branding:
reputação pode gerar produtividade

No caso das empresas, o branding se enriquece dessas pessoas físicas de reputação excelente, mas não mais de forma orgânica, e sim intencional e sob compromissos assumidos diante de todos os stakeholders. Por sua vez, um branding claro geraria o fit cultural necessário para atrair e reter os talentos certos, capazes de contribuir para a imagem da companhia e também para seus resultados.

Segundo Luis Grottera, Sócio e CEO da Rosenberg, Grottera Business & Branding, por isso, o que mais se aprimora em um projeto de branding na empresa é o RH.

“O que o branding vai mostrar é que os recursos humanos são a primeira ferramenta a ser trabalhada para melhorar a performance”, ressalta Grottera. Em sua experiência, ele vislumbra um aumento de produtividade em 30%, durante esse processo nas organizações, mesmo sem novos investimentos. O simples fato de se democratizar os objetivos e estratégias da empresa ao longo desse projeto já seria fator importante para esse incremento, de acordo com o especialista.

Para Grottera, o branding claro para colaboradores e para o mercado reforçaria a consistência do posicionamento da companhia, seja on ou off-line, da porta para fora ou para dentro da organização, corroborando a ideia de que não existem mais essas separações quando o assunto é reputação empresarial. Isso seja ela originada pela performance de atendimentos, produtos e serviços, seja aquela construída como marca empregadora.

Grottera compara a empresa a uma persona, que gera uma imagem confusa ao aparecer de maneiras distintas e com diferentes mensagens em suas diferentes redes sociais. “Não dá para ter um posicionamento no Instagram, outro no LinkedIn e outro no Facebook”, entende o executivo, estendendo a analogia também para diferentes ambientes reais. “Mais tarde você vai ser pego nessa ‘mentirinha'”, brinca o especialista. Desconstruir a má reputação dá um trabalho muito maior, ele ressalta.

O executivo é veemente em afirmar que o Brasil está atrasado em 15 anos em termos de branding, em relação ao que já se praticava em países da Europa e nos Estados Unidos. E no que diz respeito a custos e por questões culturais, os processos que se estabelecem no país seriam frágeis, focados muito mais em unificar a imagem empresarial junto a seus diversos canais e públicos do que em empreender transformações ou mergulhar fundo na cultura empresarial para consolidar a marca.

Em uma empresa que tem processos contínuos para construir e fortalecer a sua reputação, premiações e certificações de credibilidade no mercado podem ter um impacto significativo, entende Grottera. Esses troféus, se não celebrados ou comunicados adequadamente, contudo, não contribuem para a marca nem para o engajamento da equipe, ressalta o especialista.

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