O cenário internacional de diversidade e inclusão vive uma reconfiguração que preocupa especialistas e lideranças de recursos humanos. Quatro em cada dez empresas americanas estão realocando investimentos de D&I para o desenvolvimento de Inteligência Artificial, segundo pesquisa recente da Resume.org. Essa migração reflete um movimento estratégico, mas também uma perda de foco em agendas humanas.
Gigantes como Google, Microsoft, Meta e X (antigo Twitter) desativaram áreas dedicadas à diversidade, demitindo equipes e interrompendo projetos. Elon Musk, proprietário do X, chegou a classificar programas de inclusão como “socialismo corporativo”. Já instituições como JPMorgan Chase e Citigroup reduziram investimentos, enquanto varejistas como Walmart e Target encerraram parcerias voltadas a equidade racial e direitos LGBT+.
Pesquisas indicam que 49% das empresas que abandonaram programas de diversidade citam o clima político americano como principal causa. Outras 36% apontam a falta de retorno mensurável. O resultado é um retrocesso social que afeta tanto a imagem das marcas quanto sua capacidade de inovação e atração de talentos.
Brasil avança com políticas consistentes e resultados mensuráveis

Em contrapartida, o Brasil aparece na contramão da tendência global. O Relatório de Tendências de Empregabilidade 2025, da Gupy, mostra um aumento de 37% nas vagas afirmativas em 2024. Esse dado confirma o amadurecimento das empresas brasileiras em integrar diversidade à estratégia de negócios.
A Wiz Co, especializada em bancassurance e distribuidora de consórcios e crédito, mantém 53,7% das posições de liderança ocupadas por mulheres. E reduziu a rotatividade de 53% para 32% em um ano. “Nosso ambiente plural impulsiona inovação e fortalece laços com propósito social”, afirma Isabel Gomes, gerente de Gente e Cultura.
Segundo a executiva, o reconhecimento interno confirma o impacto da diversidade sobre o engajamento. “Na GPTW, alcançamos 74 pontos em imparcialidade, com 77% dos colaboradores atribuindo nota acima de oito às ações inclusivas. Esses resultados sustentam a cultura de pertencimento e credibilidade da marca empregadora.”
Liderança da Wiz Co reforça o valor estratégico da inclusão

O CEO da Wiz Co, Marcus Vinícius de Oliveira, ressalta que diversidade, equidade e inclusão são hoje componentes centrais da performance empresarial. “A criação de valor de longo prazo, a gestão estratégica de riscos e oportunidades e o alinhamento às pautas ESG seguem no centro da nossa atuação”, afirma o executivo.
Para Marcus, o diferencial está na integração genuína dessas pautas ao negócio. “Na Wiz Co, diversidade não é uma iniciativa pontual ou reputacional, mas um fator financeiro e estratégico. Nosso desempenho está diretamente ligado à capacidade de acolher perspectivas diferentes e construir soluções mais inovadoras”, destaca.
A companhia, que há dez anos figura entre as melhores empresas para trabalhar no País, investiu mais de R$ 1,2 milhão em projetos sociais voltados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Entre eles, iniciativas de erradicação da pobreza, saúde e bem-estar, educação de qualidade e igualdade de gênero, reforçando o compromisso com o impacto positivo e a sustentabilidade humana.
Empresas de educação e alimentação reforçam o protagonismo feminino

Na Afya, hub de educação médica, a equidade de gênero é tratada como prioridade estratégica. A empresa é signatária do Pacto Global da ONU e aderiu ao movimento Elas Lideram 2030, com a meta de alcançar 50% de mulheres em cargos de liderança até 2030. Segundo nota enviada pela empresa, hoje, 46% dos cargos já são ocupados por mulheres.
A diversidade também se reflete na composição dos times: 47% dos colaboradores são pessoas pretas ou pardas, 12% têm mais de 50 anos e 13% pertencem à comunidade LGBT+.
Na Arcos Dorados, holding do McDonald’s, a pauta inclusiva faz parte da cultura corporativa. “Nosso time reflete a pluralidade do Brasil. Promovemos oportunidades para todas as pessoas, com foco em pertencimento”, explica Fábio Sant’Anna, diretor de Gente, Diversidade e Inclusão. Hoje, 15% das lideranças e 21% dos colaboradores fazem parte da comunidade LGBT+, números superiores à média nacional.
Setores farmacêutico e energético consolidam boas práticas

A Roche Farma segue fortalecendo sua atuação em diversidade com o grupo OPEN (Out, Proud and Equal Network). A iniciativa promove letramento de lideranças, inclusão da população LGBT+ e parcerias com instituições como Sírio-Libanês e Albert Einstein. “Nosso engajamento interno aumentou e a alta gestão participa ativamente das ações de diversidade”, afirma Luciano Canezim, diretor de TI da Roche Farma Brasil.
Além de palestras e fóruns sobre saúde inclusiva, a empresa participou da Parada LGBT+ de São Paulo, reforçando o protagonismo no setor farmacêutico. “A iniciativa consolidou a marca como uma das defensoras mais ativas da diversidade no País”, comemora Canezim.
No setor energético, a Naturgy, multinacional espanhola do setor de gás natural e energia elétrica, tem se destacado por transformar uma área historicamente masculina. Hoje, 70% da diretoria e 50% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres. “Queremos mudar o cenário do setor e começamos dentro de casa”, afirma Katia Repsold, country manager.
Diversidade impulsiona engajamento e clima organizacional

A executiva ressalta que o desenvolvimento feminino é prioridade. “Criamos o programa Mulheres Steam, que estimula o protagonismo técnico e fortalece projetos liderados por mulheres”, explica Katia. Segundo ela, práticas de bem-estar e flexibilidade também reforçam a cultura inclusiva e o engajamento dos colaboradores.
Pesquisas internas confirmam o impacto dessas ações: a Naturgy atingiu índice de felicidade de 70 pontos e eNPS de 35, com participação de 89%. “Esses números refletem um ambiente de respeito e diálogo, com oportunidades reais de crescimento”, reforça Katia.
Para o CEO da Wiz Co, a mensagem é clara: o futuro do trabalho será cada vez mais pautado pela inclusão e pelo propósito. “A diversidade não é custo, é investimento. É o que sustenta equipes criativas, culturas resilientes e negócios mais humanos”, conclui Marcus Vinícius de Oliveira.
Objetivo do programa de DE&I

Fonte: Blend.edu
Desafios do programa de DE&I

