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É possível ser feliz quando não se está feliz no trabalho?

Se partirmos da ideia de que no momento não é possível deixar o emprego, há de se buscar significá-lo, buscando sentido para ele. Entenda

Há pouco tempo fui desafiada com a seguinte questão: é possível ser feliz no trabalho, mesmo não gostando do que se faz?  Pois bem, senta que lá vem resposta e, para surpresa de muitos, é afirmativa. Ser feliz, apesar de determinadas circunstâncias, exige esforço e se partirmos da ideia de que no momento não é possível deixar o emprego, há de se buscar significá-lo, constituindo sentido para ele.

Sentido é uma narrativa cognitiva que estabelecemos, somos livres para fazê-lo e nossa percepção de felicidade é ampliada quando o que fazemos tem sentido, mesmo em circunstâncias desafiadoras. Você pode começar com cinco reflexões, aí vão elas:

  1. Qual a função deste trabalho/emprego na minha vida hoje?
  2. Que ponte este trabalho/emprego pode ajudar a construir rumo a um futuro desejado?
  3. Qual é o impacto do meu trabalho/emprego atual em outras pessoas: colegas, clientes, comunidade?
  4. Que forças pessoais posso empregar no meu trabalho? Se não conhece suas forças pessoais, indico aqui um teste psicológico gratuito, o Via: https://bit.ly/via_feliciencia.
  5. Como posso recriar a forma como faço meu trabalho hoje, tornando-o mais prazeroso? O nome disso é “Job Crafting”. 

Já sobre o que não funciona para quem não está feliz no trabalho, trago para esta reflexão o que se convencionou chamar de “Quiet Quitting”, que consiste em adotar intencionalmente a postura de cumprir os requisitos mínimos exigidos. O ponto sensível aqui é: que fator motiva o desengajamento ativo com o trabalho? Há problemas com a liderança imediata ou com os colegas? A cultura organizacional é tóxica? O salário é insuficiente? Você não gosta do que faz? As respostas funcionam como uma bússola que orienta o planejamento dos próximos passos na sua carreira e sua na vida.

Nunca se esqueça de que tempo é o principal tecido da vida, uma postura de desengajamento ativo sem que, paralelo a isso, se estabeleça um plano de ação, faz com que a empresa perca, mas você também. Engajamento no trabalho é o jogo do ganha-ganha: é muito bom para a organização, mas cientificamente sabemos que eleva o bem-estar do trabalhador.

Para além dos pontos citados, é fundamental reconhecer que o trabalho se tornou exacerbadamente central em nossas vidas, fazendo parecer que nossa felicidade e infelicidade giram apenas em torno dele. É importante para a constituição de uma vida que vale a pena que voltemos a nutrir interesses e relações também fora do trabalho e, especialmente, fora das telas, no mundo real. Conexões humanas reais e significativas são a principal fonte de felicidade, saúde e longevidade. Para ser feliz cuide-se bem e cerque-se do que costumar de “as suas pessoas”.

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Carla Furtado

Mestre e Doutoranda em Psicologia (Universidade Católica de Brasília/UCB). Especialista em Neurociência e Comportamento (PUCRS). Docente de Pós-Graduação na PUCRS e do Instituto de Ensino e Pesquisa Hospital Albert Einstein. Autora do livro Feliciência: Felicidade e Trabalho na Era da Complexidade (Almedina). Diretora do Instituto Feliciência, com operações no Brasil e em Portugal.