Diversidade e inclusão são temas centrais na agenda das empresas, impulsionados por novos programas, investimentos e fóruns especializados que conectam RH, Comunicação Interna e DEI. Essa movimentação mostra que o interesse pelo tema cresce, mas a implantação efetiva enfrenta desafios culturais e resistências internas.
O 5º Fórum Melhor RH Diversidade e Inclusão será nos dias 8 e 9 de dezembro. O evento reúne especialistas para debater práticas, métricas e ações que transformam o discurso em cultura organizacional. A proposta é criar ambientes mais inclusivos, nos quais pertencimento e equidade façam parte da rotina e gerem impacto nos resultados dos negócios.
Diversidade em ascensão, mudança lenta
Levantamentos recentes indicam que uma parcela ainda pequena dos profissionais se sente, de fato, incluída nas organizações. O que revela um descompasso entre discurso e experiência cotidiana. Ao mesmo tempo, cresce o número de empresas que estruturam estratégias formais de DEI, com investimentos direcionados e novos programas lançados em 2024.
Mesmo com a Lei de Cotas e um percentual significativo da população com algum tipo de deficiência, a maioria das empresas ainda não está preparada para inclusão plena desse público. Barreiras internas, preconceitos e vieses — conscientes ou não — seguem como obstáculos. O que reforça a importância da informação, do letramento em DE&I e da atuação integrada de RH e Comunicação Interna.
Impacto nos resultados de negócio
Estudos apontam que equipes diversas tendem a registrar maior engajamento e ganhos concretos de produtividade quando há avanço real em diversidade étnico‑racial e de gênero. Esse efeito se expressa tanto em inovação quanto em performance. Especialmente quando a pauta deixa de ser apenas cumprimento de cotas e passa a fazer parte da cultura e da estratégia do negócio.
Por isso, empresas que tratam diversidade e inclusão como alavancas estratégicas tendem a conectar indicadores de DE&I a metas corporativas, decisões de liderança e resultados financeiros. O desenho de programas estruturados, com trilhas de desenvolvimento, grupos de afinidade e políticas claras, sustenta a evolução desse cenário ao longo do tempo.
Fórum Melhor RH Diversidade e Inclusão
Há cinco anos, o Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e as Plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH realizam o Fórum Melhor RH Diversidade e Inclusão. A 5ª edição acontece nos dias 8 e 9 de dezembro, das 14h00 às 20h00, em formato on-line e gratuito. O foco é em quem decide e implementa projetos: profissionais de Recursos Humanos, de Comunicação Interna e de Diversidade e Inclusão.
Reconhecido como um dos principais fóruns brasileiros dedicado a essa agenda, o evento reúne especialistas de diferentes setores. O objetivo é discutir desde comunicação inclusiva e métricas de DE&I até saúde, bem‑estar e novos formatos de trabalho. Os debates buscam justamente transformar o discurso em pertencimento real, trazendo casos práticos e experiências que podem ser replicadas nas organizações participantes.
Comunicação Interna no centro da mudança

Entre os destaques da programação está o painel “Sua mensagem não foi entregue – Para além do trânsito de conteúdo, CI deve construir vínculos, acessibilidade e inclusão”. Nele, Felipe Thomé, CEO da Comunitive, ressalta que a Comunicação Interna é o elo que converte intenção em cultura. Ele garante que quando diversidade e inclusão são compreendidas, vividas e reforçadas no cotidiano, com mensagens claras, consistentes e contínuas, abre-se espaço para diálogo e mobilizem comportamentos.
No mesmo painel, Lucas Moura, gerente de Comunicação e Responsabilidade Corporativa na Construtora Tenda, enfatiza que a Comunicação Interna precisa atuar como parceira estratégica da diversidade. Para ele, a agenda de DE&I deve permear todos os produtos de comunicação. “As ações não devem se restringir apenas campanhas específicas, adotando a “lente” da diversidade como critério transversal na construção de conteúdos”.
Cultura viva e histórias que conectam

Comunicação Interna e
Comunidades na Rede Comunicação
Também speaker desse painel, Jeane Mesquita, diretora de Comunicação Interna e Comunidades na Rede Comunicação, reforça que a CI é responsável por dar vida à cultura organizacional. Na visão dela, diversidade e inclusão acontecem no dia a dia, a partir de comportamentos e experiências concretas, que ganham força quando são traduzidos em histórias reais capazes de conectar e inspirar as pessoas.
Ao aproximar narrativas institucionais e vivências individuais, a Comunicação Interna ajuda a transformar valores abstratos em práticas palpáveis. Essa tradução é decisiva para que a pauta de DE&I fuja do papel, alcance todas as áreas e se torne compromisso compartilhado, e não apenas responsabilidade do RH.
Métricas, ESG e governança

