É sabido que a máquina propulsora de qualquer organização é o lucro. É ele que torna possível às empresas a divisão dos resultados positivos com seus funcionários, e em alguns casos acionistas, e a criação de novas fontes de riqueza. Quando bem empregados, esses recursos proporcionam a implantação de novas formas de atrair e reter talentos, impulsionando a competitividade e desenvolvendo novas tecnologias. Dentro dessa competitividade surgem consumidores vorazes por produtos cada vez mais inovadores. E, por isso, há algum tempo as grandes organizações veem (re)descobrindo novas maneiras de criar ofertas atrativas para seus clientes. A consequência mais lógica é o aumento da procura, gerando mais lucro real à empresa.
E quem seriam os responsáveis por esses resultados positivos? As pessoas. Para o psicólogo Wellington Maciel, especialista em gestão de negócios e diretor da Coca Cola Norsa (Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte e Piauí), as áreas orientadas para a gestão de pessoas são os pontos estratégicos e pensantes das empresas. Segundo ele, as estatísticas comprovam que as organizações que mais crescem no Brasil são as que têm um modelo de gestão moderno, orientado para a motivação e instrumentalizado pelo RH. E isso não é diferente no Nordeste. “Hoje, o RH tem função estratégica no envolvimento dos funcionários com valores, metas e oportunidades de negócios, além de ser fundamental para o aumento do lucro das organizações. Isso quer dizer que a lucratividade delas se deve, em grande parte, às ferramentas disponíveis e aos programas de gestão oferecidos aos líderes e empregados que estejam alinhados aos resultados esperados e às necessidades das pessoas que estão envolvidas no dia a dia da empresa”, diz Maciel.
Para ele, a antiga concepção que se tinha do RH (que seria o responsável somente por questões burocráticas e outras demandas que pouco agregavam ao negócio) caiu por terra – e há um bom tempo. “Se não existir um ambiente no qual as pessoas se sintam motivadas a superar desafios e sejam reconhecidas e valorizadas, o risco de boas empresas serem extintas do mapa aumenta consideravelmente”, alerta Maciel. “Ou seja, gestão de pessoas e estratégia de negócios são indissociáveis e geram lucro.” O que se percebe é que o Nordeste segue a mesma linha das outras regiões do Brasil, com forte preocupação com o capital humano. E não é preciso usar o bom senso para perceber isso. De acordo com uma pesquisa da Deloitte, feita recentemente, as empresas situadas nessa região do país são as que destinam maior fatia do faturamento para treinamento dos trabalhadores, têm melhorado a política de benefícios, concedido reajustes acima da inflação e possuem programa de participação nos resultados. O estudo – que sempre foi feito junto a empresas das regiões Sul e Sudeste e, pela primeira vez, ouviu organizações no Nordeste – revela que a média de investimentos em treinamento e desenvolvimento de pessoal sobre o faturamento líquido é de 3,84% no Nordeste, contra 0,69% nas regiões Sul e Sudeste. “São dados positivos que mostram o interesse das empresas em investir no desenvolvimento dos profissionais como estratégia competitiva no alcance dos seus resultados”, afirma a diretora de consultoria empresarial que coordenou a pesquisa, Larissa Araújo. Por outro lado, o levantamento apontou algumas convergências entre as regiões, como a diferença entre salários, que pode chegar a 38%.
Para reverter esse quadro, a pesquisa mostra que 50% das empresas esperam implantar um novo modelo ou, ainda, rever o atual sistema de remuneração, além de revisar e/ou melhorar o modelo de gestão das pessoas, opinião compartilhada por 45% das empresas. E o mesmo percentual (45%) acredita ser necessário melhorar a capacitação da mão de obra com ações de T&D. O estudo da Deloitte revela, ainda, que 70% das organizações estão focando seus investimentos em recursos humanos. Outros 55% indicaram crescimento orçamentário para o setor nos próximos dois anos, centralizados em desenvolvimento (59%), remuneração (46%) e comunicação interna (38%). Em outras palavras, esses dados reforçam duas tendências, em nível nacional: a revisão do modelo de gestão de pessoas e a capacitação dos profissionais.
Apesar de concentrar seus esforços na área de remuneração, as empresas nordestinas seguem o rumo do mercado nacional e, como lembra a consultora e coach Áurea Castilho, é possível perceber como o desenvolvimento profissional se apresentam numa organização. “Entre os funcionários de cargos intermediários, aumenta a procura por cursos de especialização e pós-graduação, mas entre a diretoria poucos investem na qualificação”, analisa. Áurea conta que, infelizmente, ainda existem executivos que não sabem nem o significado da palavra coaching. “Falta entendimento entre os diferentes setores de uma mesma empresa, pois cada um tem de ser analisado de forma diferenciada.”
Áurea Castilho e Wellington Maciel estarão presentes no XII Congresso Nordestino de Recursos Humanos (CONORH), que acontece de 18 a 20 de maio, no Centro Cultural de Maceió, em Maceió, (AL), com o tema Nordeste: uma trajetória de sucesso em gestão de pessoas. Áurea fará a palestra A cultura do Nordeste e a gestão de pessoas e Maciel apresentará o case da Coca Cola Trabalhar estrategicamente numa cultura nordestina, é possível?