Mesmo com a alta na inflação e na taxa de desemprego – que cresceu de 4,5% em dezembro de 2012 para 5,7% no primeiro semestre de 2013 -, as empresas brasileiras ainda possuem os melhores índices de remuneração, comparado às grandes companhias mundiais.
Esse dado pode ser comprovado com os resultados recentes das pesquisas realizadas pelas consultorias Mercer e Hay Group sobre os índices de remuneração dos principais cargos executivos, de gerência e operacionais no país. De acordo com o levantamento da Mercer, no que diz respeito à origem de capital, quanto maior o cargo, maior é a diferença na remuneração direta das empresas brasileiras em comparação com as estrangeiras.
Enquanto um presidente de uma empresa de capital estrangeiro possui a remuneração anual de R$ 1.092.399, com salário base (SB) de 73% e IPC de 25%, uma empresa brasileira paga ao mesmo profissional R$ 2.331.094, com salário base de 54% e ICP de 45%. Porém, para os cargos abaixo do presidente a diferença entre remuneração e bônus entre brasileiras e estrangeiras vai diminuindo de acordo com a função. Um VP/diretor possui uma remuneração de R$ 583.226 e 78% (SB) e 20% (ICP) para as multinacionais, e R$ 766.124 com 66% (SB) e 32% (ICP) para as nacionais.
Essa constatação também foi visualizada pelo estudo do Hay Group, que apontou que o executivo brasileiro ficou mais caro desde 2004. Somados salário base, bônus e incentivo a longo prazo, o valor pago aos presidentes de empresa em 2013 é 123% maior do que em 2004, com um aumento real de 40%, sendo descontado a inflação. “O CEO no Brasil é caro. Para o mesmo perfil de profissional que aqui se paga em torno de US$ 1 milhão ao ano, nos EUA paga-se US$ 700 mil e na Europa ? 700 mil”, explica Leonardo Salgado, diretor do Hay Group.
Competitividade
Um dos fatores que tornam as empresas nacionais mais competitivas no quesito remuneração são os incentivos de curto prazo (IPC) e incentivos de longo prazo (ILP). Segundo Andrea Sotnik, consultora senior de capital humano da Mercer, “o ICP vem caindo a cada ano, mesmo assim é uma ferramenta de atração e retenção que liga o executivo à estratégia da empresa.”
Já sobre o ILP, segundo dados do Hay Group, houve um aumento gradual em relação ao mix de remuneração nos últimos 10 anos. Em 2004,o ILP representava 5% da remuneração direta e em 2013 ele está em 19%. Das empresas participantes, 73% delas vinculam o ILP à ação, ou seja, a quantia e o pagamento ou não do incentivo dependem do valor de mercado da companhia. O restante das empresas trabalha com ILP em dinheiro (23%) ou utilizam as duas formas (4%).
Bônus e benefícios
Com o passar dos anos, os executivos estão encontrando dificuldades para conseguir alcançar seus bônus, afirma o Hay Group. Em 2011, 60% deles atingiram ou superaram as metas, e este ano a porcentagem caiu para 41%. Já em relação àqueles que receberam bônus zero houve um aumento. Enquanto há dois anos a porcentagem ficou em torno de 5%, em 2013 ela cresceu para 20%. Outro dado a ser observado é que 63% das empresas pagaram bônus abaixo da meta.
Eles ainda são a maioria
Apesar de estarem mais presentes no mercado de trabalho, as mulheres ainda são minoria quando se trata de assumir o cargo de presidente em uma organização. De acordo com o estudo da Mercer, 97% dos presidentes brasileiros são homens. Essa diferença vai diminuindo de acordo com o nível hierárquico, sendo 84% contra 16% para VPs/diretores, 79% contra 21% para gerentes seniores, 73% contra 27% para gerentes.
A diferença entre gêneros também é sentida no quesito remuneração, em que um presidente do sexo masculino ganha 17% mais do que uma mulher no mesmo cargo. Já entre VPs/diretores, essa porcentagem é bem menor (4%). Apenas no que diz respeito à idade ambos são iguais, tendo em média 50 anos quando assumem o cargo de presidente.
Diferenças geográficas
A remuneração base de executivos e gerentes pode variar de acordo com a região do Brasil segundo o estudo da Mercer. Tendo São Paulo como base (100%), o estado que mais se aproxima nos níveis de remuneração é o Rio de Janeiro, com 96%, seguido de Minas Gerais, com 92%. Já nas regiões, a Sul é a que mais se aproxima de São Paulo, com 90%, seguida da Norte com 89%, nordeste com 83%, e centro-oeste com 81%.
Previsões abaixo das expectativas
Em 2012, o Brasil era a 6ª maior economia mundial, porém em 2013 houve uma clara desaceleração da economia nacional, mostrando que as previsões sinalizam que os aumentos salariais tendem a ser menores nos próximos anos. As empresas estão adotando uma postura mais cautelosa nos investimentos em pessoal.
#L# O estudo da Mercer mostra que as perspectivas das empresas em relação à remuneração base e aos aumentos salariais estão acima das levantadas pela pesquisa. No estudo de 2011-2012, as empresas esperavam um aumento de 7,9%, sendo que ele foi de apenas 5,6%. Já na pesquisa de 2012-2013 foi esperado um aumento de 7,0%, porém o alcançado foi 6,3% e, para 2014, a estimativa das empresas é de 7,7% de aumentos salariais no que diz respeito à remuneração base.
Pesquisa Hay Group A consultoria entrevistou 322 empresas, mensurando a remuneração de 47 cargos executivos de 4.324 profissionais, com salário base de maio de 2013 e ICP e ILP de junho de 2012 a maio de 2013. O estudo teve como origem de capital 56% de empresas nacionais contra 44% de empresas estrangeiras, com a participação dos setores da indústria base (47%), de serviços (20%), de infraestrutura (12%), de comércio/varejo (8%), da indústria geral (8%) e do agronegócio (5%). Ela baseou seu levantamento nos dados fornecidos referentes a salário base (SB) + adicionais fixos; Total em Dinheiro (TD), salário base + incentivos de curto prazo; Remuneração Direta (RD), total em dinheiro + incentivos de longo prazo; e Remuneração Total (RT), remuneração direta + benefícios. |
Estudo Mercer Ao todo a consultoria entrevistou 446 empresas e 880 cargos divididos em presidentes, VP/diretores, gerentes sr., gerentes, supervisores, coordenadores, especialistas e profissionais operacionais, totalizando 797.872 pessoas reportadas. Eles utilizaram a remuneração base de maio de 2013 para coletar os dados da pesquisa. Ao todo, das 446 empresas consultadas 77 foram do segmento de bens de consumo, 42 de auto peças e automativo, 41 de farmacêuticos e similares, 41 de serviços, 35 de maquinário, 33 de química, 23 de alta tecnologia e Telecom, 21 produtos eletro eletrônicos, 21 de transporte e armazenagem, 15 de construção, 11 de agrobusiness e 11 de mineração e metalurgia. |