Comunicação interna

Engajar, inspirar e pertencer: a comunicação interna é a base para o senso de pertencimento

Ao se conectar com as pessoas, a comunicação interna fortalece o engajamento com os valores e a cultura das organizações

de Priscila Perez em 4 de julho de 2024
comunicação interna e senso de pertencimento Foto: Reprodução/krakenimages.com/Freepik

Independentemente de quem você seja, uma coisa é certa: todos desejam pertencer a algo. A escritora brasileira Clarice Lispector, em sua crônica “Pertencer”, de 1968, já dizia que queria pertencer para que sua força não fosse inútil e fortificasse algo ou alguém. Entretanto, orgulho e senso de pertencimento não nascem em árvore, embora possam ser cultivados pelas organizações desde que a comunicação interna semeie os valores certos. Quando bem adubado, o ambiente corporativo pode se tornar um terreno fértil, onde os colaboradores se sintam não apenas valorizados, mas também os verdadeiros protagonistas dessa história.

Embora seja natural querer fazer parte de algo, isso não significa que as pessoas se envolverão automaticamente com a empresa apenas por trabalharem nela. Proatividade, responsabilidade, orgulho e engajamento não são sentimentos que surgem espontaneamente. Mas uma comunicação interna autêntica, acolhedora e inspiradora pode ser a virada de chave nesse cenário, gerando senso de pertencimento ao refletir uma cultura vibrante e inclusiva.

Senso de pertencimento e comunicação interna

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Carolina Prado da Intel

As estratégias para engajar o público interno incluem princípios como inclusão, proximidade e diálogo. Carolina Prado, diretora de Comunicação da Intel na América Latina, destaca que, embora não exista uma fórmula mágica para instigar o senso de pertencimento, a comunicação interna pode promover atividades acessíveis para todos, incluindo colaboradores remotos, e ações de voluntariado em equipe, que trazem um propósito comum.

Tudo isso, combinado dentro de uma estratégia de comunicação, pode turbinar a relação do colaborador com a organização e aproximá-lo dos colegas. “A comunicação também deve ser humanizada, mostrando o valor do negócio e colocando as pessoas em primeiro lugar”, sublinha Carolina.

Transparência gera confiança

Não à toa, é preciso ser transparente e aberto ao diálogo, como bem destaca a gerente de Comunicação da Progic, Cleide Cavalcante. “Os colaboradores precisam sentir que estão sendo informados de maneira honesta sobre os rumos da empresa, suas conquistas e desafios. A transparência gera confiança, e a confiança é a base para o engajamento”, resume.

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Cleide Cavalcante, da Progic

Segundo ela, quando eles percebem que estão sendo informados com clareza e transparência sobre os acontecimentos que impactam a empresa, depositam maior confiança não só na organização, mas também nas lideranças. “Isso aumenta o engajamento porque colaboradores bem-informados ampliam seu senso de pertencimento, sentindo-se parte integrante de um ambiente onde suas contribuições são valorizadas”, observa Cleide.

O papel da liderança

Porém, para que essa troca ocorra, é fundamental que os líderes também façam a sua parte, desempenhando um papel crucial em todo esse processo. Ao servirem de exemplo, eles atuam como uma influência positiva, capazes de reforçar o orgulho e o senso de pertencimento, ao mesmo tempo em que ampliam o alcance da comunicação interna.

A porta-voz da Progic destaca três fatores como forma de fortalecer a confiança e o engajamento: exemplo pessoal, feedback e acessibilidade. Os líderes devem ser inspiradores, compartilhando suas histórias com vulnerabilidade e autenticidade. Já a prática frequente de feedback cria um espaço exclusivo e confortável para os colaboradores expressarem suas opiniões e sugestões, estreitando os relacionamentos. Além disso, eles devem ser acessíveis e presentes, participando de eventos e interagindo diretamente com todos.

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Tatiana Marques, da Biolab

Apesar das várias responsabilidades em jogo, o objetivo da liderança é claro: dar contexto ao colaborador. O que isso significa na prática? Tatiana Marques, diretora de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade da Biolab Farmacêutica, esclarece: a função do líder é aproximar o time da estratégia da empresa, demonstrando como a atuação de cada um contribui para a superação dos desafios. “A orientação da liderança é fundamental para que a equipe desenvolva autonomia e trilhe uma jornada de sucesso alinhada aos objetivos do negócio”, analisa. Naturalmente, a comunicação interna é uma grande parceira, apoiando o líder na hora de reconhecer e celebrar conquistas.

A união faz a força

Todavia, se a cultura não fomenta essas transformações, os resultados de qualquer estratégia de comunicação serão nulos. Para engajar e gerar senso de pertencimento, é necessário que as empresas se transformem culturalmente – e a comunicação interna tem muito a contribuir. Quem faz o alerta é Carolina Prado, da Intel. “Tudo isso precisa fazer parte dos valores e das práticas da empresa”, complementa. O que também demanda um alinhamento profundo com o departamento de Recursos Humanos e as lideranças.

Nas palavras da diretora de Comunicação da Intel, essa sinergia é imprescindível para promover mudanças significativas e transformar o engajamento dos colaboradores. “E sem apoio da liderança, é quase impossível fazer uma transformação cultural efetiva que inclua esse senso de pertencimento”, pontua.

