O mundo mudou e as empresas também precisam mudar de uma hora para outra. E agora? Como preparar as equipes para os novos desafios? Como treinar para o novo?
Para Vera Lorenzo, fundadora e CEO da Fala Company (Foreign Affairs Company), esse é um dos grandes desafios enfrentados pelo RH em épocas de quarentena. “Fomos obrigados a implementar planos de dez anos em uma semana – home office, aprender a lidar com diversos tipos de tecnologia e mudar nosso mindset”, resume.
Como dar suporte para os colaboradores passarem por este momento da melhor maneira possível? “Treinando para novas habilidades, treinando para engajar”, ela mesma responde. Por isso, é fundamental para as empresas avaliarem o investimento de treinamentos online. Afinal, ao mesmo tempo em que nos deparamos com mudanças no dia a dia do trabalho, muitas empresas se veem obrigadas a demitir. As entregas precisam ser medidas.
Acompanhe, a seguir, as dicas que Vera Lorenzo considera fundamentais para a reflexão de todo gestor de RH num desafiado pela pandemia.
Crie experiências de aprendizagem
Neste momento de crise, a melhor aprendizagem é a que gera uma experiência positiva. Quando a empresa decide investir em treinamentos, o importante é entender a entrega: como será feito; quem está pilotando o projeto e o que agrega; além do conhecimento em si.
Um bom exemplo para isso são os treinamentos online de idiomas. Algumas empresas ainda acreditam que o foco é o idioma quando, na verdade, o grande foco é a comunicação e a cultura. Reunir colaboradores para aprender um idioma – fora do estresse das reuniões, das metas – pode trazer diversão e leveza para os participantes quando bem feito e bem aplicado. E que tal, além disso, organizar encontros no idioma no fim do dia? Imaginem uma experiência de aprender inglês com música, cantando, fazendo exercícios e se divertindo? O resultado será o mesmo?
Muitos instrutores e palestrantes são focados neles próprios e, em treinamentos online, as entregas ficam prejudicadas
Multiplique conhecimento interno
Por que não desenvolver treinamentos por meio de multiplicadores que detêm o conhecimento? Valorizar o conhecimento e o colaborador cria a sensação de pertencimento e reforça o espírito de equipe. Muitas empresas já começaram a adotar a ideia de multiplicadores: um colaborador faz um determinado curso e depois grava para seus colegas o conhecimento adquirido. Ou os colaboradores mais antigos gravam histórias de sua carreira dentro das empresas para servir de treinamento real para os que ingressam na companhia. Esse é o efeito multiplicador que vamos falar a seguir, em onboarding digital.
Onboarding digital: contratar e treinar em qualquer lugar do mundo
Se já era um enorme desafio treinar novos colaboradores na empresa, reservar pessoas do RH para isso, imagina em um momento em que todos estão em home office. Como fazer o onboarding dos colaboradores que chegam às organizações?
Existem todos os tipos de solução: dos vídeos e apresentações gravadas pela própria empresa e disponibilizados na intranet da companhia e outras, já bem mais modernas, como aplicativos com gamificação em que o colaborador “aprende” e é testado sobre seu aprendizado de forma gamificada, tornando divertida a jornada de entrada na nova empresa. Essas soluções já despontam no mercado como grande tendência surgida na pandemia. Novas contratações exigem novas dinâmicas e novas possibilidades. Levar o onboarding num aplicativo pode facilitar não só para o sobrecarregado RH, mas para toda a empresa.
Utilizando recursos existentes
Há bem pouco tempo, falávamos de resistência de pessoas em relação a treinamentos online. Hoje, já é uma realidade do nosso dia a dia. Para treinar seus colaboradores, muitas empresas começaram a recorrer a plataformas gratuitas como EDX, com excelentes cursos de universidades como Stanford, Harvard, MIT, universidades ao redor do mundo, Coursera e outras como Udemy, LinkedIn Learning, como base de seus treinamentos. A grande vantagem é a rapidez e a disponibilização dos treinamentos e o grande desafio é adaptar muitas vezes os treinamentos à realidade brasileira, já que 85% deles são realizados e gravados fora do Brasil.
Treinamentos online: como trazer dinamismo?
Outro ponto a ser pensado é no formato dos treinamentos online. Muitas empresas já tinham orçamento para treinamentos presenciais e agora se deparam com a questão: como tornar o treinamento presencial, olho no olho, interessante e dinâmico para os participantes. Se a escolha do instrutor já era importante, agora pode representar o fracasso ou o sucesso dos treinamentos – ou dos resultados dos treinamentos, na verdade.
Para escolher o treinador online, é preciso entender como e se o treinador funciona bem online. Pode parecer óbvio, mas no mundo digital você se depara com menos recursos externos e precisa contar com sua leitura corporal para compartilhar o conhecimento.
Vamos pensar, por exemplo, em treinamento de gestão de crise. Para conter a crise e fazer o público refletir em como evitar os conflitos, o instrutor precisa ter uma boa percepção do que ouve e vê para reagir rápido às reações e influenciar no interesse de cada um. Muitos instrutores e palestrantes são focados neles próprios e, em treinamentos online, as entregas ficam prejudicadas. Já para instrutores com alta energia e boa vibração, o modelo online pode ressaltar ainda mais as qualidades do seu treinamento: consegue engajar mais de perto e fazer o público estar atento às histórias que contam.
Levar o onboarding num aplicativo pode facilitar não só para o sobrecarregado RH, mas para toda a empresa.
Liderança 4.0 – a hora da verdade
Como treinar (novos) líderes neste mar de novidades? Os líderes do momento precisam de reforços para atualizar conhecimento (desde conhecimento tecnológico até sobre leis, pessoas etc.) ou para lidar melhor com o estresse advindo da situação inesperada.
Para treinar líderes, mais do que nunca, é necessário pensar em soluções e modelos fora da caixa e instrutores acostumados a lidar com o novo. As velhas fórmulas já não atendem às expectativas dos liderados.
Por isso, a transformação dos paradigmas. Cursos de liderança devem incluir hoje em dia: storytelling; design thinking de carreira; inteligência positiva; apresentações; gestão de crise; e rapport. Líder, agora, é quem consegue gerir a empresa no meio de crises com o reconhecimento positivo dos colaboradores.