Um dos maiores desafios enfrentados pelos profissionais de comunicação nas empresas é conseguir transformar os gestores em multiplicadores junto às suas equipes. Especialmente em empresas grandes, fisicamente muito pulverizadas, a única forma de garantir que todos os colaboradores receberão as informações necessárias é por meio dos seus líderes.

Eu insisto bastante na necessidade de os comunicadores compreenderem que o único meio de comunicação definitivo para os funcionários são os seus gestores. Ou seja: você pode criar quantos canais conseguir implantar dentro da empresa, mas tem que saber que todos eles sempre serão opcionais para o colaborador. Ele vai acessar se quiser, quando puder e fazendo uma seleção prévia do que lhe interessa. O único meio do qual o funcionário não pode fugir ou dizer que não viu é seu próprio chefe. Em hipótese alguma ele faltará a uma reunião com a chefia alegando que o assunto não lhe interessa ou que não está a fim no dia de hoje.

Diante dessa constatação e da necessidade de criar multiplicadores em todas as áreas da organização, a dificuldade que fica mais evidente é: como engajar os gestores nesta cruzada por uma comunicação mais eficaz dentro da empresa? Não é uma tarefa fácil, mas acredite: ela é possível. Eu posso sugerir sete alternativas que vão te ajudar a chegar ao seu objetivo de transformar os líderes em multiplicadores da comunicação. Mas como não quero deixar este artigo muito longo, vou dividir a reflexão em duas partes. Leia esta primeiro, mas lembre-se de buscar outras possibilidades no artigo complementar.

Demonstração dos ganhos pessoais

Para que alguém queira participar de uma atividade, é preciso mostrar o que se ganha pessoalmente com isso. Não basta pedir para que o gestor desempenhe seu papel de comunicador; é preciso mostrar a ele todos os benefícios que ele terá com essa atitude recorrente. Eu recomendo começar com cinco mais relevantes:

1. A comunicação permanente com a chefia garante desempenhos mais expressivos de toda a equipe, garantindo que o líder se destaque perante o board da empresa;
2. A partir da presença comunicativa constante, os funcionários farão avaliações mais positivas sobre seus chefes e isso contará pontos favoráveis no desenvolvimento de carreira;
3. A liderança baseada em comunicação assertiva é a principal responsável pela retenção de talentos, o que evita as mudanças constantes dentro da equipe de trabalho, exigindo mais trabalho para a integração e treinamento de novos funcionários;
4. Os casos reais de ganhos com a boa comunicação dos líderes e os testemunhais de outros gestores ajuda a sedimentar na empresa a cultura da liderança comunicativa;
5. As pesquisas realizadas junto aos colaboradores comprovando a importância que eles atribuem à boa comunicação dos seus gestores será sempre um fator de pressão positiva para que os chefes assumam essa postura desejada.

Envolvimento em todas as etapas

É muito ruim quando exigem que você desenvolva uma atividade sem que você saiba para quê e por quê ela foi criada. Nestes casos a tendência é rejeitá-la. É o que acontece quando os gestores recebem apenas um comunicado da área de comunicação pedindo para que eles divulguem algo para suas equipes. Evite essa rejeição envolvendo os líderes desde o início do processo. Ao receber o briefing de um problema a ser resolvido com comunicação, compartilhe com os demais gestores. Exponha a necessidade da empresa e peça sugestões sobre como sensibilizar melhor os funcionários de cada um para o novo comportamento que será preciso estimular.

Não importa se as contribuições dos gestores serão muitas ou poucas, pertinentes ou descabidas, factíveis ou impossíveis. O importante é mostrar a eles que foram ouvidos e criar o sentimento de participação no processo comunicativo desde o início.

Com essas alternativas implantadas na sua empresa, no todo ou em partes, tenho certeza de que você conseguirá formar um time vencedor de líderes comunicativos e engajados no esforço da área de comunicação corporativa.

Renato Avanzi é jornalista de formação, professor por vocação e escritor por devoção. Depois de atuar em várias redações de veículos, passou a trabalhar com comunicação corporativa. Atualmente é Coordenador do Master em Comunicação Empresarial Transmídia e da pós sobre Endomarketing Multimídia para Engajar Funcionários, ambos na ESPM. Autor de vários livros próprios e como ghost writer. É dono da agência Widoox – Desenvolvimento de Pessoas e Negócios.