A liderança tóxica pode resultar em problemas na saúde dos funcionários e um ambiente pouco receptivo de trabalho. Por conta disso, é necessário realizar uma autoanálise. A autorreflexão é essencial para uma boa gestão. Segundo Malu Weber, Diretora Executiva de Comunicação Corporativa, Grupo Bayer no Brasil, é olhar no espelho e saber reconhecer os próprios erros.
“Será que somos ou estamos um líder tóxicos? O mais importante para a gente refletir é que quando falamos de toxicidade, falamos de sufocar. Então é um líder que sufoca, que microgerenciar, que delega, que não divide palco, que não vê o time como parceiro, mas sim como alguém que vai executar aquilo que você está ordenando e usa a hierarquia para mostrar realmente a liderança. Além de gerenciar pelo medo e que não constrói junto”, diz Malu.
No entanto, a construção de vínculos e saber escutar é essencial em uma liderança empática. “Para mim o grande ponto do líder tóxico é aquele que não ouve e que acha que sabe tudo. A comunicação e construção de vínculos se dá basicamente no saber ouvir e entender o que é importante para o outro”, afirma a executiva.
Malu Weber participou do painel “Será que me tornei um líder tóxico?” durante o Fórum Felicidade Corporativa, promovido pela Plataforma Melhor RH, em parceria com a Negócios da Comunicação, ao lado de Sheila Ceglio, Diretora de RH da Pfizer, e Andréia da Silva, Head de Pessoas, Cultura e Aprendizagem da Metadados.
Líder tóxico, ambiente tóxico
“O líder tóxico é aquele que é incapaz de promover o ambiente saudável, independente do contexto que ele está inserido na empresa, seja ela uma empresa doente ou não”, ressalta Andréia.
Segundo ela, cada vez mais as pessoas esperam identificação com seu trabalho e quando há uma liderança tóxica isso não ocorre. E os colaboradores estão sendo menos tolerantes a essas práticas nocivas. “O líder precisa entender que o principal papel dele é criar um ambiente saudável e entender o que é importante para o outro, ampliando a sua escuta”, relata Malu.
Tais práticas nocivas se enquadram em: “não assumir responsabilidades, não serem bons exemplos de conduta, porque eles veem que algumas normas se aplicam a cargos inferiores a eles, fazer promessas que não podem cumprir, serem chantagistas emocionais, realizar comando e controle, serem implacáveis com erros e fazer microgerenciamento”, afirma Andréia.
Malu reforça a ideia de ampliar a ferramenta de escuta e a questão de estar sendo um líder tóxico. A Diretora Executiva sempre começava as reuniões falando de esportes, assunto que gosta muito, no entanto se deu conta que criou um ambiente para falar do que ela gostava e não, necessariamente, do que sua equipe gostava. “Tá errado. Preciso criar um ambiente plural”, ressalta.
“Se você cria um ambiente formal, sisudo e hierárquico, as pessoas jamais vão chegar em você. E você não consegue criar um ambiente onde as pessoas se sentem bem, a vontade e felizes”, finaliza Malu.
“Quando falamos sobre liderança não é mais sobre a gente, é olhar para o outro”
Ao contrário do líder tóxico, a liderança empática é aquela que produz mais resultados. A empatia já é considerada uma das dez tendências corporativas mais relevantes para os próximos anos, de acordo um relatório da Page Executive.
“O líder empático seria a pessoa que cria as condições de respeito mútuo, transparência, diálogo, segurança psicológica, que consegue reconhecer e reverter situações nocivas”, afirma Andréia. Ainda segundo ela, o líder empático é aquele que reflete sobre sua liderança e ações.
“Quando a gente pensa em um líder tóxico remetemos isso a extremos. Uma liderança assediadora, mal intencionada. E, às vezes, a situação é muito mais sutil. É fazendo essa reflexão de qual é o impacto que a gente causa no outro. É uma reflexão bastante individual: se eu estou ou eu sou líder tóxico?”, diz Sheila.
Autoanálise diária
Para Malu a reflexão e autoanálise devem ser constantes e não se restringir a finais de anos, por exemplo. “Temos que nos readequar o tempo inteiro. A gente precisa entender o que é importante para o outro. Faça para o outro o que o outro gostaria que fizessem com ele, porque não é mais sobre nós. Quando falamos sobre liderança não é mais sobre a gente, é olhar para o outro”.
Segundo Andréia, as estratégias para deixar de ser um líder tóxico são a transparência, a questão de dividir as tarefas e compreender que no trabalho não existe somente o profissional, mas sim uma pessoa por trás. “Buscar entender como cada pessoa contribui. É entender as histórias das pessoas, interesses, habilidades, personalidades e pontos de vista. Entender o ser humano como integral de fato”. Além disso, outra estratégia é realizar uma autoavaliação. “É ver o problema como convite ao aprendizado e ao crescimento. É uma autoanálise do dia a dia”.
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