Sustentabilidade da Sompo
No painel “Empatia não é performance – O papel do RH para colocar o discurso em compasso com a prática”, a discussão avança para métricas e governança da diversidade. Roberta Caravieri, diretora de RH e Sustentabilidade da Sompo, defende que os indicadores de DE&I devem estar diretamente conectados à estratégia da empresa, às diretrizes ESG e aos resultados do negócio, com monitoramento contínuo e reporte a comitês e ao conselho.
Ela destaca a importância de combinar dados quantitativos – como representatividade de mulheres, pessoas com deficiência, população LGBTI+ e diversidade racial, sobretudo em cargos de liderança – com evidências qualitativas, como engajamento em pesquisas internas, programas de afinidade e percepção de justiça. Metas anuais acompanhadas por dashboards, relatórios de sustentabilidade e benchmarking completam o conjunto, garantindo transparência e visão de progresso.
Upskilling como alavanca de inclusão

Recursos Humanos na Mapfre
Seguros
No painel “Menos diploma, mais oportunidade – Upskilling e treinamento na busca de novos talentos”, Ana Paula Berniz, diretora de Recursos Humanos na Mapfre Seguros, apresenta o case da empresa. Segundo ela, upskilling e reskilling são tratados como alavancas estratégicas: o primeiro passo é identificar lacunas de competências e, na sequência, construir trilhas práticas que permitam aplicar o aprendizado rapidamente.
Essa abordagem acelera a formação de talentos internos e amplia oportunidades para perfis diversos, reduzindo a dependência de requisitos tradicionais, como diplomas específicos. Ao fortalecer quem já está na organização, a estratégia contribui para retenção, mobilidade interna e ampliação da diversidade em níveis mais qualificados de carreira.
Saúde, bem‑estar e 50+

Sustentabilidade e ESG da Sodexo
As demandas de saúde e bem‑estar da população 50+ entram em foco no painel “Revendo necessidades – As demandas de saúde e bem-estar dos colaboradores 50+”. Nele, Lilian Rauld, gerente de Sustentabilidade e ESG da Sodexo, defende que métricas de Diversidade, Equidade e Inclusão precisam refletir transformação cultural, combinando dados de representatividade com engajamento, senso de pertencimento e práticas de escuta ativa.
Na Sodexo, essa visão se materializa em pesquisas internas frequentes, diálogo com grupos de afinidade e acompanhamento sistemático da experiência dos colaboradores. O objetivo é garantir que DE&I seja um compromisso vivo, com impactos mensuráveis tanto para as pessoas quanto para os resultados de negócio.
Neurodiversidade e novos formatos de trabalho

The Weber Shandwick Collective
O painel “Mentes em potencial – Repensar ritmos e formatos de trabalho para a produtividade neurodiversa”, no dia 8, amplia o debate para a inclusão de pessoas neurodiversas. Amalia Bastardo, diretora de RH na The Weber Shandwick Collective, compartilha uma perspectiva pessoal e profissional, defendendo que valorizar a neurodiversidade beneficia tanto as organizações quanto a sociedade, ao aproximar o mundo do trabalho de um ideal de justiça e equidade.
Ela defende que a jornada comece por educação e sensibilização, desmistificando condições como autismo e TDAH e criando ambientes empáticos, com adaptações reais e combate ao bullying. Amalia também provoca as empresas a abrirem oportunidades de liderança para pessoas neurodiversas, indo além de vagas operacionais e garantindo visibilidade e protagonismo desses profissionais.
Pertencimento, comunidade e voz ativa

e SSMA da Tupy
No painel “União em descompasso – Harmonizando vozes e discursos na construção do senso de comunidade”, o foco recai sobre pertencimento e coerência entre fala e prática. Patrícia Rosado, VP Pessoas, Cultura e SSMA da Tupy, explica que, na empresa, pertencimento não é campanha, mas prática diária construída com humildade e consciência de que ainda há caminho a percorrer.
Ela cita iniciativas como grupos de afinidade, rodas de conversa e o programa Caminho Delas, criado para fortalecer a voz e o espaço das mulheres na organização, como rituais que reforçam o coletivo sem apagar individualidades. O objetivo é transformar propósito em comportamento e valores em decisões, construindo um ambiente em que cada pessoa possa ser quem é, com respeito e diálogo.
Liderança, comunidades internas e escuta

Comunicação na Alstom
No mesmo painel, Vinícius Riqueto, gerente de Comunicação na Alstom, chama atenção para o papel da liderança na legitimidade das comunidades internas. Para ele, esses grupos não podem ser vistos como “extras”, mas como parte da estratégia, o que exige garantir tempo, recursos e espaço de agenda para suas ações, bem como presença ativa de líderes nas conversas.
Riqueto também reforça a importância de fortalecer o lugar de fala dos grupos de diversidade, permitindo que a curadoria de pauta seja feita pelos próprios membros e apoiada por um código de conduta robusto. Quando a escuta se converte em encaminhamentos transparentes, aumenta-se a confiança e consolida-se uma jornada conjunta de desconstrução de vieses e preconceitos.
O 5º Fórum Melhor RH Diversidade & Inclusão acontece nos dias 8 e 9 de dezembro, em formato on-line e gratuito. Inscreva-se no hotsite e acesse o canal do YouTube para assistir os painéis.






