Pesquisa da HRTech Pulses revelou recentemente que quase metade dos desligamentos realizados em 2022 nas empresas (48,39%) foram voluntários – um aumento considerável em relação a 2021, ano em chegavam a pouco mais de 10% do pool geral de demissões. Nem sempre os departamentos de recursos humanos têm ideia de que membros da equipe estão a ponto de se desligar – e a retenção de talentos, seja por fatores externos (competição do mercado) seja pelos internos (gestão do time), segue sendo um desafio para as organizações. A boa notícia é que é possível, por meio de inteligência artificial, prever e gerenciar, com maior precisão, o turnover por esse motivo.
Antes mesmo da pandemia que intensificou a onda de demissões voluntárias nas companhias, empresas do setor de tecnologia vêm anunciando ferramentas capazes de auxiliar nesse sentido. Uma das primeiras a lançar soluções do gênero foi a IBM.
Utilizando seu próprio software, a big tech economizou centenas de milhões de dólares em processos de demissão e recrutamento, simplesmente empregando análises de fatores determinantes na permanência do colaborador e traçando metas de gestão para que ele permaneça na equipe e todo o ambiente seja beneficiado por esse plano de ação.
A empresa Mindsight também lançou, em 2020, solução que consegue prever as demissões, além de fornecer dados estratégicos para o RH, de performance a engajamento e alertas de defasagens salariais.
As startups do mercado sugerem que evitar as baixas voluntárias e reter talentos se devem, basicamente, a people analytics bem feito, em uma combinação da análise crítica e ação de excelentes líderes de RH a uma ferramenta de ponta, capaz de reunir e correlacionar dados verdadeiramente importantes na gestão de pessoas.
Nesse movimento, “esta funcionalidade de predição e diagnóstico da saída voluntária é um divisor de águas para os gestores”, destaca, por sua vez, Cesar Nanci, CEO da Pulses, que também anuncia a implementação dos novos recursos em sua plataforma de gestão de clima para ajudar os líderes no combate a esse tipo de ocorrência.
No clima e engajamento estariam a resposta para tantas demissões por conta própria: ainda segundo o levantamento da Pulses, o senso de realização; a não identificação com a missão e com a história da empresa e as condições de trabalho estão entre as principais causas dos desligamentos. O estudo contou com a análise de dados de mais de 900 mil profissionais cadastrados em sua plataforma.
Método
Os dados da solução da Pulses vêm de inputs gerados, no mínimo, semanalmente, e a plataforma classifica o risco de saída voluntária em alto, médio ou baixo, analisando os motivos e sugerindo soluções. Aí entra a competência de um RH dedicado e alinhado à estratégia de negócios e pessoas da companhia para agir junto às lideranças e implementar melhorias.
Vale ressaltar que nesse tipo de solução e para essa análise, os dados podem ser anônimos, protegendo a identidade do colaborador e fazendo com que ações para favorecer a permanência do colaborador impactem a organização como um todo, não sendo dirigidas a este ou aquele profissional.
“O people analytics, além de contribuir para a redução de custos e aumento de resultados, tem como objetivo principal a eficiência e a criação de um ambiente melhor para todas as pessoas da organização”, argumenta Nanci.
O custo, ele entende, vai além das perdas materiais entre o desligamento voluntário e a nova seleção, tais como a fuga de “conhecimento, histórico, contexto, cultura, moral do time, resultados futuros e muito mais”, reforça Nanci.
O impacto financeiro, no entanto, é bem dimensionado e vultoso, segundo o executivo: O uso de people analytics e inteligência artificial pode gerar retornos de até US$ 13 para cada US$ 1 investido.
Quase 70% das grandes empresas já utilizam esse tipo de ferramenta, dimensiona o CEO da Pulses. “Decidir com apoio de dados é como analisar o DNA da organização e agir sobre aquilo que de fato importa e trará resultados”, finaliza.