Coronavírus

Em home office, com as crianças

de Redação em 1 de abril de 2020
Crédito: Shutterstock

Mesmo com o distanciamento social, os filhos podem se divertir e a casa continuar com a tranquilidade necessária para trabalhar.

De um dia para o outro, o escritório que tinha todas as condições necessárias para trabalhar é transferido para a casa. Como exigir que os filhos pequenos façam silêncio ou brinquem de modo concentrado, ou seja, silencioso? Ou ainda, não brinquem? Não só é impossível, como é totalmente incorreto.  

Como seria ideal que as crianças pudessem brincar e se divertir, sem tornar o home office impraticável! Tornar o isolamento social favorável ao desenvolvimento físico, cognitivo e emocional de bebês e crianças — e também saudável para a relação entre familiares e filhos — é possível. Fortalece os laços e lava a alma.

Este é o objetivo do guia “Atividades para familiares realizarem com os filhos em casa”, elaborado por Mirela Figueiredo, docente do Departamento de Terapia Ocupacional (DTO) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com Ana Luiza Alegretti, supervisora do pós-doutoramento de Figueiredo realizado, atualmente, na Universidade do Texas em San Antonio (EUA).

A motivação principal para a criação do material foi a recomendação de isolamento social frente à pandemia do Coronavírus. E de que forma essa condição de distanciamento pudesse ser saudável para as famílias.

“O isolamento é necessário, mas ele não precisa ser de privação e sofrimento. Podemos usufruir desse momento dentro de nossas casas para autoanálise e para transformar nossas formas de pensar e fazer”, afirma a docente da UFSCar.

O guia oferece sugestões de atividades que os familiares podem realizar com os filhos em casa, sem ter um brinquedo ou recurso específico, para diferentes faixas etárias – entre bebês e crianças até cinco anos de idade.

Além de favorecer a continuidade da estimulação e aprendizagem que as crianças estavam recebendo na escola, a especialista explica que as práticas também fortalecem o vínculo familiar e o entendimento sobre a atual conjuntura, a partir de brincadeiras, da alegria e do prazer. 

Outras atividades para fazer com os filhos

Mirela, da UFSCar, destaca a importância da leitura em conjunto:  

“Por meio de histórias infantis, é possível ensinar e aprender uma infinidade de temas – regras, limites, sentimentos, perdas, valores, crenças, dentre outros –, estimular a imaginação, o simbolismo e a criatividade”.

Além da leitura em si, as histórias podem levar a práticas de desenho, recortes, colagem e encenação, favorecendo o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional das crianças. 

Para aquelas com idades entre quatro e cinco anos, a professora sugere a elaboração de um calendário manual que ajuda na orientação temporal e na organização da rotina.

E se a dificuldade é segurar as crianças em casa no período da quarentena, Mirela recomenda que os pais expliquem de maneira simples, mas com sinceridade, sensibilidade e criatividade o que está acontecendo.

“É claro que as crianças têm uma capacidade de compreensão diferente de adolescentes, adultos e idosos. Com criatividade, sensibilidade e conhecendo as diferentes reações dos filhos, os pais devem explicar sobre a doença, sua gravidade e sobre como se prevenir. Só com essas explicações é que as crianças irão aceitar permanecer em casa”. 

Serão muitas as lições que levaremos dessa experiência. Para começar, a percepção de que, sim, é possível dedicar-se às atividades com os filhos e ainda assim preservar a produtividade e as metas a que se propôs naquele dia.

Por enquanto, é cedo para saber ao certo quais serão os impactos sobre as organizações em que atuamos ou sobre a nossa vida pessoal. Mas, no mínimo, sairemos dessa com a perspectiva de uma convivência familiar mais rica e saudável. [Inês Pereira]

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