No competitivo mercado de trabalho, a tentação de “incrementar” o currículo para conquistar uma vaga pode parecer inofensiva. No entanto, essa estratégia arriscada pode comprometer não apenas a reputação do profissional, mas também sua permanência na empresa. Dados da 31ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH) apontam que 65% dos recrutadores já eliminaram candidatos por inconsistências ou falsificações em suas informações.
Leonardo Berto, gerente da Robert Half, reforça que recrutadores experientes identificam rapidamente essas inconsistências. “Seja por meio de entrevistas estruturadas, testes técnicos ou checagens de referência, as inverdades são descobertas. Atalhos como esse definitivamente não valem a pena”, afirma.
A conferência dos dados informados pelo candidato não se limita às referências fornecidas por ele. Recrutadores podem cruzar informações disponíveis na internet e possuem técnicas para identificar omissões ou exageros durante a conversa. Um levantamento da Glassdoor aponta que 56% dos recrutadores já encontraram informações falsas em currículos, sendo as principais inconsistências ligadas à experiência profissional e qualificações acadêmicas.
Entre os erros mais comuns identificados nos processos seletivos, destacam-se:
- Experiência Profissional Inflada: Alguns candidatos aumentam suas responsabilidades ou inventam cargos inexistentes. Essa inconsistência é rapidamente descoberta por meio de referências e entrevistas detalhadas.
- Habilidades técnicas superestimadas: Profissionais frequentemente exageram ao descrever seu domínio de ferramentas e conhecimentos específicos. No entanto, testes práticos e avaliações técnicas revelam a verdade.
- Falsa proficiência em idiomas: Declarar fluência sem comprovação pode ser um erro fatal, já que muitos processos seletivos incluem testes de idioma. Um estudo da Glassdoor revelou que 38% dos recrutadores já identificaram essa inconsistência.
- Histórico educacional falsificado: Diplomas e certificados inexistentes ou não validados são facilmente descobertos por meio de consultas a instituições de ensino.
- Motivos de eesligamento omitidos: Alguns candidatos tentam mascarar os reais motivos de suas saídas de empregos anteriores, o que pode gerar desconfiança no recrutador.
O CEO da Trilha Carreira Interativa, Bruno Martins, reforça que mentir no currículo pode ter consequências ainda mais sérias. Para ele, essa conduta inadequada pode custar não apenas a vaga, mas também levar a uma demissão por justa causa. “Não adianta o candidato acrescentar ou até mesmo incrementar as informações para conseguir a vaga, porque as habilidades farão parte da rotina de trabalho. Caso ele não consiga executá-las na prática, suas atividades ficarão comprometidas, assim como sua reputação”, explica.
Martins destaca que a sinceridade é sempre a melhor saída, pois o processo seletivo leva em conta não apenas as habilidades técnicas, mas também competências comportamentais. “Além da parte técnica, os recrutadores avaliam comunicação, resiliência, persuasão, negociação e inteligência emocional”, pontua.
A mentira e seus impactos na carreira
Além de comprometer a credibilidade do profissional, mentir no currículo é uma conduta antiética e pode prejudicar sua imagem no mercado. Os departamentos de RH estão cada vez mais preparados para identificar inconsistências e aplicam diferentes métodos para verificar a veracidade das informações.
Outro ponto a considerar é que, mesmo que um candidato consiga a vaga baseando-se em informações falsas, ele terá dificuldades para cumprir as responsabilidades do cargo. “As habilidades farão parte da rotina de trabalho. Se o profissional não estiver preparado, seu desempenho será comprometido, o que pode levar a uma demissão precoce”, reforça Martins.
No fim das contas, destacar-se no mercado não exige artimanhas, mas sim investimento contínuo em qualificação e desenvolvimento. A transparência no processo seletivo é fundamental para conquistar e manter boas oportunidades, garantindo uma trajetória profissional sólida e respeitada.