Para a presidente da Associação Brasileira de Empresas de Evento, Simone Saccoman, todo tipo de evento bem realizado é um propulsor de negócios e nos momentos de crise isso se destaca ainda mais. “Não podemos nos deixar contaminar pelo marketing da crise. Nossos olhos devem estar voltados para as oportunidades que esse momento pode nos trazer”, diz Simone. E esse parece ser realmente o pensamento das empresas brasileiras, que, apesar do atual cenário econômico em alguns setores, nem pensam em descartar as festas de confraternização no fim do ano.
“Entendo que os setores mais afetados trabalharão com um budget mais reduzido, porém as empresas não deixarão de investir nesses eventos que marcam o final de um ciclo e motivam os participantes para o ano seguinte. Comemorar conquistas e entrar com força total no ano novo é importante para qualquer segmento de mercado”, explica Ricardo Albregard, gerente de relações institucionais da Accentiv e membro do Comitê de Marketing de Incentivo da Ampro. Para ele, os eventos corporativos tornaram-se uma importante ferramenta para o alinhamento de estratégias empresariais, para a motivação dos colaboradores em alcançar ou superar objetivos e metas, bem como do reconhecimento e recompensa das melhores performances, e as festas de fim de ano encerram sempre de forma positiva essa conquista de bons resultados, por isso resistem às intempéries da nossa economia.
“Não creio que os empresários ou gestores estejam pensando em suprimir as festas de fim de ano; acredito, sim, que se deve aplicar menos nesses eventos, que haverá uma redução no modelo e no formato da comemoração, mas deixar de ter não vai”, analisa Laerte Leite Cordeiro, da Laerte Cordeiro Consultores em Recursos Humanos. “O que é importante é que a empresa abra com transparência e boa comunicação para todos os colaboradores a sua real situação e o porquê de ter a necessidade, transitoriamente, de cortar determinados custos, entre eles reduzir os investimentos nas comemoração do fim de ano ou nas premiações por desempenho”, acrescenta.
Mudar o formato das comemorações do fim do ano tem sido muito frequente em algumas empresas. Há aquelas que já há alguns anos substituíram a festa por uma ação social envolvendo boa parte dos colaboradores
como voluntários.
“Muitas vezes, sem consenso sobre o que fazer e o que possa agradar à maioria, as organizações optam pela boa ação, e não há quem não aprove essa medida”, sinaliza Renata Mello, consultora de imagem corporativa.
As empresas que não abrem mão das festas de confraternização têm investido cada ano mais em soluções criativas, normalmente temáticas, e que privilegiam a imersão dos colaboradores, mais uma vez, só que agora de uma forma mais lúdica e imperceptível muitas vezes, para a maioria deles, numa vivência da marca e no espírito da empresa.
São festas desenhadas por companhias especializadas do mercado com ações e conteúdos que remetem diretamente às necessidades específicas da organização contratante.
Ao interagir com os princípios da organização de uma forma mais criativa e inteligente, em um ambiente mais descontraído, o que o colaborador muitas vezes não percebe é que ele está também tendo o seu desempenho e comportamento profissional e pessoal avaliados mais uma vez. “Valem sempre as regras da boa educação. As pessoas se enganam em pensar que, na festa de fim de ano, não estão sendo avaliadas. Estão, sim, e podem se tornar inadequadas por falar demais, falar o que não devem ou passar uma imagem de falta de controle”, exemplifica Renata Mello.
Consultores e gestores de RH recomendam, por isso mesmo, que nos momentos de se comemorar as conquistas do ano, a imagem pessoal não seja deixada de lado. “Essas festas têm o poder bombástico de derrubar, em apenas algumas horas, o que você levou o ano todo para construir, ou seja, a sua boa imagem de colaborador. E imagem, como se sabe, é tudo”, explica Washington Sorio, consultor na área de recursos humanos e desenvolvimento organizacional.
Analistas costumam afirmar que nas confraternizações de fim de ano “o perigo mora ao lado” e que para não ser sucumbido por ele, não se deve esquecer que as relações do mundo corporativo requerem o respeito a algumas regras, mesmo nos momentos de informalidade. Todo o esforço empreendido ao longo do ano, em treinamentos para o desenvolvimento das equipes e a adequação de posturas no ambiente de trabalho, pode ser comprometido se os profissionais não estiverem atentos a eventuais deslizes durante as festas corporativas, especialmente no final do ano.