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IA e gestão de pessoas: como não errar na inovação com inteligência artificial

IA não é uma tendência passageira, mas uma mudança de paradigma que exige adaptação imediata para não ficar para trás

de Tiago Gazzoni Soldá em 30 de abril de 2025
IA1 Foto: gerada por IA

O SXSW 2025 (South by Southwest) foi um banho de realidade sobre o presente e o futuro da IA. Entre previsões disruptivas e debates sobre impactos sociais, uma das palestras mais provocativas que assisti foi How to Not Screw Up AI Innovation, que trouxe uma verdade incontestável: a IA não é uma moda passageira, é uma mudança de paradigma. E quem não entender isso agora, vai pagar o preço mais tarde.

Estamos no momento da locomotiva a vapor

O palestrante Ian Beacraft fez uma analogia brilhante: imagine um operário da construção em 1827 que, de repente, se depara com a primeira escavadeira mecânica. O pânico seria inevitável: “Como competir com essa máquina? Meu trabalho acabou”. Mas, com o tempo, a tecnologia não extinguiu a profissão, apenas a transformou. Os trabalhadores passaram a operar as máquinas e a construção civil explodiu em escala e complexidade.

Estamos vivendo o mesmo momento agora, só que no campo cognitivo. Em vez de escavadeiras e locomotivas, temos IA generativa, modelos preditivos e assistentes virtuais cada vez mais sofisticados. E a história nos mostra que quem aprende a usar as novas ferramentas primeiro não apenas sobrevive – prospera.

Habilidades têm prazo de validade

Um aspecto essencial desse novo cenário é o fenômeno do valor divergente do conhecimento. Com a IA automatizando e democratizando informações, o valor do conhecimento comum está caindo drasticamente – o que antes exigia anos de aprendizado hoje pode ser resolvido com um simples comando para um modelo de IA. No entanto, o conhecimento proprietário, aquele que envolve expertise específica, visão estratégica e diferenciação competitiva, está se tornando cada vez mais valioso.

Empresas que simplesmente dependem de conhecimento genérico fornecido por IA correm o risco de se tornarem commodities. Por outro lado, aquelas que conseguem transformar esse conhecimento em ativos proprietários – seja por meio de dados exclusivos, metodologias próprias ou inteligência aplicada aos seus processos – ganharão uma vantagem competitiva significativa.

Esse movimento acelera a velocidade com que as habilidades se tornam obsoletas. No século passado, você aprendia uma profissão e trabalhava com ela por 30 anos. Hoje, habilidades técnicas têm uma validade média de 2,5 anos. E essa curva está ficando ainda mais curta.

A pergunta é: como sua empresa está se preparando para esse mundo? Depender apenas de treinamentos pontuais ou da aquisição de talentos não será suficiente. É preciso integrar IA nos processos para garantir que a equipe possa aprender, adaptar-se e maximizar sua produtividade continuamente.

A falsa dicotomia entre humanos e IA

Um erro comum é tratar a IA como um jogo de soma zero: ou ela faz o trabalho ou os humanos fazem. Na verdade, o real impacto está na colaboração entre humanos e inteligência artificial.

Essa perspectiva foi reforçada na palestra AI Agents and the Future of Human Collaboration, apresentada por Hannah Elsakr, Head of New Business da Firefly (Adobe), e Nikole Lamoreaux, CHR da IBM. Elas destacaram que a IA não está aqui para substituir o talento humano, mas sim para potencializá-lo. Em vez de temer a automação, as empresas devem focar em como as novas tecnologias podem ser integradas de forma estratégica aos fluxos de trabalho, otimizando processos e liberando as equipes para atividades mais estratégicas e criativas.

Para entender a profundidade do impacto na produtividade, é importante entender a diferença entre assistentes de IA e agentes de IA. Enquanto assistentes respondem a comandos diretos, os agentes são capazes de orquestrar tarefas complexas e antecipar necessidades, permitindo um nível de personalização e automação sem precedentes. No contexto corporativo, isso significa menos tempo gasto em tarefas operacionais e mais foco na inovação e na criação de valor real. Na sala em que estávamos, com cerca de quinhentas pessoas, 40% já faziam uso de agentes de IA, em uma pesquisa rápida.

Dubai é um testemunho vivo de como a tecnologia pode impulsionar transformações radicais. Antes um pequeno porto no deserto, a cidade se reinventou como um dos centros urbanos mais impressionantes do mundo. Esse salto não aconteceu substituindo trabalhadores por máquinas, mas sim ao integrar tecnologia de forma estratégica, permitindo a realização do que antes parecia impossível. Esse é o verdadeiro papel da IA: potencializar a capacidade humana e redefinir os limites do que pode ser construído.

Empresas que entenderem essa dinâmica agora terão uma vantagem descomunal. Hoje, poucas empresas estão efetivamente integrando IA de forma estruturada – o que significa que quem fizer isso agora se destacará. Em um futuro próximo, no entanto, não ter IA nos processos significará estar em profunda desvantagem competitiva.

O que fazer agora?

A IA não é apenas mais uma tecnologia, mas sim um motor de transformação. As empresas precisam agir agora para evitar a paralisia quando a adoção se tornar obrigatória. O momento de agir é agora. O tempo dos pioneiros é curto e a história sempre recompensa aqueles que aprendem a operar as “escavadeiras cognitivas” antes dos concorrentes.

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Tiago Gazzoni Soldá

Chief Operations Officer (COO) da Zallpy Digital