Gestão

É possível prever uma demissão voluntária?

Elas já somam quase metade do total de desligamentos, mas soluções com inteligência artificial podem auxiliar na prevenção

de Redação em 23 de fevereiro de 2023
Upklyak/ Freepik.com

Pesquisa da HRTech Pulses revelou recentemente que quase metade dos desligamentos realizados em 2022 nas empresas (48,39%) foram voluntários – um aumento considerável em relação a 2021, ano em chegavam a pouco mais de 10% do pool geral de demissões. Nem sempre os departamentos de recursos humanos têm ideia de que membros da equipe estão a ponto de se desligar – e a retenção de talentos, seja por fatores externos (competição do mercado) seja pelos internos (gestão do time), segue sendo um desafio para as organizações. A boa notícia é que é possível, por meio de inteligência artificial, prever e gerenciar, com maior precisão, o turnover por esse motivo.

Antes mesmo da pandemia que intensificou a onda de demissões voluntárias nas companhias, empresas do setor de tecnologia vêm anunciando ferramentas capazes de auxiliar nesse sentido. Uma das primeiras a lançar soluções do gênero foi a IBM.

Utilizando seu próprio software, a big tech economizou centenas de milhões de dólares em processos de demissão e recrutamento, simplesmente empregando análises de fatores determinantes na permanência do colaborador e traçando metas de gestão para que ele permaneça na equipe e todo o ambiente seja beneficiado por esse plano de ação.

A empresa Mindsight também lançou, em 2020, solução que consegue prever as demissões, além de fornecer dados estratégicos para o RH, de performance a engajamento e alertas de defasagens salariais.

As startups do mercado sugerem que evitar as baixas voluntárias e reter talentos se devem, basicamente, a people analytics bem feito, em uma combinação da análise crítica e ação de excelentes líderes de RH a uma ferramenta de ponta, capaz de reunir e correlacionar dados verdadeiramente importantes na gestão de pessoas.

Nesse movimento, “esta funcionalidade de predição e diagnóstico da saída voluntária é um divisor de águas para os gestores”, destaca, por sua vez, Cesar Nanci, CEO da Pulses, que também anuncia a implementação dos novos recursos em sua plataforma de gestão de clima para ajudar os líderes no combate a esse tipo de ocorrência.

No clima e engajamento estariam a resposta para tantas demissões por conta própria: ainda segundo o levantamento da Pulses, o senso de realização; a não identificação com a missão e com a história da empresa e as condições de trabalho estão entre as principais causas dos desligamentos. O estudo contou com a análise de dados de mais de 900 mil profissionais cadastrados em sua plataforma.

Método

Os dados da solução da Pulses vêm de inputs gerados, no mínimo, semanalmente, e a plataforma classifica o risco de saída voluntária em alto, médio ou baixo, analisando os motivos e sugerindo soluções. Aí entra a competência de um RH dedicado e alinhado à estratégia de negócios e pessoas da companhia para agir junto às lideranças e implementar melhorias.

Vale ressaltar que nesse tipo de solução e para essa análise, os dados podem ser anônimos, protegendo a identidade do colaborador e fazendo com que ações para favorecer a permanência do colaborador impactem a organização como um todo, não sendo dirigidas a este ou aquele profissional.

“O people analytics, além de contribuir para a redução de custos e aumento de resultados, tem como objetivo principal a eficiência e a criação de um ambiente melhor para todas as pessoas da organização”, argumenta Nanci.

O custo, ele entende, vai além das perdas materiais entre o desligamento voluntário e a nova seleção, tais como a fuga de “conhecimento, histórico, contexto, cultura, moral do time, resultados futuros e muito mais”, reforça Nanci.

O impacto financeiro, no entanto, é bem dimensionado e vultoso, segundo o executivo: O uso de people analytics e inteligência artificial pode gerar retornos de até US$ 13 para cada US$ 1 investido.

Quase 70% das grandes empresas já utilizam esse tipo de ferramenta, dimensiona o CEO da Pulses. “Decidir com apoio de dados é como analisar o DNA da organização e agir sobre aquilo que de fato importa e trará resultados”, finaliza.

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