Cultura de pertencimento

Assim sendo, o que é necessário para nutrir uma cultura de pertencimento? Para Tati Marques, da Biolab, são vários elementos que se entrelaçam no campo organizacional, mas dois em particular fazem uma diferença enorme: compartilhar conquistas e destacar as pessoas. Ao investir nesses aspectos, a diretora de Comunicação Interna acredita que o senso de pertencimento será fortalecido, motivando os colaboradores a perseguir seus objetivos e a contribuir para os resultados da empresa como um todo.

No entanto, esse processo precisa ocorrer de forma fluida, sem sobrecarregar o colaborador ou parecer forçado. “Quando comunicamos periodicamente o funcionamento dos nossos processos e objetivos, todos passam a entender nossas expectativas e o seu papel na organização”, afirma Tati. Segundo ela, é preciso existir um fluxo contínuo de informações dentro da empresa que garanta a transmissão de informações relevantes a todos, mas não apenas isso: o conteúdo também deve refletir o propósito da organização.

Foto: Reprodução/Freepik

Com a mensagem internalizada, o colaborador terá engajamento de sobra para executar o trabalho de forma mais assertiva e alcançar os resultados esperados. A porta-voz da Biolab Farmacêutica explica que, quando o colaborador é informado de forma clara e objetiva, ele entende seu papel e suas responsabilidades, o que o motiva. Para Tati Marques, “a confiança é um pilar construído ao longo do tempo”.

Via de mão dupla

Se no dia a dia fora das empresas as vozes são múltiplas, não poderia ser diferente em organizações com centenas ou milhares de pessoas convivendo diariamente. A comunicação interna, nesse cenário, precisa ser uma via de mão dupla, bidirecional, que permita não apenas a transmissão de mensagens, mas o compartilhamento de opiniões e ideias. Essa abertura somada a uma abordagem multifacetada é indispensável, segundo Cleide Cavalcante, da Progic. “Sempre digo que seguir a tendência de comunicação destas novas gerações é uma receita infalível. E qual seria? Hoje, temos nossos próprios canais de comunicação nas redes sociais. Todos querem ser geradores e divulgadores de conteúdo. Esta é a dinâmica social”, analisa a gerente de Comunicação. E crava: “a forma como nos comunicamos mudou”.

Diante desse novo padrão, a comunicação com colaboradores tem se expandido cada vez mais, impulsionada pela tecnologia, para incluir novas e diversas formas de interação às suas estratégias, como canais internos, fóruns, aplicativos e murais digitais. Dentro de cada uma dessas plataformas, há outras possibilidades de compartilhamento de conteúdo, incluindo blogs, podcasts, vídeos, editoriais, newsletters e TV Corporativa. É por meio desses canais que a comunicação interna pode semear o diálogo e colher o tão valioso senso de pertencimento, como bem aponta Cleide.

Com quem eu falo?

comunicação interna e senso de pertencimento
Foto: imagem gerada por IA – DALL·E

Reconhecimento, histórias inspiradoras e personalização são, em sua opinião, as estratégias mais assertivas para gerar engajamento. A valorização pode ser implementada através de programas que destacam conquistas dos colaboradores com premiações e divulgação por diversos canais. Compartilhar histórias inspiradoras também é uma forma de valorizar indivíduos e inspirar outros mais. “Ao reconhecer as contribuições individuais, a comunicação interna cria um ambiente onde os colaboradores se sentem vistos e ouvidos”, observa a representante da Progic.

Mas, para conferir protagonismo às pessoas, é preciso colocá-las em foco, como bem aponta a diretora de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade da Biolab, Tati Marques. “Elas representam o bem mais valioso e, dessa forma, têm de estar no cerne da comunicação”, afirma. Alinhada a essa visão, a farmacêutica destaca seus colaboradores em vídeos, campanhas institucionais e pautas para a revista e newsletter da empresa. “Assim, conseguimos reforçar que o colaborador está sendo visto pela empresa”, completa.

Personalização

Além disso, é fundamental adaptar as mensagens para os diferentes públicos que compõem as organizações. Isso garante que todos recebam informações relevantes e conectadas com suas funções e interesses. Na Biolab, por exemplo, onde há colaboradores em escritórios, unidades fabris, centros de pesquisa e áreas de vendas, o aforismo “conhece-te a ti mesmo”, de Sócrates, ilustra bem a importância de saber com quem se está falando. Segundo Tati Marques, a comunicação deve ser adaptada ao que faz sentido para as pessoas, exigindo personalização e adequação dos canais. “Isso aumenta as chances de a mensagem chegar ao colaborador e contribui para que o assunto tenha a disseminação que esperamos”, conclui.

No final do dia, uma comunicação interna humanizada é o que gera uma conexão genuína entre as pessoas e a organização, reforçando o senso de pertencimento e a vontade de “fazer parte” de algo que as inspira a superar desafios. “Ao valorizar as histórias dos colaboradores, são criados espaços de falas onde esses personagens são os protagonistas”, finaliza a diretora de Comunicação da Intel na América Latina, Carolina Prado.


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