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Brasil: Mulheres já podem trabalhar nas funções que quiserem?

É fundamental reconhecer que, embora não haja mais declarações explícitas de exclusão feminina, existem obstáculos subjacentes que precisam ser superados

Discutir a presença das mulheres em diversos setores, como Tecnologia da Informação (TI) e Construção Civil, por exemplo, é um tema que demanda não apenas reflexão, mas também ação. Embora seja contestável e socialmente inaceitável afirmar que as mulheres não têm o mesmo acesso a essas áreas, ainda existem barreiras culturais e históricas que limitam uma participação plena e igualitária.

É fundamental reconhecer que, embora não haja mais declarações explícitas de exclusão feminina, existem obstáculos subjacentes que precisam ser superados. E os números não poderiam ser mais claros. 

Um estudo do movimento pretalab apurou que, em 2022, apenas 31,7% dos trabalhadores brasileiros do setor de TI eram mulheres. Já na Construção Civil, a participação dobrou entre 2019 e 2021, mas ainda é de somente 10,8% – os dados são do Ministério do Trabalho e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).   

Questões como a disparidade salarial e a falta de representatividade nos cargos de liderança persistem, refletindo desafios mais profundos do que simplesmente permitir o acesso das mulheres a determinadas profissões. Em média, as mulheres possuem cerca de 52% da força dos homens na parte superior do corpo e 66% na parte inferior, de acordo com um artigo publicado no National Library of Medicine.

Historicamente, atividades que exigem força física e disposição sempre foram associadas ao universo masculino. Embora seja discutível se essa associação é baseada em diferenças biológicas ou em construções sociais, o fato é que essas profissões tendem a ter uma menor presença feminina. Um exemplo disso são os catadores de lixo, onde a predominância masculina é evidente.

Da mesma forma, profissões tradicionalmente consideradas femininas, como Enfermagem, também enfrentam desafios em relação à participação masculina. Apesar do aumento gradual do número de homens nesse campo (hoje eles representam 14,4% da força de trabalho – de acordo com o Conselho Regional de Enfermagem), ainda persistem estigmas culturais que dificultam a entrada nessa área.

Recentemente, o Exército Brasileiro justificou a abertura de menos vagas para mulheres do que para homens com base na compleição física, uma visão antiquada e reacionária que carece de fundamentação científica. Essa atitude reflete a persistência de preconceitos de gênero que impedem a plena igualdade de oportunidades.

É fundamental para a construção de um mundo mais equilibrado e diverso que todas as formas de discriminação, seja por gênero, raça ou orientação sexual, sejam eliminadas. Isso requer não apenas a remoção de barreiras formais, mas também uma mudança cultural profunda que promova a igualdade de oportunidades e o respeito à diversidade.

Para alcançar esse objetivo, é necessário um esforço conjunto de todos os setores da sociedade. Devemos influenciar as pessoas em posições de poder para que adotem políticas inclusivas e educar as gerações futuras sobre a importância da igualdade de gênero. Isso inclui debater ativamente essas questões em família e na educação formal, desafiando estigmas e estereótipos desde cedo.

A participação plena das mulheres em todos os setores da sociedade é essencial para promover a igualdade e o progresso. Devemos trabalhar juntos para superar os obstáculos que ainda existem e criar um ambiente onde todos, independentemente do gênero, possam prosperar e contribuir para um futuro mais justo e inclusivo.

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João Roncati

Diretor da People + Strategy