Uma pesquisa divulgada pelo Ibope em 2011 mostrou que um em cada quatro brasileiros acima de 16 anos já realiza algum tipo de trabalho voluntário, e nessa parcela encontram-se os que desenvolvem essas atividades em parceria com as empresas em que trabalham. Boa parte das organizações desenvolve ações voltadas para a formação e profissionalização de pessoas carentes com o objetivo de incentivar o trabalho em equipe, solidariedade e promover a cidadania àqueles que mais necessitam – e algumas dessas ações fizeram parte do guia de cases produzido pelo Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE).
Entre os cases levantados pela CBVE está o trabalho realizado pela PwC. Uma das principais ações da consultoria nos programas de voluntariado empresarial é o incentivo dos seus colaboradores na participação dos projetos de voluntariado, e isso acontece desde o momento em que eles entram na organização. “Todo novo profissional ao entrar na PwC conhece as ações já realizadas e são convidados a fazer parte. Alguns deles participam ainda de um team building social, iniciativa que os deixa ainda mais propensos em ajudar. Na integração são compartilhados os resultados alcançados até o momento dentre os quais: 88% dos jovens que vivenciaram o programa de mentorias reconhecem que a experiência auxiliou sua entrada no mercado de trabalho e 70% dos alunos do Miniempresa passaram a ter mais vontade de estudar para alcançar seus objetivos. Adicionalmente, são realizadas campanhas de sensibilização periódicas e um evento anual de reconhecimento dos voluntários” relata Patrícia Loyola, gerente da PwC Brasil e especialista em Responsabilidade Corporativa (RC).
No ano de 2013 a empresa contou com 794 voluntários (considerando familiares e amigos dos colaboradores) que dedicaram 8.634 horas aos programas apoiados pela PwC. A empresa foca suas ações em transmitir conhecimento por meio dessa iniciativa. “Nossos profissionais são incentivados a compartilhar suas habilidades ensinando jovens entre 15 e 18 anos. Por meio de parcerias sociais com a United Way e Junior Achievement possuímos um portfólio de mais de 10 cursos que podem ser aplicados em nossos centros de treinamento pelo Brasil, ou em sala de aula nas escolas e organizações parceiras”, comenta Patrícia.
Já o Itaú desenvolve um programa de voluntariado a partir de uma parceria entre a Fundação Itaú Social e a área de Pessoas do Itaú Unibanco, intitulado de “Transformação Trainees”, que consiste em uma ação voluntária planejada e coordenada pelos próprios trainees com o suporte da Fundação Itaú Social. O programa é desenvolvido desde 2010 e tem como objetivo sensibilizar o grupo para as causas sociais, desenvolvendo-os e incentivando-os para novas competências. De acordo com Claudia Sintoni, coordenadora de Mobilização Social da Fundação Itaú Social, a ação já contou com a participação de mais de 230 trainees, beneficiando crianças, adolescentes e adultos de comunidades e organizações sociais da Grande São Paulo. “Para realizar a ação, os trainees passaram por várias experiências que começam com uma palestra de sensibilização. Posteriormente, escolhem a ONG a ser beneficiada, efetuam o planejamento, a captação de recursos e a execução do plano de trabalho. Um grupo assume a coordenação da atividade e outros participantes atuam no dia de realizar a ação. Isso mobiliza os colaboradores do Itaú para o engajamento qualificado em voluntariado e ações sociais que busquem contribuir para a garantia dos direitos da criança e do adolescente, entre eles educação de qualidade, é um dos eixos de atuação da Fundação Itaú Social.”
Voluntariado no desenvolvimento de líderes e novas competências
Além dos benefícios trazidos aos atendidos pelos projetos, a realização das atividades propostas dentro do voluntariado empresarial desenvolve novas competências e fomenta a descoberta de novos líderes. Para Claudia, o principal benefício apontado pelos participantes é a própria ação voluntária. “Além disso, a participação desenvolve competências, pois proporciona conhecimentos novos, atividades enriquecedoras e contato com ferramentas que não fazem parte do dia a dia dos voluntários. Nesse sentido, o ‘Transformação Trainees’ contribui no desenvolvimento de competências como negociação eficaz, construção de parcerias, gestão de soluções inovadoras, postura analítica e gestão da mudança.”
Já a PwC acredita que a atuação como voluntário viabiliza a convivência e integração entre pessoas de diferentes áreas e escritórios. “Há diversos casos de profissionais que foram transferidos para outros escritórios e passaram a tocar ou compor os comitês de RC em suas novas localidades. Por sermos parte de um network global de firmas, discutimos a gestão do programa de voluntariado e trocamos boas práticas com países como Estados Unidos e Canadá. Desse compartilhamento, surgiram oportunidades de voluntariado internacional”, explica Patrícia.
E é por meio dessas experiências que a liderança aparece de maneira natural e a área de RC presta suporte técnico aos profissionais, para garantir que a ação seja realizada com qualidade, com foco no impacto social planejado e alinhada à estratégia de engajamento comunitário da PwC. “A área de Responsabilidade Corporativa existe há 13 anos e durante esse período, presenciamos líderes de projetos que começaram como assistentes ou trainees e hoje são gerentes e jovens egressos dos cursos que, após entrarem na PwC, tornaram-se voluntários das aulas em que um dia foram alunos”, completa a executiva da PwC.