A maioria dos RHs pode não ter consciência da imensa massa de informações que a empresa pode coletar de seus funcionários e como elas podem contribuir qualitativamente na gestão de pessoas. Quem são os funcionários de alta performance, os mais promovidos, habilidades, competências, como utilizam aplicativos, com quem mais se relacionam e como mantém esse contato. Todos esses dados tornam-se informações essenciais para traçar políticas de crescimento ou retração; avaliação de clima e recrutamento interno e externo de talentos com alto nível de precisão no processo de decisão.
Foi sobre essa tecnologia de ruptura que Deli Matsuo, CEO da Appus – Predictive HR Analytics, falou em sua palestra “HR Analytics: ferramenta ou salvação”. O ex-diretor de HR do Google para América Latina, integrante da equipe pioneira do People Analytics, destaca que os RHs devem estar preparados para a nova economia, em que as empresas que mais crescem no mundo são aquelas que fazem bom uso da gestão da informação por meio de novas tecnologias.
“A maior empresa de transporte no mundo, o UBER, não tem um carro; assim como AirBnb é a rede que mais hospeda em escala global, sem ter um único quarto de hotel. E o Facebook, líder de conteúdo sem ter uma redação”, argumentou. Com clientes de grande porte como Itaú, Boticário, Gerdau e RBS, Matsuo falou da eficiência que uma base de dados, precisamente alimentada em proporcionar um recrutamento interno para uma vaga; definir uma estratégia de comunicação interna; ou levantar a necessidade de contratação para um determinado momento de crescimento da empresa. O Itaú, por exemplo, já conta com uma recomendação automática de quem contratar internamente para determinada vaga.
Ou seja, a partir do aprendizado da máquina, que é constituído por meio do input de diversas avaliações (Ex. recomendações da amazona e do Netflix), ela pode proporcionar rankings com critérios muitos precisos dos melhores candidatos para ocupar uma posição interna.
Segundo o executivo, a partir de uma base de dados bem trabalhada, com dois anos no mínimo, o HR Analytics da Appus pode inclusive predizer resultados de processos trabalhistas. Que juízes costumam dar ganho de causa por hora extra, mas não por assédio moral; qual o valor médio da indenização, inclusive se a empresa pode ganhar ou perder a causa.
Por isso mesmo, o executivo acredita que futuramente haverá uma tendência de contratação dos RHs de profissionais de estatística, engenheiros de computação com foco em BigData, um pesquisador de comportamento e… um analista de RH.
O HR Analytics ainda está no início. Por enquanto, só grandes empresas têm investido na formação de seu Database para obter tendências preditivas. Mas se máquinas podem percorrer bancos de dados internos, uma máquina de busca similar ao Google, pode encontrar os profissionais no mercado externo? Segundo Matsuo, sim. E pode impactar duramente os modelos atuais de sites e tecnologias de e-recrutment. “Na tecnologia, nada impossível. Tudo é só uma questão de tempo”, conclui.