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Gestão de pessoas: a urgência de treinamentos antirracistas para lideranças

Haroldo Nascimento, CBO da Diaspora.Black, reflete sobre a importância estratégica de formar lideranças preparadas para enfrentar o racismo estrutural dentro das empresas

de Haroldo Nascimento em 29 de maio de 2025
treinamentos antirracistas Foto: Reprodução/drobotdean/Freepik

O avanço das discussões sobre diversidade e inclusão nas empresas tem revelado um ponto central: o papel da liderança é decisivo para a construção de culturas organizacionais mais justas e eficazes. Em especial, a formação de líderes para atuação antirracista não pode mais ser tratada como um diferencial. Trata-se de uma necessidade estrutural para organizações que desejam prosperar de forma sustentável.

Pesquisas de clima organizacional apontam que ambientes percebidos como inclusivos e justos geram menor rotatividade. Isso não acontece por acaso. O sentimento de pertencimento, quando nutrido, cria vínculos reais entre colaborador e empresa. Em contrapartida, líderes que não estão preparados para lidar com questões de diversidade acabam perpetuando microagressões, reforçando vieses e ignorando dores específicas de seus liderados. O resultado é a exclusão emocional, que alimenta uma cultura de desconfiança e leva a pedidos de desligamento voluntário cada vez mais frequentes, um fenômeno que afeta diretamente os indicadores de performance e a competitividade das empresas.

No entanto, ainda é comum ver gestores despreparados para lidar com a complexidade das relações raciais no ambiente de trabalho. Falta formação, repertório e, muitas vezes, disposição para reconhecer privilégios e rever práticas. Essa lacuna tem efeitos práticos: exclusão emocional, desmotivação, retração de talentos e o aumento dos desligamentos voluntários. O resultado é um prejuízo direto à performance da equipe e ao valor da marca empregadora.

Diversidade e inclusão na prática

Treinamentos antirracistas para a liderança não são um conteúdo extra, que se faz quando sobra tempo. Eles são parte fundamental da estratégia de pessoas e, portanto, do negócio. Formar lideranças conscientes e capazes de reconhecer seus próprios privilégios e vieses é investir diretamente na cultura organizacional, na reputação da marca e no resultado financeiro da empresa.

É comum escutar de alguns executivos que já possuem políticas de diversidade e inclusão em vigor: “mas nossa empresa já é diversa”. No entanto, ter pessoas negras no quadro de funcionários não significa que a empresa seja inclusiva. Inclusão começa pela liderança e se sustenta pela capacidade dessa liderança em criar um ambiente seguro e equitativo para todos. Sem isso, a diversidade se torna apenas um dado de contratação e não uma vantagem competitiva real.

Reconhecimento e responsabilidade

Não existe transformação sem preparo. A liderança precisa estar apta a reconhecer comportamentos racistas, mesmo os mais sutis, e saber como intervir. Precisa entender os impactos históricos, sociais e emocionais do racismo nas relações interpessoais e profissionais. Precisa, sobretudo, assumir a responsabilidade pelo ambiente que ajuda a construir diariamente. O caminho não é fácil. Não se trata de um check-list nem de um workshop pontual. Estamos falando de um processo contínuo de conscientização, revisão de práticas e mudança de comportamento. É um percurso que exige coragem, compromisso e humildade para reaprender. Mas é exatamente isso que diferencia um líder comum de uma liderança de verdade: a disposição para transformar.

A liderança que deseja resultados consistentes precisa, antes de tudo, reconhecer o valor das pessoas que constroem esses resultados todos os dias. Isso inclui enxergar, valorizar e respeitar as múltiplas identidades que compõem sua equipe. Investir em treinamentos antirracistas não é só uma escolha ética. É uma escolha inteligente para quem quer liderar com propósito, relevância e futuro.

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Haroldo Nascimento

Haroldo Nascimento é Chief Business Officer na Diaspora.Black, uma plataforma inovadora focada em conectar pessoas através da valorização da cultura afro-brasileira. Formado pela Faculdade Zumbi dos Palmares, possui MBA em Negócios de Varejo pela FIA e em Vendas e Negociação pela PUCRS, além de obter mestrado em Administração e Desenvolvimento de Negócios pela Universidade Mackenzie, um dos mais renomados centros acadêmicos do Brasil. Além disso, o C-Level possui experiência global. Ele já participou de intercâmbios acadêmicos e profissionais no México, África do Sul e Estados Unidos.