Se toda carreira é uma escada rumo ao topo, imagine tentar subir com os primeiros degraus quebrados. É exatamente isso que milhares de mulheres enfrentam ao buscar cargos de gestão – o chamado “broken rung”. Segundo o LinkedIn, apenas 32% das posições de liderança no Brasil são ocupadas por elas, o que mostra como esse degrau as faz perder espaço para os homens logo na primeira promoção. E, aqui, não importa quem quebrou a escada, mas quem vai realmente consertá-la: o RH. Empoderar a liderança feminina não é apenas uma pauta de Diversidade, Equidade e Inclusão, mas uma estratégia crucial para impulsionar a inovação que, por sua vez, depende de uma gestão de pessoas inovadora para se concretizar. É nesse ponto que a mentoria entra em cena como uma valiosa ferramenta de reparo, se bem estruturada.
Trocas que impulsionam a liderança feminina e a inovação
No dicionário corporativo, a mentoria aparece como sinônimo de troca: de conhecimento, experiência e orientação entre quem já percorreu o caminho e quem está começando a trilhá-lo. E, se pensarmos bem, ninguém prospera sozinho no universo. Steve Jobs, por exemplo, foi um dos principais conselheiros de Mark Zuckerberg no início do Facebook, uma relação de “mentoria” que ajudou a transformar uma startup em uma gigante global. Na realidade, compartilhar saberes cria uma rede de aprendizado poderosa – e quanto mais pessoas se conectam a ela, mais rica ela se torna.
E por que não usar essa força para consertar o “degrau quebrado” e garantir que mais mulheres alcancem o topo? A inovação agradece quando perspectivas diferentes se encontram para resolver problemas e cocriar soluções. Com a mentoria, o RH pode reparar esse gargalo histórico e acelerar a liderança feminina, transformando a diversidade em vantagem competitiva e motor de inovação para o negócio. E aqui vai um “porém”: não é qualquer mentoria – há muita intencionalidade nesse tipo de iniciativa.
Mentoria como estratégia de negócio
Mas, se o “degrau” está mesmo quebrado, o que o RH está esperando para consertá-lo? De fato, campanhas inspiradoras exaltando o protagonismo feminino não resolvem o problema: é preciso método, estrutura e dados para agir assertivamente. Aliás, é aqui que liderança feminina e inovação se cruzam, porque empresas diversas são comprovadamente mais criativas e rentáveis. E os números nunca mentem.

da Danone
Para Letícia Araújo, gerente de Cultura, Diversidade, Treinamento e Desenvolvimento de Talentos da Danone, a mentoria é uma das ferramentas mais poderosas para acelerar esse processo. O segredo, segundo ela, está no alinhamento entre metas de crescimento, desenvolvimento de competências críticas e sucessão de lideranças estratégicas. “Quando conectamos a mentoria à performance do negócio, ela deixa de ser apenas pauta de diversidade e passa a integrar o planejamento estratégico de talentos”, explica.
É nesse ponto de virada que surgem culturas mais sólidas e decisões capazes de impulsionar a inovação. Letícia é enfática: acelerar a liderança feminina não é só uma iniciativa de inclusão, mas uma estratégia que promove inovação, engaja equipes e eleva a qualidade das decisões.
Estrutura faz a diferença
Mas se engana quem pensa que mentoria é um bate-papo “ocasional” entre líderes e lideradas. Para funcionar, o programa precisa ser bem estruturado do começo ao fim, com metas claras, acompanhamento contínuo e visão de longo prazo. Para Priscila Damiani, diretora de RH da Biogen Brasil, essa é a chave para corrigir a distorção estrutural que tanto limita a ascensão das mulheres rumo à liderança (um reparo crucial quando se trata de inovação em gestão de pessoas).
O broken rung, lembra ela, é um dos maiores desafios para a equidade de gênero nas empresas e só pode ser combatido com estratégia. “Mentoria estruturada é decisiva porque promove desenvolvimento técnico e comportamental, amplia as oportunidades femininas no mercado e contribui para criar um ambiente mais inclusivo e preparado para a inovação”, analisa.
E aqui vale um exemplo para ilustrar o que estamos falando. Imagine uma colaboradora que, mesmo com anos de experiência, hesita em se candidatar a uma vaga de liderança por achar que não está pronta. Em um programa de mentoria bem estruturado, ela encontra uma líder disposta a compartilhar aprendizados, recebe feedbacks constantes e é incentivada a liderar projetos estratégicos. O resultado? Ganha visibilidade, confiança e, pouco tempo depois, é promovida. Situações assim mostram que a mentoria não é apenas uma ferramenta de desenvolvimento, mas um catalisador de mudanças profundas.
Colaboração como base para inovação e inclusão
Então,o que diferencia programas de mentoria e ações pontuais desenvolvimento? As executivas são categóricas ao apontar a principal diferença: a estrutura. Enquanto Priscila cita consistência e acompanhamento concreto como diferenciais da mentoria, Priscila fala em planejamento e a criação de uma rede de apoio voltada ao público-alvo. Além disso, quando essa combinação (mentoria e desenvolvimento contínuo) está inserida no dia a dia das colaboradoras de forma clara, é sinal de que a inovação faz parte da cultura.
Essa integração ao dia a dia é exatamente o que torna os programas de mentoria promovidos pelas empresas em destaque tão efetivos. Na Danone, a diversidade não é encarada apenas meta, mas como parte do modelo de negócio e de sua “Jornada de Impacto”, que se apoia nos pilares de Saúde, Natureza e Pessoas & Comunidades. Letícia salienta que garantir que oportunidades de crescimento sejam iguais para todos é condição para construir um futuro mais saudável e sustentável. E o resultado dessa abordagem já aparece em números: equiparação salarial entre gêneros e 51% das posições de liderança ocupadas por mulheres.
