Parceria com o mercado de TI garante aprendizagem, das práticas corporativas |
Um embate sela há anos o destino da educação profissional no país. De um lado estão os empresários que afirmam que as instituições de ensino não preparam os profissionais para o mercado de trabalho. Do outro, as entidades de educação que alegam que a queixa não procede. E quem sai perdendo nessa briga é toda a comunidade com alunos e docentes desestimulados. Mas que tal juntar as duas vertentes e moldar uma nova didática? Essa foi a estratégia usada pela faculdade de tecnologia BandTec, do Grupo Bandeirantes de Educação.
De acordo com o diretor Eduardo Tambor, antes de montar a grade dos cursos, o corpo diretivo da faculdade procurou entender quais eram as necessidades do mercado e de que forma a instituição poderia ajudar a fortalecê-los. Desses diálogos surgiram três pontos que norteiam as aulas da BandTec: 1. Oferta de tecnologia de ponta nas salas de aula, nos laboratórios e nos espaços de aprendizagem. 2. Escritório de projetos — um conjunto de disciplinas orientadas ao desafio da construção de soluções de TI para o mercado. 3. Aulas de inglês — a instituição inseriu 200 horas-aula para suprir a principal necessidade apontada pelas corporações do segmento de TI.
A BandTec ainda vive um momento de construção de marca e reputação — suas operações tiveram início no ano passado — contudo, alunos e mercado já sinalizam positivamente a essas ações. “Eu escolhi a BandTec pois ela tem esse viés de focar os estudos para o mercado de trabalho”, diz a aluna Anna Carolina do Valle do terceiro semestre do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas.
Reconhecimento
Anna sabe que não há tempo a perder. A estudante já é uma profissional formada e mestre em ciências biológicas. Não contente com a profissão resolveu investir numa segunda formação. “Eu não estava feliz com que eu estava fazendo, então resolvi procurar outra coisa. Como era a segunda [tentativa], eu queria ser bem assertiva; foquei uma faculdade que olhasse do que o mercado precisa para garantir uma boa formação e uma boa colocação.”
E o mercado reconhece os esforços dos alunos, professores e da instituição. Segundo o Dr. Leo Burd, pesquisador do MIT, o mundo corporativo precisava de uma instituição que conversasse com ele e a BandTec veio preencher esse espaço. “É muito bom saber que temos uma instituição que forma os alunos em temas como controle estratégico, trabalho em equipe, tendências do mercado, criatividade, empreendedorismo, etc., desenvolvendo assim, alunos ativos e preparados para o futuro.”
Estimular a aprendizagem
Para o diretor da BandTec, o relacionamento com as empresas e com os atores produtivos do mercado de TI tem sido uma tônica de alta gestão. “No geral as reações são muito animadoras, na medida em que validam e homologam nossas premissas levando-nos a aprofundar a aposta nesse novo modelo”, sugere Tambor.
A proximidade com o mercado de trabalho também contextualiza o aprendizado, tornando-o mais estimulante. “Essa descoberta motiva, instiga e justifica o esforço do aprendizado”, sublinha o professor Maurício Pimentel. Com isso, a velha pergunta do aluno — “Por que eu devo aprender isso?” — ficou para trás e foi substituída por indagações mais pertinentes ao dia a dia do profissional.
Uma pesquisa de clima com os estudantes realizada pela instituição mostra que a BandTec está no caminho certo. Aproximadamente 41% dos respondentes afirmam reconhecer forte equivalência entre o que estudam e o que usam no trabalho, e outros 21% dizem reconhecer que o que veem e experimentam na BandTec está à frente dos desafios, tecnologias e nível de atualização que vivem nas empresas em que trabalham. “A possibilidade de um aluno nosso poder propor melhorias no ambiente de trabalho dele o diferencia, valoriza e motiva ainda mais a continuar estudando”, conta Pimentel.
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Programa H
Para o aluno entender as diferenças dos desafios traçados na vida estudantil e na profissional a BandTec deu mais um passo ao criar o Programa H. “Trabalhamos com valores humanos num ambiente de ensino altamente tecnológico”, define a proposta do programa o psicólogo e coordenador Luiz Claudio Bido. Para ele, nesse ambiente, alunos, professores e comunidade, mais do que teorias ou treinamentos, sentem que esse espaço permite o encontro, a experimentação e a reflexão de caminhos para trabalhar com valores humanos.
O coordenador conta que, desde o princípio, a proposta foi construída com a participação do corpo docente. “A proposta promove discussões, encontros e vivências com os professores e coordenadores de curso, de modo a desenvolver também a sensibilidade para os temas trabalhados [em sala de aula]”, explica.
Segundo Bido, os alunos reconhecem que ter um espaço como o Programa H dentro de uma faculdade de tecnologia é uma oportunidade importante e eles sempre procuram aproveitá-la. A menção do coordenador fica ainda mais evidente diante do depoimento da aluna Anna: “o programa ajuda a gente a prestar atenção para informações que ajudam a gente não só no trabalho, mas na vida pessoal. As dinâmicas, os trabalhos em grupo nos ajudam a entender como lidar com pessoas no ambiente corporativo”.
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“Eles não só compreenderam a importância do Programa H na questão do autoconhecimento e da autogestão de suas carreiras, como levaram essa experiência para suas empresas, procurando aplicar o conhecimento trabalhado em seu dia a dia profissional, em reuniões e projetos”, explica Bido. E não são apenas os alunos que levam adiante as contribuições do Programa H: o corpo docente, formado por profissionais atuantes no mercado de TI, também está usando as práticas da proposta na sala de aula. “Pouco a pouco, o conhecimento gerado no grupo foi sendo incorporado às aulas, seja na melhoria do relacionamento entre professor e aluno, seja pelas técnicas de gerenciamento de grupos que o corpo docente pode utilizar”, diz.