Melhores práticas para acelerar a liderança feminina
Por lá, é o Mentoria D’ELAS que tem alavancado esse avanço entre o público feminino. Até o momento, o programa formou 27 duplas, promoveu 96 horas de encontros e alcançou um índice de satisfação de 92 pontos – o famoso NPS (Net Promoter Score), além de gerar quatro promoções e quatro movimentações internacionais em sua primeira edição. Diante de dados tão expressivos, a gerente de Cultura, Diversidade, Treinamento e Desenvolvimento de Talentos da Danone destaca que investir na liderança feminina é investir no futuro do negócio. Para ela, essa experiência mostra às próprias mulheres que é possível, sim, alcançar posições estratégicas sem abrir mão da própria identidade, um recado poderoso para toda a cultura organizacional, como bem lembra Letícia.
Não à toa, para que o programa siga crescendo e cumprindo seu propósito, a Danone tem acompanhado de perto o impacto de cada mentoria. O objetivo é medir não só a evolução das participantes, mas também os reflexos no desempenho da organização, garantindo que cada encontro fortaleça ainda mais a cultura e gere resultados concretos para o negócio.
Trocas valiosas entre mentores e mentorados
Na Biogen, o projeto que cumpre esse papel é o WIN (Women’s Impact Network), criado para conectar mulheres em diferentes estágios de carreira a líderes seniores e acelerar sua preparação para cargos de liderança. Só no primeiro ano, a iniciativa impactou mais de 50 profissionais, promoveu 100 horas de mentoria e alcançou mais de 60% das colaboradoras da empresa. Ao todo, foram 15 eventos dedicados ao tema, reforçando a cada etapa a confiança delas para ocupar espaços ainda majoritariamente masculinos. Para Priscila Damiani, diretora de RH da companhia, “programas assim quebram vieses inconscientes e criam redes de apoio que aceleram o preparo para cargos estratégicos.”

da Biogen
Mais do que promover encontros, o WIN é acompanhado de perto por métricas que permitem comprovar seu impacto na superação do “degrau quebrado”. Entre os indicadores avaliados estão taxas de promoção após a participação, retenção de talentos em áreas estratégicas, engajamento em pesquisas internas e o crescimento da representatividade feminina em cargos de liderança.
Esse monitoramento contínuo, segundo ela, é o que garante que o programa não seja apenas inspirador, mas estratégico. “Eles permitem comprovar o retorno do investimento em iniciativas de equidade e reforçam o compromisso da empresa com resultados tangíveis”, complementa.
Quanto ao futuro, o próximo passo da Biogen é ampliar o alcance do WIN, abrindo espaço para novas participantes e promovendo rodas de conexão com líderes de outros países. A empresa também quer fortalecer a cultura de aliados entre homens e criar parcerias com ONGs para preparar jovens mulheres para o mercado de trabalho. Mais do que planos, são movimentos que podem inspirar outras empresas a enxergar a mentoria como ferramenta estratégica para acelerar a liderança feminina e transformar diversidade em motor de inovação.
Da escada quebrada à inovação
Com esse impulsionamento direcionado às mulheres, os efeitos dessas iniciativas não poderiam ser melhores: promoções aceleradas, maior retenção de talentos femininos, engajamento nas alturas, ambiente de trabalho satisfatório e decisões que impulsionam inovação. Na prática, ao criar espaços de troca genuína, a mentoria renova o conceito de liderança, tornando-o mais inclusivo e colaborativo. “Para as mulheres, esse modelo é especialmente relevante porque contribui para quebrar vieses inconscientes, fortalece redes de apoio e acelera a preparação para cargos estratégicos”, observa Priscila. Já Letícia complementa apontando que “diversidade não é apenas uma pauta de inclusão, mas um motor para o crescimento do negócio, aliado a valores sólidos, autenticidade e consistência.”
Não à toa, a mentoria vai muito além de preparar sucessoras. Quando é tratada como prática contínua de RH, integrada à estratégia de gestão de pessoas, ela tem potência de sobra para transformar a forma como a empresa pensa, decide e lidera. Para Priscila Damiani, da Biogen, é essa constância que dá fôlego ao movimento de consertar o “degrau quebrado” e abrir caminho para que a liderança feminina avance degrau por degrau, gerando inovação a cada passo. “Mentoria não pode ser evento de calendário ou ação isolada. Quando faz parte do dia a dia, ela fortalece a cultura, estimula novas ideias, amplia a representatividade e prepara o futuro da liderança”, diz.
Desenvolvimento humano e liderança feminina: técnica + colaboração
Letícia Araújo, por sua vez, reforça que esse é também um chamado às lideranças, dos gestores à alta direção, pois, sem o apoio delas, não há RH no mundo que consiga virar essa chave sozinho. “O sucesso depende do alinhamento com as metas estratégicas do negócio e do comprometimento da liderança”, reforça. A seu ver, o desenvolvimento de talentos precisa abandonar a lógica puramente técnica e ganhar um caráter mais colaborativo, potencializado pela mentoria. “Quando se torna prática contínua, a mentoria cria ambientes seguros e representativos, preparando as mulheres para cargos estratégicos”, finaliza.
E é justamente essa colaboração que tem o poder de reconstruir a escada, degrau por degrau. Se o futuro do trabalho exige inovação, é hora de garantir que haja espaço – e degraus – para a liderança feminina.
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